quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

A Ema IV: Neste Olhar

Enleados somos o composto deste prado,
Pincel também que rascunha nosso recreio,
Somente eu e vós, num hino idílico cantado,
Partilhando o toque do mesmo devaneio;

Por vós amada, das estrelas colhi um buquê,
Para um dia rever esse estelar semblante,
Em mim, sem razão, sem ideia de seu porquê,
Pois sois a quimera do amanhecer distante;

O cândido espreitando na periferia do espelho,
Com o único toque, com a eterna fragrância,
Perante essa ideia sob a boreal me ajoelho,

Tragando para mim das amadas a beleza,
Sorvendo de Ema a partilhada radiância,
E revendo meu olhar, nessa vossa lindeza.

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

O Palpitar: Do Um em sua Porção

E no ténue palpitar de um meio de coração,
A pertença na crença do alcance do Sonho,
Simples, a criança do Elísio em recordação,
Com luz e água torna-se o arco-íris risonho,

E esvoaçamos entre as mais formosas estrelas,
Com novas cores para repintar estes contos,
O passageiro atento por trilho de aguarelas,
Cada um, reflexo do Um em infindos pontos;

Irmãos, dentro destas pegadas há vento,
Preenchidas a passos pelo uno viandante,
Seguindo no próprio andar, o claro intento,

No trilho do caminho, pelo trilho da viagem,
Entre o início e o fim o intervalo é um instante,
No trilho por labirintos cruzados nesta miragem.

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

O Latejar: De Um Meio de Coração

O vosso olhar, minha formosa amada,
Trago-o no tremeluzir cipreste do meu,
Vão-se segundos e cativo nessa balada,
Olvido o horizonte para além do céu,

Cessam as cores e vai-se o fulgor ocular,
De quando o para sempre nunca mais é,
A luzência do sol cede espaço ao lunar,
Esmorece o ânimo e extingue-se-me a fé;

Amor, já não somos Amor, real e ofegante,
Já não somos um mundo, um beijo, um ser,
Já não somos a constelação mais brilhante,

Porém nossa melodia naquela nossa canção,
Ainda a ouço tão próxima neste meio viver,
Por cada latejar... deste um meio de coração.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

As Pegadas Pt. II: Rumo ao Horizonte

Contudo apressado, por pisadas passadas,
A sobressair do brilho no refulgir do baço,
Sempre e para sempre… em ondas levadas,
Rumo a cenários perfeitos de nítido traço;

Íamos esperando, intercalados pela acalmia,
Por prenúncios para o começo, o principio,
Pelo Ósculo de Deus e sua revinda soberania,
Retida nos prados do horizonte, no rodopio,

Íamos desconhecendo o ser neste terrestre,
O seu néctar polinizado, somente eu sabia,
Ainda ser o aprendiz que será um dia mestre,

O Mestre sem dogma, o amante sem amada,
Que numa pedra de marca d’água ainda via,
A poeira do vento deixado de sua caminhada.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

O Sono: Através dos Olhos de uma Flor de Lótus

Saímos da claridade, submergindo sem luz,
Com o céu, a água e a relva na algibeira,
Do adverso floresciam as pétalas de lótus,
Nas profundezas da azul subcave soalheira;

Descemos degrau a degrau neste esvaecer,
Das pardas serranias amotinadas sossegámos,
As ovelhas inspiravam-nos para o adormecer,
E em breves suspiros ondeados serenámos;

O Tempo por segundos tornou-se inexistente,
Com belas limnátides partilhámos um coração,
Em silêncio, foi-se o ontem, amanhã e presente;

Oh como repousámos meus melífluos amores,
Amparados e retidos no toque da ondulação,
No Sonho, o único lar de todos os sonhadores.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

As Pegadas: Outrora Deixadas

As pegadas que um dia deixei para trás
Trago-as ainda comigo, em quem cá sou,
Os segundos passaram e vieram as manhãs,
Em porções fui o dia e a noite que lá poisou;

Escutei a brisa e ressoei perante os trovões,
Recolhi flores e espinhos para a algibeira,
Fui sentido e senti no passar pelas estações,
Espaço fui no tempo e o tempo nesta poeira

A passagem vertida em copos de papel,
Foi, é e será sempre Amor em vista infinda
Na medida áurea do transcendente anel,

Sou, na busca pela intenção e na sua vinda,
Manifesto o acontecido divino como pincel,
Em pegadas passadas que perduram ainda.

terça-feira, 29 de novembro de 2011

A Queda II: De uma Folha de Outono

A queda de uma folha de Outono é leve,
E sussurra no hoje, ansiando o amanhã,
Uma brisa morna que do nada se eleve,
E a aconchegue nessa viagem para cá;

Esse esvaecer é dos insones domínio,
Aparta sem voz o toque da melancolia,
Até poetas colhem inspiração e fascínio,
Desses airosos rodopios de tenção vadia;

Um soalheiro dia, farás parte das searas,
Serás o retoque de um rosto esverdeado,
Serás o beijo que torna as auroras claras,

Serás Amor! O Amor um dia silenciado…
Das noites que passaram por outras caras,
E de quem tombou, por ter outrora voado.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Viagens: Pelo Berçário das Nebulosas

Nas viagens pelo trilho das nebulosas
Escutamos contos afectos ao berçário,
O princípio do andar entre as formosas
Cuja memória há apenas no imaginário,

Cada bolbo de luz é outra nossa morada,
Do que foi energia e será um dia destinado
Ao entalhe acordado pela matriz abdicada,
Sempre o mesmo, para sempre resfolgado.

Pois o que nos liga e separa é somente ar,
Um pouco molecular num imensurável nada,
Se é nada, deve ser pouco para nos afastar,

Somos os escolhidos pelas altivas estrelas
Por cada Ver reflectido em luz clareada,
Para um dia sermos de vez, irmãos delas.

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Um Dia: Sempre Vem

É certo… um dia sempre vem um dia,
Surgindo do rodopio tácito do mundo,
Algures, para além do caos, há harmonia
Brotando alada na calçada do segundo;

É certo… outro dia sempre virá um dia,
Haja frio ou calor, ele um dia chegará,
Basta escutar e aí nessa subtil melodia
Há o ontem que foi e o raiar do amanhã;

Venham pois nossos sóis e seus luares,
Que imaculados nos toquem na face,
Trazendo do infindo dos seus lugares,

A luz que é nossa para que então trace
Os contornos das constelações dos ares
Em nossas silhuetas num singular enlace.

O Efeito Borboleta: No Ser e na Criação

Quando a cor se combina com a vibração,
As borboletas cujas asas eram em brancor,
Enlevam-se da ideia para a precisa criação,
O aqui muda e a percepção torna-se multicor;

Para colorizar basta ser através do existir,
Esse é o surpreendente plano do Universo,
Sim, basta simplesmente olhar, tocar, sentir,
O resto são letras cedidas no próximo verso;

É a nascente da concepção essa passagem,
Somos nós aqui, os legatários das nebulosas,
Hasteando asteriscos ao longo desta viagem,

De idioma universal em expressões miraculosas,
Venham novas palavras, atentem na mensagem,
Pintando as asas da borboleta em vividas prosas.

domingo, 6 de novembro de 2011

A Queda: De um Floco de Neve

Voluteiam seu silêncio em queda ascendente,
Esvoaçam subindo, da sua terra para a nossa
Pela delicadeza da matéria escrita no afluente
Enquanto um zéfiro cálido o seu rasto acossa,

Milhões de pára-quedas difusos em enredos,
Na vista atenta de Ema delineando o seu trilho,
Que frio se ia permeando por entre seus dedos,
Porém através de suspiros recobrava seu brilho,

Isto passava pelo tempo que nem uma miragem,
E a dúvida questionava a sua própria existência,
Apesar de nos seus olhos perdurar uma imagem:

Até a fé no incondicional amor de pertença à Foz,
É relativa, um nada e nenhum tudo em essência,
Pois para a neve, em boa verdade, o céu somos nós.

domingo, 30 de outubro de 2011

No Interior de Tudo: Luz

A Luz é um pouco de brisa, céu e mar,
Antes e após na substância presente,
Que uma certa vez se resolveu tornar,
Na sublimação do imenso no recipiente,

O mar e a poesia em dia de maresia,
É sim soneto de sol para o caminhante,
Um Ver afortunado que avistou magia,
Na original implosão do luzente instante;

