sábado, 24 de abril de 2010

Passo horas acordada

Passo horas acordada,
O olhar à janela
Pela vidraça transbordada,
Ansiando um simples toque,
Nesta semi forma que anela,
Na imagem de seu enfoque,
O ardume de seu rosto,
O deslizar próprio e somente dela,
A subtileza de seu acariciar,
Aquieto a cabeça no frágil recosto,
Estranhando este sentir impar,
Eis-me ocupando o espaço vazio,
Escutando os moinhos da minha mente,
O tema permanece o mesmo, então sorrio,
Sou jovem de mente, há que seguir em frente,
Rumo ao ruído, a melodia e o fluir do perene rio.
E nenhures, seu liquido secou para o longínquo Sol
(O Sentir é a coisa de mais esplendorosa – o belo rouxinol).

Rosa M. Gray
por joel nachio

terça-feira, 20 de abril de 2010

Perseguida por uma Sombra II

Perseguida por uma Sombra II

A inocência corroída, consumida em recanto perdido,
Jazendo em fatigada estadia, quão delicada sua queda,
Enovelada pelo deslize, enfim carente de fulcral sentido,
Singular beldade, esmorecida ao torpor que lesto envereda;

O destino cerrado, a derradeira aprendizagem a enfim somar,
Algures eram oferecidos sorrisos, perenemente desmedidos,
Estilhaçado na vereda do sono desprovido de sonho, sem amar,
Mendigando beijos por desejos, no alcatrão é vê-los reflectidos;

Destituídos de precisos intentos, itinerante é o deambular,
Relido ao ínfimo pormenor e abdicado sem o mínimo pudor,
Esquece-se a linha entretecida e esvaece-se o ser singular,
O frio absconso suavemente imerso em indiferente langor;

Sobrevém o inesperado, acerca-se extinto da sua locução,
Súmulas influídas no, sempre, ecoando entre corredores,
Algumas brumas compiladas, abreviadas à sua indecisão,
Incidem a um breve silêncio interior, asfixiam seus valores;

Quem nem asas de Ícaro, premeditado e ao vazio enviado,
A recorrência do desígnio, intermitentemente refulgido,
Inerte e parado instante, o ser inevitável e inerente adiado,
No sono embalado e nele o percurso latente dum foragido,

Cujas madrugadas esvoaçam na insónia da noite anterior,
E suas memórias, por liame vinculadas, (oh) como sois postergadas
Ao fundo do poeirento baú, este precedente ao nível inferior,
Como o perto se traslada no longínquo, as viagens em inacabadas,

Soando a indeferido, em relance por sua quebrada metade,
Recalcando o vazio, buscando o antídoto esperado no além,
Arrítmico, oco em dúvida e em murmúrios de insanidade,
Por veias espelhando adagas e de esvaídas recusas refém;

Em movimento estagnado, acossado em penumbra pela estático,
Envolto no vil ardor da doce melodia, por beleza mais ensombrado
Sincope vital de embalamento grisalho, de pressuposto tão errático,
Esbanjado pelo caminhar de toda uma Vida e por Ela defraudado;

Desflorado pela beldade acre da luz, estilhaçada no asfalto,
Devo ter visto umas mil caras reflectidas na estrada forasteira,
Jamais devo ter visto uma verdadeira expressão neste sobressalto,
Aluído ao instante passageiro, quando partir, sepultem-me em poeira.

… por todo o meu am*r por todas as coisas vivas…
(escolho morrer)

- Hoje senti a mágoa de uma rosa.

Rosa M. Gray com N. Ego
por joel nachio

Pelos oblíquos caminhos do belo

Pelos oblíquos caminhos do belo,

Pelos oblíquos caminhos do belo,
(Tudo o que é belo é-o simplesmente)
O espírito é cativado, raramente nos olhos,
Passageiros no espaço envolvido no avanço do tempo,
Subliminar e subtil a diferença entre este princípio e o posterior,
A sucessão geométrica cuja razão é composta principalmente de detalhes,
Fundamentados na sua base, progredindo no sempre e para o infinito.

Um bilião em infinitudes de vezes,
Separadas por uma ténue cortina de ar,
Onde as órbitas não alcançam a ideia aporta,
- Em representação formada algures no espírito,
Como tal é incognoscível na sua concepção,
- Reunindo toda a perfeição (ini)imaginável,
Assim o é o belo e igualmente o insondado paralelo.

