domingo, 31 de outubro de 2010

2ois

Seremos pó brevemente e o anseio concludente,
Na brevidade abreviada: poeira de restos estelares,
A leda passeata, a vertiginosa ascendência refluente
As Cintilantes, minhas doces amigas das orlas nebulares

Seu brilho, em nosso fulgor retratado, ósculo suas porções,
E essas a mim e em nós, entearadas sobre nossos narizes;
Seremos a coragem de ser magia genuína nestas fracções,
De tempo infinitésimo, a impressão subtil de díspares matizes;

Em olhos cuja tonalidade da paisagem é reciproca,
Respira, respira, afinal havemos passado a casa partida,
Cantarolando o sorriso à porta aberta, verdade inequívoca,
Caminhando em seus sonhos, a singularidade é não abstida;

O óbito de uma estrela é a nascença de e em seus fragmentos
Em eventuais consciências, a subdivisão da afinal perfeita Criação,
O sorriso escorrendo pela parte esquerda do olho, seus entoamentos,
Somos renascimento de estrelas por cada respirar, a divina intenção;

n. ego

2as

2as camas vazias e seus ecos reverberados,
Sob, sobre e dentre corredores de mármore
É o silêncio avassalador dos sonhos adiados,
O caminho malfadado, o bater que demore;

À entrada soalheira do reluzente abisso,
Na sentida ausência da sombra póstuma,
A beleza refulge no olhar, no pré-esquisso,
Do inteiro encetado pela metade, é pluma

Esvoaçando por coreto onírico e incógnito,
Como o reconheço, neste sussurro espectral,
O olhar é fumo, névoa e a enxurrada granito,
A flauta idílica longínqua, a projecção astral,

Deambulando de olhar em mão em olhar,
Cativada em prisão auto-infligida, sinto-as,
Nas Oressas e seus passares: este estrebuchar
Meio doce, meio perfume em palmas, indistinto;

Rosa. M. Gray

Esbracejando

“Esbracejando para ostentar vida
Quando o viver é tudo menos isso.”
Beijando-lhe a mão, desconhecendo tal razão,
Beijando-lhe a mão, desconhecendo tal razão,
E a Vida sobrevém, ecoando no não finito – ressoando.
Porém o simples, quando acontece, é o único premeditado
O único propósito do fluir, o soar familiar, o euoé! replicado acolá,
Em milhares de janelas, testemunhando-nos a dançar dentre as flores,
No olhar pintado a colorido, o mundo reflecte-o, colorido se tornando,
Acercando-se do não finito, o instante de maresia de estio proveniente,
Quando o olhar é tinta, pintado é tudo em que este tacteia, tão docemente
E tão ténue se torna seu pestanejar, não subtrai nada à ocorrência sincronística
De quando este ocorre, é a adição de momentos entreposta com o expressivo silêncio;
Como este é ansiado, negligenciado e menosprezado pelos demais banais transeuntes,
{estes que se especializam subconscientemente em “transeuntar” durante seus caminhos.}
Os bípedes verbais, tagarelando e discutindo semânticas e assuntos aos quais nem as pedras se interessariam por…
A plenitude atingida do meio-termo percepcionado entre as margens, a dourada indiferença auriluzindo {como tudo o que doura},
O granjear do vulgar enquanto a abóboda celeste é mantida apenas no céu, não recobrada,
Haveis esquecido de que ela deveria habitar sim em vossos corações? Haveis pontuado a magia com o seu ponto mais inconcludente, mais inconciliável: O silêncio mudo que esbraceja na tentativa vã de ressoar a Vida.

n. ego


sábado, 16 de outubro de 2010

No meio vezes milhares de vezes = metade. (Ser no escuro)

Entre valetas e prados verdes, entremeado
O céu na água, neste singelo olhar reflectido
Na atrocidade do poema idílico propositado,
Perde-se a suavidade do toque e enfim, sentido;