Assim manifesto o Universo em cada latejo,
Somos pois a consequência do inevitável,
Se desejo é matéria, com a alma almejo,

Essa dualidade que versa nas entrelinhas,
A epopeia de Deus no excelso inefável,
Através do contacto com suas adivinhas.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Num Sonho de Coral: Uma Vida Erigida

Num sonho de coral uma vida erigida,
Frágil como porcelana numa despedida,
Neste sereno jardim cinzento,
Sente-se a passagem do vento,
Ouve-se ao longe, o murmúrio da fonte,
Suave como a brisa, que maternal me reconte,
Belas estórias de formosas princesas de lazúli,
Que em imensos contos me beije aqui,
A princesa das princesas, que seja ela,
Aquela que jamais apelide, mas chame de bela,
Assim como o esvoaçar de um dente-de-leão,
Que tenha sempre asas, que voe nesta imaginação;
Retratando desta feita a paisagem em redor,
A beleza a embelezar a beleza do amor.
Então com áureas asas veio o toque do céu,
Num enlevar que não é somente meu,
Pois colocaram-me uma coroa de estrelas,
E nesse retrato tornei-me irmão delas,
Tendo o mundo se revelado num puro sim,
Afirmação e paixão, dessa janela aparecestes assim,
Acenando ao longe com a vossa própria formosura,
Enviei aos céus um ver dessa espontaneidade pura,
Essa beleza que faz tremer o passageiro transeunte,
Pois então que ele se achegue e pergunte,
Qual a medida certa de um abraço,
Qual o nó perfeito para este laço,
Qual o preciso ritmo do palpitar cardíaco,
Aquando de encantada viajata por sonho idílico?
Pois, quão incerta é a proporção certa do sentir,
No que foi ou ainda no que há para vir,
E vós, oh bela e imortal rosa!?
Que do frio e vazio se há tornado piedosa,
Recordai a fortuna de vosso enamorado amante,
Que há caminhado ao vosso lado e adiante,
Vendo novamente as cores de vosso sorriso,
Num suspiro satisfeito, lestas nuvens vêem o piso,
Do caminhante errante, o nobre peregrino,
Procurando o néctar que perfaz o divino,
Retorná-lo-ei em segmentos de brilho,
E no pináculo da viagem, no fim do trilho,
Sorrirei então com o vosso sorriso no meu,
Contar-lhe-ei das odisseias de Orfeu,
Que evocava a esplêndida harmonia,
Mas que sem musa… nem a ele próprio se ouvia.

A Ema III: A Colhedora de Brilho Estelar

Sorrindo a pureza frágil de uma menina,
Que outrora pelas margens errara,
Cantarolando num tom seu, por cima,
Do areal dos rios onde se enamorara,

Um dia, pela bonita abóboda celeste,
Pelas estrelas e pelas suas grinaldas,
Deixado a orla, pelo que hoje a reveste,
Um áureo madrigal estelar de caldas,

Que usa como seu próprio vestido,
Criado pela linha do onírico tecelão,
Oh tão belo, longo, vasto e comprido,

Ágil numa eterna canção, é hoje vê-la,
Sua casa, pode ser apenas um coração,
Mas esse coração, bom… esse é qualquer estrela.

A Ema II: Da Água em Luz

No rasto de poeira estelar há porções dela,
Em ténues e sutis pegadas de seu bailar,
Este sorriso realumia-se tanto ao vê-la,
Nessa dança pelo firmamento a vaguear,

Errante sim, porém sempre constante,
Num retrato cerúleo sempre tão belo,
És a menina do superior, a amante,
Reflectindo no brilho ocular o singelo,

Recolhes flores pelo forasteiro distante,
Trocando um pouco de azul por amarelo,
A água reluz, acordas cores no elísio infante,

Reabres neblinas em suspiros do inaudito véu,
E eu? Eu sou espectador e absorto lá pincelo,
De pés assente na terra e de coração no céu;

O Quarto: 112

O quarto 112 tem uma luz no tecto,
Paredes brancas e um tic tac familiar,
Relembra idos tempos de terno afecto,
Em frágil ode ao ósculo único e singular,

O quarto 112 tem um silêncio só dela,
Que sonhos e sentires permite ao ser,
E noutrora a presença dessa donzela
A mim erguia aos céus, fazia-me crer,

Esse quarto pequeno detém nosso odor,
E em sua história contém prados e relva,
Por expressões de memória é tão tão maior,

Pois mudo recorda seu recital ao mundo,
Em torno e ao redor desta agreste selva,
Que o que foi fica, no passar do segundo.

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Soneto: Às Estrelas

Mirando as belas flores da serra,
Sob um céu estrelado enamorado,
Sempre, e esse sempre em mim erra,
Em negro sonho de porcelana velado,

Num terraço ao altivo estelar aberto,
Uma cadente passou e trouxe almejos,
Eram suspiros partilhados com o incerto,
Em cristalinos e somente nossos lugarejos,

E ora, aqui vem a aprazível Aurora,
De áureos tons e em ténues pisadas,
Sossegando o almejado beijo na hora;

Nessa luz que sejas estas preces dissipadas,
Como suspiros largados ao volátil zéfiro, agora,
Nas idas noites, haveis sido minhas únicas amadas.

Orfeu III – Através de Estrelas Cadentes

Na ausência de prado, flores, céu e estrelas
Vou bradando ululados de agonizante dor,
Separando a Aurora do Crepúsculo por ela,
Pintando nas nuvens lágrimas enquanto for

Sua balada a pulsação partilhada na minha,
Rebelde e insano deambularei pelo mundo
E destas cordas farei uma só e única linha
Na qual seu corpo baixarei ao silêncio profundo;

Que os céus se fechem esta penosa madrugada
E que do sol a luz se atreva a resplandecer jamais,
Sou negro, o silêncio! Minha meia voz está calada,
Tudo o resto é paisagem, é cinzento, é de mais!...

Chorar-vos-ei… sempre através de estrelas cadentes,
Eternamente por vós, para sempre… enamorado,
Outros saberão de nós, tornar-se-ão crentes

E recordarão por milénios a minha, a nossa história,
Num conto de outro qualquer poeta atormentado,
Que perdure e jamais seja apagada de sua memória.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Orfeu II – Prossecução por Dantescas Galerias

Eurídice, minha alma, minha amada,
Indaguei-vos pelas noites e pelos dias,
Havendo sido vós por Hades reclamada,
Iniciei eu jornada por dantescas galerias,

No submundo ressoando a insana lira,
Na barca dos idos, atravessando o rio,
De enxofre, o frémito das sombras em ira,
Havia enfim deixado os domínios do estio,

O cão do Inferno sob esta melodia repousa,
E a flagelação dos condenados aquietada,
No caminho do aventureiro que assim ousa,
Alcançar quem é sua Vida, sua vera amada;

Vendo-vos o semblante, minha noiva de luz,
Empalecida e inerte a princesa de branco,
Neste olhar dormente que a fria neve induz,
Como a pesada cruz do mártir outrora santo,

Sim, resgatar-vos-ei dos confins dos Infernos,
Hei acordado com o negro mestre dos idos
Subamos juntos para longe deste Inverno,
Escutai esta lira, reviver-vos-á os sentidos,

Pela trilha íngreme, enfim o tempo não passa,
Ouço-o no tormento acutilante desta respiração,
Que, à ausência de som, meus interiores trespassa

Degrau a degrau, e ainda o vazio silêncio impera,
Nem vossa voz, nem brilho neste ténue caminhar,
E com nada, esta alma chora, esta alma desespera,

Acolá a entrada, avisto além a luz afinal!
Atrás olhando, e ao vos confirmar, um último…
Suspiro… perco-vos no negrume e como tal…

Um amor por uma memória de um aventesma,
Todo este fôlego não mais do que uma brisa,
No submundo e a canção já não é a mesma,

Olvidarei essa canção, nem Vida, Fado ou Deus!
Cessarão a dor do tormento Infernal desta lira!
Adeus minha alma, meu querido Amor… adeus…

Orfeu I – Das Cordas da Lira

Das cordas desta lira, beldade acontece,
Flores florescem, pássaros param de voar,
Nesta melodia que os efémeros enaltece,
Dourei em pegadas passando terra e mar;

E poesia é tudo o que nesta viagem anseio,
Porém acolá, vi algo mais esbelto do que ela,
Então, senti meu bater sob a forma de chilreio,
E eis que, de joelho dobrado, à bela donzela,

Prometi minha lira, numa única e bela palavra:
“Amor” – que caminhemos juntos pelo infinitivo,
Por tudo quanto for caminho, que o céu se abra,

E sorria inteiro, enfim, por somente um substantivo,
Por vós, a única estrela no firmamento almejada,
E em cada novo suspiro serei vosso eterno cativo.

sábado, 1 de outubro de 2011

A Ema: Uma Canção De Arco-Íris

Canta-me um arco-íris composto de flores,
Escutá-lo-ei do breu de minha azul subcave,
Que contenha as mais belas e vividas cores,
A claridade do Sol com a forma de clave;

Essa oferenda levantará o pó da alvorada,
Sussurra-a neste ouvido em doces semifusas,
Que invitem a esperançar enfim, a chegada,
Ao despertar plenário de minhas belas musas;

Com pó de estrela nestas fendas abertas,
Que sane pois as cicatrizes das cicatrizes
Que envolvam de amor as horas incertas;

Nesse arco-íris construirei minha estrada,
Nota a nota, um acorde de várias matizes,
Sendo o destino afinal, a própria caminhada.

