sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

A Ela Um Muito Obrigado: Vida Malembe Malembe

Os olhos nos olhos e mão na cintura,
Vida cadáver quanto temos dançado,
De joelhos no chão em pertença à loucura
- A ela... doce farol, um muito obrigado,

Até vale a pena viver mais um segundo,
Assim se eleva o ânimo ao exumado,
Ela é o lar doce lar para o vagabundo,
É a ela! Doce farol… um muito obrigado,

Por vezes estranha-se o filho do próprio pai,
Corre o dia, vida triste, vida avariada,
Do homem que a ele próprio se trai

Não sendo ou vendo a luz, só enxurrada,
São vezes em que a treva sobre mim cai
Salvo ela... doce farol, um muito obrigada.

A Distância: Entre o Poeta e a Amada

Por oblíquo arco sua mão esticada
Para uma outra margem em busca,
A distância aos ombros carregada
E não obstante do quanto custa

A ida - a dificuldade desta espera,
O desenfreio - pertença do poeta,
Da noção criada tal arisca quimera,
Esse muy nobre objectivo sem meta

Até quando nem em si tem pertença
Porque apenas há bruma enevoada,
Parece-me que essa é a sentença

Para quem ousa fazer a caminhada
Onde se vai contando a diferença
Da distância entre o poeta e a sua amada.