É drama, é trágica e ensurdecedora a queda

Nunca caindo no mesmo sítio a chuva incipiente,
Acorda(n)do, face ao esquecimento do perdão,
Já não é a insónia, é a escassez de sonho latente,
Enxofre sulfúrico inalado e o algoz da sofreguidão,

As ondas sussurrando silenciosamente meus nomes

A náusea do ósculo demorado na orla da estrada,
Era o sonho grandioso, a paz esmerilada ao alcance,
Sob o céu aberto, na orla ausente, a Virgem desflorada,
Erguendo sua voz para os Sem Nome, alienado romance;

Afinal acerca-se, contudo a alvorada é sempre a mesma,

Os mais negros passageiros, a desordem pia do ser,
A alvorada avista-se, igual às outras depois do antes,
Sorvendo o pó Elísio na tentativa inócua de preencher,
Cada novo avistamento - digno dos esboços de Dantes,

Meus nomes ténues rascunhos nos tendíneos sinuosos do areal

(Se te traçasse as galáxias escusas em meu olhar,
Envolvê-las-ias?): Suspirava Mirto face à bela Oressa,
Esquiva e luciferina, deslizando suave neste nosso latejar,
Inúmeras e demasiadas vezes, recaído em iludida peça,

Seu semblante, seu passar, mil adagas pontuando a pele

A mais nefasta de todas, a assimetria do bater cardíaco
A enganação face ao vil, ao algoz sentido de pertença,
O abraço do Inverno, desígnio comum do plebeu empírico,
Olhos brilham ao avistar-vos, é involuntário – é árdua sentença;

Partilhai vossa mão comigo, caminhemos dentre as constelações

Arrancarei as estrelas dos pulsos, entre a morrinha e o sol,
Uma a uma, esmaecida, enegrecida, seu pleno consumido,
O indecoro do tragado, o susceptível ferido de peito no anzol,
Sob as luzes citadinas, o trilho da aventesma, de olhar infundido,

O inconciliável ao habitual, no entanto assumidamente sua síncrise

Desprotegida perante as subtilezas mais inofensivas de seus contornos,
Voando demasiado próxima do sol, o semblante acerca-se de si mesmo
Aluído pelo limbo da recontagem das estrelas do céu, são estes adornos,
As gotículas cintilantes incrustadas em caças sonhos {des?}largados a esmo;

Quando o indistinto é o axioma, e o axioma é oximoro e antítese patenteado

Do sensismo inverosímil, não crença que fútil então prometeu
Este sentir, dente de leão postergado por Oressa, (como te procuro)
A candeia enfim se silencia, e no escuro, e no escuro, eu…
… E no escuro…

Rosa M. Gray

Waiting for: …

And there was true snow over there
Ghostly liquid nowadays seems so rare (and we seem so rare)
The mountain side whispered “safe journey”
And threading began, little hopes of ever returning

…where does this little mountain end?

Borrowed was a safe-stick to lead the way
He is I, I am he, together we Life portray
Thoughts may come and crumble inside
On a lonely box in mute-silence they’ll confide

…oh Rosa how we need to L*ve…

There’s a sweet place to call home
Concealed in bright sunrise’ colours
Somewhere a lady arrayed in indigo (blue…)
Waiting flowers to never call ours,
Head held up high revealing the unbound sky (is it really mine?)

Will never have anything mine, for I’m owned by my own Life

A clean blanket stained with a stern reprimand
As mountain smoke is inhaled at the river’s bend
(Like)Upward Pisces scaling a longer travel’s root
(Always)Near the abyss waiting for undying truth

…when does this beautiful Life begin?

Days that traversed this forgotten road (so old)
Shall remain as imagery shadows forever untold
Need to sing, to swim and fly (so high)
The Earth is too small, my reserved spot is in the sky

…lend me faerie’s powder to dream my own Dream

There’s a sweet place to call home
Concealed in bright sunrise’ colours
Somewhere a lady arrayed in indigo (blue…)
Waiting flowers to never call ours,
Head held up high revealing the unbound sky (I fly…)
Will never have anything mine, for I’m owned by my own Life

Waiting, Waiting, Waiting (for life to begin)

n. ego