A Clave de Sol: De Um Meio

As vertiginosas melodias dessa curva clave,
Só à minha almejada amada pertencem,
Pois é dela a única voz com a única chave,
Que emana os tons nos quais se sentem,

Macios suspiros em ternas harmonias,
Quase sempre em ritmos apressados,
Esse canto ressoa em primaveris elegias,
E este coração é nessa cantiga cativado;

Espalhando por campos repletos de flores,
O encanto de vossa vista formosa à janela,
Esta íris torna-se maior, capta vívidas cores!
E os braços abrem-se para te tocar oh bela!

És enfermidade, olvidaste meu atento escutar,
E nossas duas estrelas afastaram-se desta mão,
De quando te tinha do desperto até ao acordar,

E sorrio, embriagado no ardor dessa canção,
Que enleva e desalenta ininterruptamente,
Na breve passagem desta frágil estação,

Pretendo ouvi-la sempre, ternamente,
Ecoando afinal entre a razão e a emoção,
E ainda, ainda… ainda a escuto em mente…
No palpitar ténue de um meio de coração.

Crença: A Minha

Acredito nos anjos que rondam o mundo,
No toque e na magia, no beijo de Amor profundo,
Dos poetas, esses profetas da Divina Benção,
Às exuberantes cores das asas das borboletas,
E que como afluentes tendemos para a mesma (sagrada) Reunião
Acredito no poder do sorriso e do simples e impassível aceitar,
De que estamos cá para partilhar não para só dar ou tirar;
E que os sonhos acontecem e que os arco-íris aparecem
Em grinaldas de flores retornadas de singelos amores;
De que quem sente, consegue tocar as estrelas,
E que o engraçado é… é que basta acreditar nelas,
Acredito no romance em beijos ao luar,
Num único, cristalino e puro tocar;
Provindo de belo e cristalino peito,
Enaltece como flores um campo ou um rio um leito.
Acredito no arrebatamento do morro dos vendavais,
Em estórias de encantar e outros contos que tais,
Mas não acredito no Amor,
Sei-o no Aqui existente,
Sendo essa a mais vibrante cor,
A justificação deste presente;
E que as cores do arco-íris,
São para sentir e tactear,
De e em supernovas vestidas,
Provém do Sonho – O Oscular.
Que do ruído vem a suave melodia,
Sendo o ritmo onde esta assenta,
E que várias enlaçadas formam a una harmonia;
Que da única, Divina e Superior Obra,
Revém o grande, o imenso, o Inteiro,
E que de acreditar em tanto, o pouco que sobra,
Ainda é o Universo, em mim! Isso sim… Nisso eu creio.

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Somos Todos Pintores: de Cores e de Almas

Há mais cores além do mais colorido horizonte,
Pois de (briosas) nebulosas é feito este nosso peito,
Que do incomensurável, a sua consagrada fonte,
Revêm estrelas distantes reflectidas no uno perfeito;

E as cadentes aproximando-se lestas do poeta,
Trazem estórias de longínquos pontos cintilantes,
O suficiente para brilharmos ao rever essa oferta,
Com novas cores, do infindo somos o seu amante;

E dentre a luzência e o mais espesso negrume,
Caminham os semblantes da morte e da vida,
E as cores são as da íris da frialdade desse lume

Recaem dos céus tornando a passagem sentida,
Do ontem em diante, todos os dias são mais dias,
Dando cor às cores, sendo ela para a tela vertida.

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

A Passagem: De Cada Segundo Eu

De cada eu o segundo é o outrora,
Passageiro breve de dias numerados,
O refém do transitório na luz da aurora,
Que vem e vai em fragmentos somados;

Diferentes eus o são em cada segundo,
Sendo o mutável seu ininterrupto padrão,
A regra advém do périplo deste mundo,
E sua mestria consiste na sua aceitação;

De dias e de seus momentos no presente,
Somos… deixando o eu ecos pelo trilho,
Sua passagem é tudo menos acidente,

Nessa progressão temos então o filho,
Manifesto original do divino sapiente,
Senti seu calor no fulgir de vosso brilho.

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Um Brinde: Ao Último dos Românticos

Da bruma de um imenso abraço,
Advém o vaguear às luzes citadinas,
Pois sim, à perda desse terno regaço,
A luz restante não transpõe as neblinas;

Um brinde ao último dos românticos!
Ao que perecerá de coração partido,
Ouçam seu inquieto pulsar em cânticos,
Demasiado frágil para aqui ser percebido,

E quanto ao encantamento, à alegria?!
É morro, é chaga, é o mundo a acabar,
Digam-lhe que ela arruína toda a magia,

E a cada novo inalar da terna maresia,
Permuta-se mais um pouco deste ar,
Por um repetido trago de melancolia.

Ode à Poesia: Dos Sonhadores é o Singular Tesoiro

Suspiros inalados ao perfume da maresia,
Algo só do Homem, contudo tão maior,
Revindo o deífico Ósculo da Obra Superior,
Em plumas esvoejando, oh bela magia!...

Essa poesia é a sensação concisa,
Alastrada para além e derramada,
No papel com a subtileza da brisa,
Dos voluteares dos zéfires inalada;

Em gotas estreladas é enfim relida, 
O Ver liquefeito em luzidios besoiros,
Propagando-se à vista e nela retida,

No cerúleo, num baú de capa d’oiro!
Ela… o meu Amor, a chegada e a partida,
Dos alados sonhadores num singular tesoiro.

Ode à Poesia: Do Afluente ao Singular

Poesia, tudo aquilo que queria
Aquilo! Que é mais do que desejo,
É Alma em brasa, pretensão e almejo!
Ao aceno do infindo e numa ave-maria,

O nutriente do tido como Amor,
Em renascimentos de alvoradas
Nas quedas de noites doiradas,
Na mais esbelta e delicada flor,

O Ósculo da abóboda celeste,
Retido na nostalgia do transiente,
E colhido no peito da arte cipreste,

Por vezes, o toque do transcendente,
Sua infindável jornada que o Ver reveste,
Para o Uno, de seu fraccionado afluente.

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Dos Vossos Olhos: Nossas Estrelas, Cada Segundo Eu

Recolhendo do seu berço as estrelas,
Reponho o seu brilho em vosso olhar,
Pincelando a beijo essas frágeis telas,
O Céu sois vós logo esse é o seu lugar,

Fluindo para a Foz em gotas vistosas,
Nossos passos ora cobertos pelo mar,
Outrora deslizavam dentre nebulosas,
De mãos dadas num esbelto singular;

Osculo-vos as palmas e revem a Luz,
Impregnada num suspiro que inspiro.
Levando-o só comigo rumo a Vénus;

Do Aqui para o diante e mais Além,
Será a efluência estelar neste respiro,
De cada novo eu o segundo ainda refém.