Na singularidade argumentada, discutimos apenas semântica,
O padrão consensual do relativo é uma fórmula matemática,
Sobre a melodia divina oriunda das esferas supra-celestes,
Formas arquitectónicas reproduzidas sobre a medida áurea,
Nos detalhes manuscritos das conchas, nos fractais da neve,

O Infinito é uma espiral escalar, irregular e fragmentada,
Perfeito no seu todo, dando-se premeditadamente ao acaso,
Em harmonia simétrica, um circulo criado em ode ao Belo,
- Sendo a Beleza uma recriação de excepcional harmonia
Suscitando desejo, atraindo para seus imensuráveis meandros,
Apesar de sua relatividade e transcendência estritamente divina,
Na simetria inalcançável, assentada algures na biblioteca astral,
Situa-se o ideal puro, o inconsciente sincero, a espontaneidade infantil,
E após a vivência, a experiência e o conhecimento, vem a sabedoria,
Um ensaio à leveza, ao que simplesmente o é (:simples): cognição sobre o conhecimento.

A beleza, é, pois, uma projecção oblíqua proveniente do infinito,
Captada sim pelos que a têm tanto pelos que a conseguem avistar,
A divindade transcendente é emanada pelos que a crêem ver,
Refulgem então no escuro por terem numa noite avistado Luz,
É inteiro: o ser aberto ao que vagueia para lá do horizonte,
E a perfeição, mera consequência da conclusão do círculo,
Até as metades assimétricas se complementam, tornando-se inteiras,
Desde que entre si encontrem consenso sob a forma de harmonia,
A parte integral pertence apenas ao todo, a relativa é de quem ousa ousar,
Alcançar o vislumbre de algo não concebido para o eventual olhar humano,
Entre margens e estados, o viajante caminha face ao brilho depositado,
Nos seus olhos, a plenitude é preenchida em detalhes infinitamente ínfimos,
É caminho, beijando a madrugada, osculando o dilúculo, entre este intervalo:
A beleza desse olhar incide no ângulo no qual o simples é puramente belo.

Não desbarates o que os Deuses sussurram ao teu ouvido – um dia este escutou,
E mais que o haver escutado, soube escutar com a aceitação da partilha.

N. Ego
por joel nachio

O Tempo virá

O Tempo virá

A reflexão no estado é contida,
Um sussurro mudo ao ouvido de:
Espectros entre esplanadas intangíveis,

Bebendo de sua própria sede,
A reciprocidade no único vero ver,
Premeditado ao seu próprio silêncio;

Manancial do estro poético
Incompleto em seu possível potencial,
Algures desponta a jovem Primavera;
- Houvesse olhos realmente para a Ver.
{Mesmo quando o real mente
Alguma verdade, algures deverá ter}

(re)lembro-me: O Tempo virá, a Maré o trará,

Porque é que o Sol viaja?
Nadas na chuva, “tudos” ao sol,
Tanto perdido em cada pestanejar;

Instantes olvidados e permutados,
Nesta insustentável leveza

Teus momentos: derrelictos
Cortinados na brisa passageira,
Névoas nas planícies dos sonhos,

O Tempo virá, a Maré o trará,

Recolho-me em silêncio, demasiados devaneios
Forçai-vos e empenhai-vos à especialidade,
E como eventualmente falhareis.

A neve sofre só,
{Somente e irremediavelmente só?}
De sobre sensibilidade sobre extenuada,
Reencontrando as minúcias dos desencontros,
Em delicada queda constante, passageira na brisa,

O (im)puro sensismo outrora tacteado,
- Assentado palmas abertas nas mãos enregeladas,
Uma ovação em pé para o mais frondoso aplauso,
E que nele cativo, olvidemos as precedentes quedas
- Estilhaçado aquando do seu sussurro nominal,
Nossos ósculos se singularizaram em melodia;

Ela é, o nevoeiro e ainda o farol
A luz perscrutante que convida a (à?) noite,
Ofuscando pelo seu resplendor intermitente,

Como toda a Beleza o é: Fugaz e intermitente.

Incessantemente o é (sem cessar),
Sem o saber simplesmente não o ser,
Acossando ainda a íngremidade no pavimento
O rosto aquieta-se, reconfortando-se no frio asfalto,
Enregelado, é o pausar da probabilidade de caminhar
É esta a plenitude circunscrita em estado latente:

- A do simplesmente incoerente, isto é.

Rosa M. Gray
por joel nachio