segunda-feira, 28 de julho de 2025

Bilhete Só de Ida

Malas cheias de silêncios com mapas a linhas tremidas,
Os comboios levam as memórias, carimbos no passaporte,
Olhos presos a um nome antigo nestas cartas envelhecidas,
Relógios parados entre cruzamentos de meia vida e quase morte,

Um bilhete só de ida para um qualquer caminho sem qualquer chão,
A bússola quebrada apontada para dentro, perdido em cada espelho,
Outro prisioneiro de camas frias de hotéis anónimos, o berço do caixão,
Carregado em cada quilómetro esquecido onde o seguro morreu de velho,

Reinventando as fachadas da cidade para lá das portas à chave fechadas,
Quantas vezes vagueei por estas ruas em calendários por ela demarcados,
Regressei mil vezes a essas ruínas por cada uma destas fotos amareladas, 

Hoje, deixo as correntes nos trilhos de cada estação por onde não passei,
Em papeis como estradas e poemas como paisagens, eu porções, tu bocados,
O velho eu ficou na paragem, e eu fui indo e sendo por onde um dia não fiquei.

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