De um Único Olhar: Estrelas Nascem

No Céu, o belo refulgir das estrelas
É a reflexão do vosso olhar por elas,
Não seriam nada sem o vosso olhar,
Inscientes ao toque que as faz brilhar;

Somos a condensação da Luzência,
Num mar de éter navegando alados,
Das estrelas vindas para una afluência,
De uma ida queda cadente irradiados;

Que venham pois as cores e suas flores!
Num súbito impulso face ao belo infindo,
Há ainda vislumbres de divinos brancores,

A remota abóboda celeste inda reluzindo,
Guardo pois no peito todos os momentos,
Sendo estes nossos sagrados sacramentos.       

domingo, 4 de setembro de 2011

Ode à Poesia: Essa Ponte Para os Deuses

A poesia é a Luz pelos deuses concedida,
Provinda do firmamento para o papel,
Num afável aceno ou numa despedida,
No deslizar numa tela de um pincel;

Quebra as algemas deste elo humano,
Abrasando o fogo e concretizando do ar,
O Imenso, da Superior Obra soberano,
Dessa efluência emana o simples amar;

Da prodigiosa imaginação semiconsciente,
Que em suas linhas o Infinito se reconte,
Para o transeunte és o excelso presente,

Da visão do poeta errante pelo horizonte,
A Voz de Deus dita em tom eloquente,
Entre o terrestre e o divino, és a ponte.

*Suspiro*: Até já

Suspiro: “Até já, Amor da minha Vida,
Levai o Sol e a sua Luz em vossa algibeira,
Avizinha-se o silêncio da noite forasteira,
E com o derradeiro aceno: a despedida;

Não murmureis Adeus, ver-vos-ei em breve,
Em sonhos e memórias de tempos queridos
Daqui em diante que os levemos vestidos,
Este é o caminho que o Destino transcreve;

Não sintais a minha falta, esse direito é meu,
O sentir que fazia sentido e este era reflectido
De quando ladeando-vos era maior do que eu”;

Pela duração de um suspiro, o outrora será,
Enquanto ecos perdurarem tudo será revivido,
Ansiando a manhã sussurro: "doce Amor, até já".

terça-feira, 30 de agosto de 2011

A Ema: Em Sonhos Aqui

Ela, entre berços nebulares tão leve,
A doce menina concebida num sonho,
Ao seu suave repouso embalava a neve,
Apesar de lá, sentia-se longe eu suponho;

Brilhando, perto das estrelas cadentes,
Recuperava a sua Luz em ramos de flores,
Sendo estas de sua pureza seus expoentes,
Logo tratava-as como seus eternos amores;

E sorria… em Luz, como só ela sabia fazer,
E o firmamento correspondia cintilando,
Em efluências dedicadas ao seu belo ser;

Assim o tempo lá se passeava incerto,
Apesar do eventual sorriso ia suspirando,
E o Sonho era Vida num acordar desperto.

À Passagem: Das Ondas e Dos Dias

Esta passagem, é uma estrofe feita de versos,
Se são grandiosos ou imensamente pequenos,
Somente do autor depende o bom ou o adverso,
São opções semi-presentes, no mais ou no menos;

Passo a passo, vai-se passando a passadeira,
Rumo ao que será, pois o que foi agora já o é,
Uma nota de rodapé desta Vida forasteira,
Outra onda esvaecendo no repontar da maré.

Nesse espraiado, há espaço para nova areia,
Grão a grão preenchendo do perau ao molhe,
Essa passagem nessa praia assim se laureia;

Revindo o Mar que um dia o areal recolhe,
Imparcial quanto a quem, a Noite se floreia,
No envolver poético do Sol que todos acolhe.

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Por Uma Recordação Amorosa: Que Seja Eterna

O teu venéreo rosto, trago-o na palma da mão,
Trago-o e reconheço-o como uma parte minha,
Pois é manhã, é Agosto, é o início da monção;
Trago-o a rememoro-o como outrora o tinha;

Em lábios retocados vindos de doces sufrágios,
O Mundo é pouco comparado com o teu abraço,
No calor frio do que trouxe do deserto e do rios,
Esse sorriso é Sol que separa o tempo do espaço;

Inspira-me nesta balada com esse envolver silfídico,
Esqueço até o mais importante: as estrelas cadentes,
Pois és a minha Amada logo da Luz e da Água abdico;

Então sê… sê o meu Paraíso, e todo o meu Inferno,
Tudo na Terra, meu Céu e Sol, a parceira confidente,
Sê todo o meu tudo… e todo o meu nada: o meu eterno…

O Rascunho de Uma Vida: *Plim*!

Ao rascunhar um quadro, espero vera beleza
Onde o verde seja beijado pelo azul marítimo
E de cima o Céu sorria ao mundo em subtileza,
O artificial raramente tem cores, isso é legítimo;

E às pessoas apressadas e esquecidas de si incito
Para quê perpetuar o cinzento? Isso há em demasia,
É preciso ousar no sonho e recriar para além do finito,
Esse resto  é cor, é movimento, tem toques de real magia;

Há que saber andar mas por vezes  esvoaçar é tão bom,
Não teme o fim, aquele que sobressai e voa em voos assim,
Reaviva a Alma e sobeja a calma, revive o ritmo do coração!

Tenham-no como a Divina Bênção, nesse sorrir encantado,
A Vida é tudo o que acontece, é o credo, o fantástico, o *plim*!
É mesmo simples, tão simples que por vezes parece complicado.

Aos Sonhadores: A Recriação do Ósculo Infindo

Aos sonhadores que do Além recriam,
Suas visões doiradas neste plano finito,
Sois o divino realizado e seu imenso grito,
Por cada nova criação o Ósculo enviam;

Glorificais o eterno em vosso suave canto,
Nesse sentir o Cosmos transposto e imbuído,
À doçura do Amor concedeis o maior sentido,
Versejando, reflectis a Vida e o Além portanto;

Sóis párias e mártires da Inteira e Superior Obra,
Pintores que repintam o que houver para pintar,
Os enviados dos Deuses, do amanhã e doutrora;

Na incerteza da certeza abris as Asas aladas,
Beijando as Estrelas, esvoaçando alto no Sonhar,
E assim reavendo o Cosmos em linhas encantadas.

sábado, 27 de agosto de 2011

À Alvorada: Das Noites Infindas

Oh esbelta alvorada como clareias o dia,
De teus luminosos dedos a bruma foge,
Envolta em teus braços começas o hoje,
E em tua ternura vislumbro vera magia;

Quantas vezes adormeci em teu recosto,
De noites infindas e passageiras silhuetas,
Afastas o som das temerosas ampulhetas,
Ofereces brilho e amor ao avistar do rosto,

Renasces o Sol e no seu suave auriluzir,
Todos beijas e reconfortas nesse ardume,
De olhar atencioso em constante refulgir,

No sorriso amigo e de imparcial carinho,
Maravilhas o mundo com o teu perfume,
E sacias e secas, como a água com vinho.

Aos Sonetos: E ao Nosso Renascimento ao Lê-los

Aos sonetos da brisa de todo o mundo,
Que por cores e suspiros são inspirados,
Advindos de poetas de amor profundo,
E passeios por leitosos luares alumiados;

Que exalem beleza no pleno do esplendor,
Pelo louco improvável e tal como o belo,
Inspirem maravilha, que saibam a amor,
E que o comum revertam em singelo;

Quebrem as fronteiras entre o Homem,
Abatam imperecíveis mitos e tabus,
Que do e ao céu luz cerúlea retornem,

Para além do horizonte e do firmamento,
Seu toque alvo no infinito sempre sobreluz,
Com as manhãs em honroso renascimento.

Por Ti: *.*

Num sonho acordado fomos o grandioso,
Detive o paladar da brisa e na sua elegia,
O semblante mais venéreo, mais formoso,
Pois no real o que nos unia… era só magia;

Tropecei em tuas pegadas essas doces ciladas,
Que eu próprio armei porém, ainda perduram,
Despertado pela fragrância das noites caladas,
E em pequenos fragmentos que se aventuram,

Entre nós, apenas distância e frases inacabadas,
Que o tempo um dia levará para o doce olvido,
Beijo as estrelas no tecto do quarto aqui restadas,

Graças a Deus, outrora brilharam dentre o brumal,
Ainda restam em pulsares mais ténues ao meu ouvido,
Era então capaz de ter sido tudo, tudo!… Até normal.

domingo, 7 de agosto de 2011

Em Sonhos Aqui: O Cerúleo, num Baú D'oiro

Tenho sonhos num baú d’oiro
Porém nenhum é somente meu,
Em meu ver é o nosso vero tesoiro,
As asas brancas que beijam o céu;

Esse céu é maior do que nós,
É a centelha, divina e palpitante,
Sendo as asas afluentes dessa foz,
Torna-se em perto o antes distante;

Voemos alados no passar dos dias,
Pois há vera magia no céu a sonhar,
Na mais bela das esbeltas melodias,

Aquela do singular e puro oscular,
O brinde à magia nas horas tardias,
À sua cerúlea cor e ao límpido amar.

Amador de Ondas e Marés: Em Sonhos Aqui

Havia mar e um cativado almejo,
Dimanando fluidos dessas colinas,
De quando um sopro soava a beijo,
E o infindável se revertia em rimas;

Do simples vêm os amores-perfeitos,
O belo, apesar do passageiro que o é,
Em meu abraço um rio de dois leitos,
Enleando-se subtis ao toque da maré;

Seu olhar, toda minha Vida em Poesia,
Envolta no único e indelével perfume,
Ainda o tomo pelo aroma da maresia;

Em boas-vindas às brisas ainda por vir,
Embalando cada onda e o seu ardume,
Sempre e só como amador hei-de existir.

quinta-feira, 28 de julho de 2011

De Dedos Esticados: As Flores Douradas de Ema

Aberto, de braços e dedos esticados,
Todos os benditos dias são uma bênção,
No sorriso do sol são os contrários ofuscados,
E a partilha é sempre de Amor nesta aceitação;

Amanhecendo eu na refulgente visão Solar,
Cheia de estórias e sonhos de sonhos estelares,
E ao Vê-lo, sou o simples eu no aqui a acordar,
A sorrir a Ema, a menina das estrelas aureolares,

Aquela cuja beleza estremecia o próprio Sonhar,
Dela então fluía o caminho pelo berço nebuloso,
Nossas mãos sendo apenas uma num só entregar,

Do Todo ao Aqui, o Agora é nosso e os seus alvores,
Num beijo ao céu de um só ímpeto tão e tão glorioso,
Recolhendo-as, essas áureas flores de eternos amores.

terça-feira, 19 de julho de 2011

A Nós Venha a Una Voz: O Resto de Poeiras Estelares

As galáxias, os pontos do céu e os cometas:
Sou eu, a marca de água do transcendente:
Em mim é, nas estrelas e suas nobres silhuetas:
O Um é nós e nós afluentes do pleno remetente;

Um ósculo por um trago de verdadeira beleza!
Da fonte superior, a inspiradora do estro poético,
Toquei todas as estrelas em mim em mor subtileza,
Num ponto comum a união tendo o ardor profético,

Do ósculo integral cosmológico ainda por surgir,
De eons idos, à distancia de um microssegundo,
O Filho e Pai, do que há passado ou ainda por vir;

É tudo em mim e tudo em vós, declama a Una voz!
Neste humilde e passageiro sentir que gira o mundo,
Das supernovas provimos logo jamais estaremos sós.

De Sóis Idos e Vindouros É: O Mais Esbelto Ver‏

O Ver é um ornato encantado,
Um cantinho especial de poesia,
No ido mas sobretudo no achado,
Na concretização através de magia;

Acolhendo no peito os momentos,
As vitórias, as derrotas e os empates,
Estes tornam-se em sacros sacramentos,
O legado solar e seus sequentes resgates;

Logo frente a esta paisagem sou o uno,
Da divina evolução o leal cancioneiro,
O escutar deste murmúrio define o aluno,

Que é do simples e do seu simples primor,
O timbre que enleva para o mais inteiro,
De Sóis idos e vindouros é sim, o único Amor;

Um Poema para Nós, Bonecos de Papel: Um Beijo Por Um Trago de Beleza

A menina ia esboçando rasgos de papéis,
Por poesias concisas e olhares cintilantes:
O abraço, do Céu ao Sol seus parceiros fieis,
Albergados e imbuídos em traços brilhantes,

Eram linhas de bonecos de papel sorrindo,
Num abraço ondulavam lestos em seu redor,
Asas brancas por ela coloridas então reflorindo,
Havia sido tocada por mais uma forma de Amor;

“O sorrir é simples, o simples é permissão ao ser,”
As rugas vinham porém o olhar fulgia em acenos,
E Luz reflectia áurea de seu rosto num único Ver,

Remetida esta para papéis, papéis desempenhados,
Por bonecos sorridentes, uns presentes outros menos,
Só em suas mãos dadas serão eles por eles beijados.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Afluente para a Foz: Remetendo ao Inteiro (Que Somos Nós)

Sorrir e chorar são a dualidade aqui a aceitar,
No eu impregnes e inatos ao sublime anterior,
Ontem transcendente, aí irei um dia pernoitar,
E novos círculos virão em direcção ao posterior;

Nem apenas de sol brilha a lua no céu,
Como nem somente de sombra sou eu,
Sou dois de luz e escuridão e o eu e o Nós,
Nós o Inteiro e no eu o afluente dessa Foz,

Sendo a Foz Nós enleados e enleando o éter,
A fragrância que completa esta re-sublimação,
O físico é irmão do invisível ao real a se remeter,

Sempre em permutação com o um, o Inteiro,
És como Somos, uma ideia afim concretizada,
Uma ode ao infindável e uno sempre passageiro.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

“Dois Olhares, Um Ver”: E a Apreciação de seus Vocábulos

O Céu e o Mar retratam bem o teu rosto,
Nos detalhes do sorriso que os esboçam,
São em minha memória, meu leve recosto,
E consolo nas nuvens que as ondas traçam;

É suave o seu toque, indelével e tão, tão maior,
Do que todo o meu Sentir nesse esbelto Sorriso,
Sinto-me em casa (e no paraíso) e no interior,
O instante, recriando o mesmo arco-íris em riso;

Estrelas ondeando à graciosa brisa do mar,
E é nesta distância entre dois preâmbulos,
Que cintilarão, com a cor igual a um olhar,

Entre si, sorrio sussurrando Amor pianinho,
Este terceto com todos os nossos vocábulos,
Nesse preciso momento, o mundo grita baixinho:

Somos o Singular: Pois o Sol Banha a Minha e a Vossa Face

Pela janela o Sol transpõe-se ligeiro,
Então sou mais do que eu, sou sua Luz,
E todos aqueles alumiados pelo Inteiro,
Do um ao Todo, o que é tocado sobreluz;

Do Uno o tom matizado somente nosso,
O brilho conjunto é partilha e aceitação,
O aproveitar sentir o Sol num leve esboço,
É Amor na sua mais simples e pura união;

Um feixe de luz numa brisa jamais demora,
O outrora perdido e no aqui, afinal achado,
Sim, o sonho vígil é neste preciso aqui, agora!

Pois do diferente provem o distinto igual,
Num belo bom dia à aurora ocular retornado,
Como sou singular, neste meu reflectido plural.

terça-feira, 14 de junho de 2011

O Melhor Sítio Para a Poesia: A Simplicidade (A Minha e a Tua)

Existe mais Poesia no teu adormecer,
Do que no Sonhar há possível Beleza,
És a Criação do Imenso, do amanhecer,
Em Amor, em Aceitação dessa subtileza;

Um Sim ecoado num momento cativado,
O uno passageiro deste impreciso segundo,
Em metade desculpa, em metade obrigado,
Num planalto de cravos, bem lá, lá no fundo,

Sussurro um só abraço do Ósculo só nosso,
Então o concílio entre o Sol e a Chuva anoto,
E no meio somos o filho pródigo, seu colosso;

Passei uma vida, procurando a singular união,
Toda uma vida, ao Sol, à Chuva, ah humilde ignoto!
Encontrando-a no sítio mais simples: a nossa mão.

terça-feira, 17 de maio de 2011

Um Soneto de Sol e Lua: Por Um Ósculo (de Imensidão)

Em sonhos encontrar-me-ás, em Sonhos,
Lá, seremos novamente a alada imensidão,
De mão dada, beijando tuas palmas, risonho,
No momento enfatuado aceitando sua bênção;

Em sonhos encontrar-te-ei, esvoaçando nas brisas,
Lá, hei-de ver os teus cabelos tornarem-se grisalhos,
De mão dada, afagando-os nestas poesias concisas,
Teus membros sendo as ervas, estes dedos os orvalhos

Que pela alvorada se condensam brandos na pele,
Essa passagem por aqui será sempre muito breve,
Olhando então eu, para o que o simples tu compele,

Se almejares um dia ver este olhar a suspirar,
Olha mas Vê, em profundeza o seu Ver e lá nele,
Nas constelações ainda reflectidas, o ímpar Amar.

O Sorriso Mais Bonito do Mundo: É Apenas Um

Amor, és a bênção nesta ímpar proximidade,
A inspiração inalada és a Luz da una alvorada,
No Especial ora somos, a fantasia na realidade
E minha ponte e abismo de uma só assentada;

Guardo-te no coração e como ele recresce!
Em pacotes de açúcar com promissora sorte,
Relembram que o passado ao passar esvaece
E o que resta é o Aqui em contínuo transporte;

Dos céus sucedidos preservo uma caixa contente,
Pois unidos ousamos caminhar entre terras e mares,
Repleta de sorrisos para partilhar com toda a gente;

Amor!: é na Aceitação da Partilha e do Mundo,
Ensina-me pois a aceitar a distância entre nós
E a reduzi-la por todo e a cada, e todo o segundo.

Do Sussurro Entoado Pelo Mar: As Ondas Levarão Estas Palavras

Um raio de luz, um frágil grão de areia,
Uma gota de água, e um pouco mais,
E aqui criarei nossa praia e a sua ribeira,
O afluente do Ósculo retido em nosso cais;

Pronuncio em letras minúsculas a Aurora,
Na parte recôndita e húmida do areeiro,
Apesar da luz do bater cardíaco doutrora,
Amor, o meu Sentir pertence-te por inteiro,

Pois reconheço as minúcias do teu rosto
Passageiras na mais fresca brisa de Verão,
Daquela dança que aprendi em teu recosto;

“Até já, até breve” - o sussurro entoado pelo mar,
Osculo-te pois, a frágil mão, aceitando essa razão,
Apenas me vou por almejar tanto, e tanto, ficar.

sexta-feira, 29 de abril de 2011

À Pergunta dos Transeuntes: Sim Há

A esbelta praia que se estendia ao Mar,
Via-a em sinceros sorrisos, nesses abrigos,
De dias bonitos com mãos dadas ao escutar,
A partilha esporádica de Sol e seus amigos;

Era eu o sonho ornado a folhas e maresias,
Um refresco para a Alma, o beijo passageiro,
A partilha alífera de um caminho de poesias,
Soava a límpido Sentir, a um Amor verdadeiro;

Num belo retrato aprendi porções de Vida,
Trazidas em asas ocultas ao comum transeunte,
Em planaltos de vales, na descida e na subida,

Provei o sal da água, o entrecho néfico e até ar!
Tanto quanto pude… há pois quem ainda pergunte,
Se haverá Luz, após o Céu que é e aflui, após o Mar.

A do Ósculo Escutado: Daquela Maviosa Melodia

Veio o sono e com ele o palpável sonho,
E navegamos, dentre aprazíveis nebulosas,
Pois se de verdadeira beleza ainda disponho,
A ver vejo, espelhando o olhar das formosas

Estrelas, numa idílica descrição primaveril,
Realçada a folhas caídas na brisa familiar,
De partilha alífera de horizonte no pastoril,
Aprendi, porções de Vida no único conciliar,

Este Oscular, fortuito ao premeditado que o é,
Traz sois idos e vindouros em asas transparentes,
E Amor suave para partilhar com quem tiver fé,

O ruído será menor, seu sorriso será a harmonia,
De nossos sorrisos idos, unidos em tons crescentes,
E eu? Eu ainda me escuto nessa maviosa melodia.

terça-feira, 26 de abril de 2011

Um Sobre o Tempo: Quero Ser o Eu Inteiro.

Dêem-me espaço pois preciso de mundo,
E tempo, pois almejo todo e cada segundo,
Pois confundo os anos em fracções de mim,
Como capítulos da mesma crónica sem fim;

Aos eus que fui e como fui deixei para trás,
O um sobre variáveis temporais é ser audaz,
Temerário aquando da auto-definição do uno,
As fracções são algumas, é bom ser bom aluno;

Ao aprender a aceitar o ser como simples e livre,
Repousa sua unificação com o emaranhado eu,
Serei tudo o que sou e fui, o que outrora sustive;

O Eu é aquilo que sou; o Ser aquilo que faço,
Ao ser eu a fazer aquilo que sou, aí serei Meu,
Inteiro, singular ao aceitar meu próprio abraço;

(pois eu era, muito antes de começar a ser,
logo serei singular, neste meu pluralismo)

A Maresia é a Poesia do Mar: E Eu Gosto da Mar

Daqui vejo a praia que se estendia
De onde a vista flutuava para o além,
Nossas pegadas eram a brisa, a poesia,
A pulsação era nossa de mais ninguém;

Deslizavas lesta nela irrompias com o Mar,
Sorrias e em cada vírgula retocavas a areia,
Em timbres delicados frágeis neste meu Olhar,
A tons azuis e laranja, quando enfim vi, colorei-a,

Com perfume a Amor essa praia que nos unia
Era credo, fantástica e lindíssima pois era nossa,
O nascer do esbelto em trechos de real magia,

Com a tua mão na minha a minha simples mão era
Mais! Tinha propósito, intenção e o areal era pequeno,
Tocava então o Céu, o Sol, e o Amar, até breve espera.

terça-feira, 19 de abril de 2011

Ao Um e ao Todo: O Agora é Aqui, Agora.

O Agora é aqui, aprecio a impermanência,
Ora doce, ora acre, do segundo passageiro;
O hoje é aqui, e em sua limítrofe adjacência,
Do que foi ao que virá, é o um o Todo, o Inteiro,

Emanando Luz, a sua ausência é dissipada,
Eu sou o Agora, o Hoje, o Aqui, o fruto do Um,
A identidade de cada alma no agora emancipada,
Espelhada do Todo, advém a harmonia comum,

Do ponto interior, sendo o um o mestre e o senhor,
De si e em si, que sua luz cintile e tenha um nome,
Maior do que a palavra em si, que este seja Amor,

Concedam pois a mão, ao vosso único e uno Irmão,
Partilhai o que já é partilhado, o céu, o sol e o mar,
E no ímpar e singular Amar, veremos a Luz do Verão.

Estes Lábios: Em Súmula

Estes lábios exprimem a ânsia do mundo,
Em súmula: a singela aceitação do Ser,
E nesse ser deter em si o oscular profundo,
Procurando a constância fulgente do Viver;

Guardo sim, os bocados, a passado esboçados,
Pois colorem a divina alma, realentam a calma,
Suspiram-me ao ouvido, o ganho e até o perdido,
Envergando o adiante, num espaço, num instante,

Tudo ruma além da nuvem, além do horizonte,
Ao Ósculo infindo de viver a Vida com sentido,
A perda é nula, aceitação é Sol e a Luz a ponte,

Para quem ruma soalheiro e sua sombra conhece,
Brilha tanto ou mais que Rigel, no estelar é reflectido,
Dou-vos agora a mão, aqui e agora irmãos, e o aqui…

…amanhece.

sábado, 16 de abril de 2011

As Flores: Os Sorrisos Plantados pelo Divino

Plantadas por Deus através do Ósculo infindo,
Meneiam-se vistosas ao sabor do zéfiro alado,
No éter, no verde, reflectidas no sorrir revindo,
Somos irmãos das estrelas, no céu recambiado;

Em intermitência constante, respiro esse abraço,
Com milhentas familiares minhas pegadas ao tecto,
Deus, meu Cosmos, sorrio por ti neste breve espaço,
Por ti sou, a consciência, porém um simples projecto,

De inconsciência abençoada, floreando em luz,
Espelhando o divino, emanando o sonho cintilante
Sim, o sorriso é deveras precioso e o esbelto seduz,

A brincadeiras ornadas a fotões que logo reenviámos,
Somos as Flores, somos o Divino situado num instante,
O Sorrir não é meu, é nosso, e desta forma o beijámos.
*

Palavras Bonitas: Para Fazer Alguém Especial Sorrir

Somos todos Especiais! Sorri Alma Bonita,
Fulges como as estações, o céu e o mar,
Ondeando no esbelto, numa dança infinita,
Respira fundo, o menos bom há-de passar!

Por assim dever ser, respeito a melancolia,
Porém, não me acomodarei em seu abraço,
Num horizonte claro, com asas de anjo subia,
No natural terei sim, reconforto e em seu regaço,

Florido e contente, com essa brisa no rosto,
No seu suave cheiro, cheirarei o sol em mim,
Sendo a rima oculta do firmamento transposto,

Não pisando as flores que Deus plantou, (com Amor!),
Sempre, as flores são sorrisos que relembram assim,
O dia em que reluzimos e ecoamos livres esse primor.

(relembremos e beijemos então os céus,
como recordações jamais teremos fim!)

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Para Quem Quiser Aqui Escutar: Um Ósculo

Para quem quiser aqui escutar,
O som ínfimo da morrinha a cair,
Que se envolva nesse pestanejar,
E saiba que o céu se há-de reabrir;

Basta acreditar, no simples e natural,
Apesar das fronteiras tidas no concreto,
Sim, há poeira e outras coisas que tal,
Mas há Amor, o nosso Amor, isso é certo;

Na luz cerúlea beijei-a, a companhia ideal,
Partilho-a, gostaria que a partilhassem comigo,
Algo de simples, similar à ternura da arte floral;

Nessa altura, seremos o único e ímpar Oscular.
Somos pois irmãos, há que dar a mão ao amigo,
Que liguemos então a Luz, está na hora de acordar.

Era Estrelado e Ímpar Esse Ímpar Olhar: No Amanhã

Amor: há mais cores além do preto e branco,
Entre nós, aprendo os gradientes desse intervalo,
Elevo-os, envolvo-os a todos de e num só flanco,
Só escrevo por ter beldade a dizer e nesse resvalo

Sou um pouco mais inteiro apesar de vulnerável,
E finalmente sairemos, quando retornares a casa,
Como presente passageiro porém tido no imutável,
No estelar esse ímpar olhar o belo e ímpar extravasa;

Concedei-me pois a vossa mão, viajemos juntos,
Apenas vós e eu, caminhando diante do mundo,
Uma cabeça, um ombro, em poemas conjuntos,

A brisa suave no rosto, um antemão numa maçã,
Rejubilarei então em meu nome por nosso singular,
O resto é imposto do dia, que virá um dia, amanhã.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

À Reciprocidade do Parceiro: O Divino

Sussurraram-me ao ouvido algo de divino:
“Sorri e brilha e o mundo eventualmente virá”,
Beleza, nas esferas reluzentes tidas do cristalino,
Revelem a incidência do agora, do que um dia será;

Por bocadinhos de paz, colhi sementes de vida,
Uma a uma, colocada radiosa em brio magistral,
Em bolso de algibeira que ao não ceder convida,
Ao envolver do pleno no sonho e do tido como real;

Seremos dois, faces ímpares da mesma moeda,
Permanente neste ponto único, tangível ao se Ser,
É sina, é acaso, é o premeditado casual em queda,

Ascendente, o retornar ao afluente e ao verdadeiro,
Um dia à fonte, a mestre do estro poético, e no reter,
Seremos o uno Ver, então na reciprocidade do parceiro.

Aos meus Amigos: (Ao Sol, ao Mar e à Chuva)

Pertenço-vos meus humildes e honrosos amigos,
Tidos em copos de papel trago-vos em primaveras,
Sorriso delineado, espelhando ao Céu seus índigos,
Era estrelado e impar neste Ver de doces quimeras;

Esbelto refresco de Alma, foi o reaprender a sorrir,
Avisto-as, sob uma morrinha de estrelas cadentes,
Condessas e Duquesas do envolto bosquejo a reabrir,
O nevoeiro, luz entreabrindo do Ribeiro seus afluentes,

Esse Ósculo, reenvio-o às estrelas e orlo seus retratos,
Neste espaço que ocupo, enfim, hoje eu tido no singular,
O nascer do Sol no oriente presta lugar a estes ornatos,

A inocência do toque, a brisa terna da áurea maresia,
Hei-de retorna-la toda no peito, nutrir a essência e amar,
Serei então simples, pequeno e vertical: a singela poesia.

terça-feira, 5 de abril de 2011

Os Reluzentes e a Aurora Crepuscular Pt. II

Porém, há milhentas possibilidades
Para o ser, para reter o que é,
Apenas uma impossibilidade:
O não ser do eu – há quanto tempo o será ainda?
Há quanto tempo o é? Quando passará?
Algures entre o raso caminho, encontrado,
Para além do caminhar, do primeiro enxergar,
Há o suave e delicado toque, o singular segundo,
Nesse segundo sim, a Centelha Divina fulgirá intensa
E sua luz ecoará em tudo o que é infinito e eterno,
Ouvirão o ressoar desta centelha no horizonte do além,
E as fundações do Céu tremerão perante sua terna suavidade.

Os Reluzentes e a Aurora Crepuscular

A Aurora é sempre, sempre igual,
A si e somente a si mesma, mesma
Imutável e infindavelmente igual,
Eternamente semelhante a si,
Apenas sabe ser ela própria,
A si própria e a si mesma,
Ela é o que sempre foi,
O que sempre será,
E lá vai sendo,
Para sempre si,
Si e ela e nela é,
Fora e dentro do que é,
No que é, é cativa de si,
No que não é, ignora tal noção,
Infinitamente sua bênção é inconsciente,
Pois ela é o perfeito afinal concretizado,
Aliás, perfeito é sinónimo de único,
A criação não desenhada,
Não desdenhada, palpável
Logo, o único e ímpar amor,
Do Crepúsculo, são.
São pois assim,
Incomensuravelmente iguais,
O complementar sabe seus nomes,
Nele eles sobejam e florescem;
Nós, porém, tão distintos somos que,
Que nos evade o quão semelhante
Tudo o que é restante o é.
Sim,
Nós é que somos diferentes,
A cada seu novo avistamento.

quarta-feira, 30 de março de 2011

Somos a Luz do Inefável

O ósculo da interpolação do Verão
Espelhado neste ténue e subtil palpitar,
Retendo cada feixe de Luz no coração,
Por cada sorriso, cada subtil pestanejar,

No aqui, o imenso e glorioso emanado,
Sendo inteiro, os pedaços então reunidos,
A margem, enfim, vista para o ali destinado,
A viagem culminada no reviver dos sentidos;

Estamos aqui para reencontrar os pedaços,
Abolir os estilhaços, cumprir a implícita missão,
Ser no um pelo todo, e no um reduzir os espaços
Entre todos os uns, seu toque será a única emissão,

Do enigma do Cosmos no singular, num instante,
Tudo visitado e tocado, o um não terá menção,
Pois seu nome não é intitular, mas sim recambiar
Do zénite remoto a inteira e única Divina Bênção;

Deus manifesta-se nos pequenos detalhes,
Sendo eu o detalhe pormenorizado divinal,
Inefável esta Luz quando brilha entre entalhes
Do corpóreo e material, ao celestino subliminal,

Então, quartos rarefeitos não mais aprisionarão,
Libertaremos ao grandioso o ósculo único: o Belo,
Consagrado no passageiro, retornando ao Verão,
Ad infinitum iniciado num ponto, revindo o singelo!

sexta-feira, 25 de março de 2011

O Canto da Rouxinol

Sou um pouco díficil de se ver,
Canto normalmente escondido,
De plumas de quem aprendeu a viver
E canto simples e fluido face ao sentido;

A luz do sol hei-de trazer,
Para que ilumine o teu dia,
Cantar sobre as estrelas no ser
De ósculos e brilhos. O quão incidia

Esta manhã bordada em tons de linho,
Ouçam a melodia, esvoaçante e alada
Traz o fulgor, restitui a esbelta madrugada;

A Dama Azul voluteava, no madrigal sozinho,
Re-despertava o Sol e eu pueril e enamorada,
Por sua visão, minha ilusão nesta alma cravada.

Após o oiro d’Outono

Mesmo após o oiro d’Outono,
Que aguado é no olhar que olha
E mais do que o somente e só olhar,
Se vai alastrando e espelhando aqui e além
Na abóbada celeste, um pouco, um pouco
Mais, um pouco além e sei que eventualmente
O Céu continuará a ser nosso, apenas nosso,
Esse preciso momento será somente aqui,
Tornar-me-á parte fraccionaria de si,
E esse instante habitará então comigo,
Portanto não o poderei escrever de todo.
Que sua passagem por cá seja afinal muy curta,
Sempre curta, para tudo o que o vero Olhar puder
Recambiar do zénite remoto do longínquo horizonte.
Indo rumando (in)consciente face ao distante e remoto,
Onde houver Luz ainda para reter e finalmente oscular,
Elevando a voz em brados quase, quase sussurrados,
Sem voz, os leves passos do sono acercam o sonho Além.
(e eu…) Só precisaria então do único e verdadeiro Ósculo,
Aquele que se estende por uma toda e única, e enfim, inteira Vida.
E só nunca poderei deixar de escrever por esquivos criptogramas pois,
A mensagem é demasiadamente imensa e valiosa para vista desatenta.*

Rascunhei um rio

Rascunhei um rio na maré distante,
E aguardei paciente pelo seu retornar,
(Ao areal donde além estrelas brotavam)
Pueris e imaturas em suspiração ofegante,
Em cintilar circunscrito a éter seu adornar;

Imobilizadas na opacidade do olhar,
Beijando brevemente o areal do rosto,
(quando o para sempre nunca mais o é)
Este que definia as ondas do rio e do mar,
Em salubre toque ameno neste ímpar gosto;

Magia era delinear desperto o retrato paisagístico,
Onde o crepúsculo era somente nosso para enlear,
Soava então a Luz, a esmero sentir, a retoque artístico;

Surgindo a Lua em seu solitário deambular, de brilho boreal
Estrelada abóboda, impar nesse melancólico e impar olhar,
Enfim sossegar, em pisos quebrados de mármore sob o areal,

Imenso e reduzido perante o expressivo brilho lunar,
Recordava o inaudito e inefável em confidências,
A partilha alífera do que outrora fora o crepuscular,

Por raramente por cá ter permanecido a respirar o ar,
Havia-me afinal estendido sob as mais furtivas nebulosas,
Intermitente e translúcido era então, seus asteriscos no mar.

sábado, 12 de março de 2011

Esta Tensão é Ânsia de Vida

Esta tensão é ânsia de vida, a escrever no caderninho,
Um círculo abrindo o nada onde o todo não é cerrado,
Avisem a Aurora! Brilhando intermitente em tons de linho,
Uma pétala cintilará incontínua neste uno confluir alado!

Havia retornado seu axioma, o derradeiro e único decreto:
O Sentir a essência do éter e da viagem que este segmenta
Então, do toque nominal ao incerto, o portal é enfim reaberto
Recitado entre ósculos infindos e abreviações de quem indenta

Seu próprio palpitar de Vida, medindo seus trilhos e passadas,
Alheio face ao vulgo e banal, o efémero esvaecido sem rasto
Sobejamente delineados nestas arfadas paradas e apressadas

Enquanto no firmamento, com o olhar e o Ver as estrelas alastro,
Na opacidade do brilho ao refulgir do baço minhas enamoradas,
Amigas, amantes, companheiras, hoje sou… vosso humilde astro.

Hoje (antes e depois!) é o que é. Pt. III

De súbito o ar tornou-se leve, é indelével esta presença,
No espaço hoje ocupado, do tempo a expansão visível,
Eu sou a divisão do indivisível, do não dividido a pertença,
A primordial Luz tornada ciente, concretizada no tangível,

Sim, o quase impossível arfando em meta-cognição,
Poucos saborearão do altivo arco-íris seu néctar alado,
A pulsação desta melodia fusca oriunda do coração,
Confere meio ao preto e branco, neste meio embalado,

É do todo o detalhe, quão deleitante à vista atenta,
Os vislumbres destas silhuetas deslizam pela periferia,
Ansiando só o toque e seu reter nesta alma sedenta,

Então algures Viveria, belo, vertical e infinitamente pequeno,
Parca sim, mas neste envolver contendo o Uno donde advim
Leve por haver osculado a Vida e principalmente tido o pleno.

Hoje (antes e depois!) é o que é. Pt. II

O aprendiz a Deus, ainda sentenciado a santo iniciado,
Com sorrisos bifurcados, pronunciem e avisem a Aurora,
Digam-lhe que noutrora, fui antigo e como o Sol dourado,
De inconsciência abençoado perante a perfídia da hora;

Indecoroso sim, frente a muy insigne compostura primata,
Sinto-me magnata, arrítmico por ter um coração ousado,
Belo e insano no seu bater, o ondear do instável ele retrata,
Ósculo do refulgente, do sempre e eterno o seu interpolado,

O espaço consciente, o infinitésimo do encantador infinito,
O pai mais justo de todos, o que ignora a existência do filho,
Como o divino, hoje no efémero, no antes e no após escrito,

No meio, a aprendiz evolução terá tempo e espaço para ser,
A esbelta efemeridade, cativa aqui e no entanto emancipada
Do seu Todo, ecoando no sempre, cujo vestígio é o vero Viver.

Hoje (antes do Amanhã!) é o que é.

Perseguindo o Sol, tentando adiar a sua penumbra,
A Lua está de facto brilhante neste breu da subcave,
Adormecerei vendo aquilo que aos poetas deslumbra,
Um sorriso tocando de leve noutro, reavendo a chave,

De mil imagens do seu rosto projectado sobre as poeiras,
“Se não permitires entrar a Luz as estrelas jamais irão brilhar”;
Azul cerúleo, íamos lendo a janela do infinito na sua esteira,
Havia enfim usado o ar para algo mais do que o apenas respirar,

O perfume da Primavera, no sossegar das pétalas sua aragem,
O cenário: um mosaico que só navega suavizado pelo celestial,
“Só mais um pouco” e neste quadro terei parte e ímpar paragem;

Encoberto pelo matizado, subitamente o ar torna-se enleante,
Aclarado no dia, a noite de Verão era diferente, não era igual,
E no primor dos nostálgicos dias de Inverno: sou aqui principiante.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Um Dia Sim, Ema Virá…

Ema ia pisando suave os suaves contornos estelares,
Com o dedo indicador avistando as nebulosas,
Poisavam intermitentes com brilhos ímpares
Seu intento preciso logo precisamente singular:
Adornar o colorido com uma grinalda reluzente,
Quanto à escassez de cor, um dia esta iria assentar,
(Por vezes há que ser crente) – suspirava aquela voz
E o intento era leve e ímpar e até especial:
Colocar o brilho nas estrelas e agrinaldá-las em nós!

{Sob a água uma rosa cinza ia observando}

Pintando uma sílaba de azul, uma única sílaba,
Esta revertendo-se na primeira pessoa do singular,
Envolvidas são em bolinhas em ascensão espiral,
Retratando o inaudito, afluentes em bolhas de ar,
Ema aguardando de mão em mão com a arte floral,
Então ainda dispersas e difusas pela abóboda celeste,
A luz do sol entrando elegante com pontinhos a brilhar,
Nascente do estro poético, o ósculo deífico vindo do este,
E nós submersos por sílabas inauditas, silenciosos e obstrutivos
À própria luz, insurgentes perante a sua bela e pura perfídia,
No seu colher o seu derramar, perante o infinito refractivos
Contudo nele acalmados, no linear o verdadeiro entediar
De silêncio azulado encoberto acima, olvidando sua insidia
Percepcionei objectivamente então o matizado estelar;

Amanhã elas brilharão, sua luz azul será colhida,
Entre suas mãos, Ema colhê-las-á como flores,
Brotadas entre escombros de pedras madrigais,
Até de outros mananciais floríferos e regatos tidos,
Dentes de leão, margaridas e mirtos e outras tais mais,
Em todas elas, revisitadas, serão estrelas azuis revindas,
Colhidas de seu berço, delicadamente e por Ema douradas,
Auriluzindo através do azul contudo somente Azuis neste olhar,
Atravessando-me, a energia dourada e ecoada além horizonte,
Volvendo e transmutando, as estrelas matutinas resplendecendo
Aqui e agora, sendo transportada eu, em afluências ascendentes,
Em fragmentos de porções áureas, alada, desacorrentada elevando
Os céus e contendo-os no único abraço, osculada pelo deífico Cosmos!

{aí enfim, nós fomos e nós seremos: nós somos}

Abrindo as cortinas, correndo as persianas, reflectido
Suas rugas finas transpostas no ver juvenil do sorriso,
No azul, dourando no cintilar este-solar retraçado
Pelo frágil indicador de Ema, são os contornos agora,
Mais vistosos do que alguma vez foram contornados,
Agora enfim vendo, com comedida percepção,
Perguntava-me então: “Havia nebulosas e estrelas,
Antes de estas serem apontadas pela sua candidez?”
Soube então, da minha subcave azul, soube então,
Só as mais belas galáxias serão retornadas do céu,
Incrustadas na grinalda transposta para o horizonte,
Uma loção para magia, outra moção para o {sur}real,
Osculando suas porções, um dia brilharei delicadamente,
Em fulgências azuis áureas, breve, longa e intermitentemente,
Abrupta e ternamente sendo no intermitente então constante
Na abóboda celeste, leve e impar em {in}finita e terna unção,
Um dia sim, Ema virá, um dia Ema virá colher flores douradas de mim.