sábado, 30 de novembro de 2019

Aqui e Agora Encontrado

Residimos nas mãos de quem tem amor para compartilhar,
Incorporando o brilho que cega, o escuro quando achado,
É o carrossel de emoções, o anseio e o esvoaçar
Que dão asas por cada resto e por cada bocado,

Saboreando as nuvens que perseguem a voz altiva,
São os anjos que se erguem do meu ombro apontando,
Pois sou aceno de cabeça, sou a procura, sou a tentativa,
Mesmo quando em mim próprio não sou encontrado,

A libertação não é o muro que foste mas o que ainda serás,
E o lar tem de ser aqui e hoje, no lugar ora ocupado,
Só assim combateremos a não-vida transpondo as horas más,

Por isso persigo o sol, a lua em mim albergando,
Por isso escuto o ruído, permitindo o silêncio - em ambos o recado,
Por isso vou no caminho, por permito ser e por isso vou largando...

(Pois nada é meu para possuir, nem este bocado).





segunda-feira, 25 de novembro de 2019

Querida Deixa-me...

Esta noite estatelada no chão e eu - a tempestade,
Sim, o álcool bebido afogará a mágoa do coração
E essa morte enfim permitir-me-à matar a saudade,
Querida deixa-me sarar, querida concede-me a mão,

A manhã não terá amanhã e cada uma das horas malditas
Serei eu na quantidade destes comprimidos engolidos,
A viver com um alfabeto de palavras para sempre inauditas,
Querida deixa-me entrar, querida somos os ímpetos preteridos,

Parece-me tão difícil dormir quando as ovelhas são este nevoeiro,
Que adensa, que é este asfixiar e eu sem conseguir resfolegar,
Querida deixa-me respirar, querida não me atires para o bueiro,

Não funcionamos, é difícil ficar se cada memória é um lacrimejar,
Pois sei que este peito para os seus lábios é somente mais um cinzeiro,
Querida deixa-me ficar, querida deixa-me ir, doce querida deixa-me amar!!!

Aurora Queria

Aurora queria..  O esvoaçar do instante deixado,
A reflexão desta alma, o bocadinho já esquecido,
É retirado e repelido por residir, é o prefaciado,
Para outras, para os outros serei o nunca vivido,

Aurora queria..  O esvoaçar do instante deixado,
A reflexão de uma alma, o bocadinho do outrora,
Procurando o eu, aquele pedaço nunca encontrado,
Para tudo o que vem, passa e vai, eu sou o agora,

Eu sou o acenar e a despedida, o último bocadinho,
É o cedo sem ainda amanhecer, é o silente a gritar
E a parte que é metade da vida, é parte do caminho,

Já deixei o meu eu, aquele pedaço nunca encontrado,
O coração foi pois foi lugar, o único que pôde ocupar,
Aurora quero, é parte do latente do outrora imaginado.

sexta-feira, 22 de novembro de 2019

Eu Sou a Cidade Sem Sonho

Amor, este tempo é o espaço que não nos é pertença,
Percorrido foi o tempo do passeio e veio a despedida,
Este é olhar do penar, é a enfermidade e é a sentença,
Por favor permite-me o retrair e o fechar-se da ferida,

Na mente ainda sombreado por passadas aventesmas,
Percorro e corro sendo apanhado pelas relembranças
Deste andar nu por ruas que para sempre serão as mesmas
Porém indo sendo diferentes nestas renovadas andanças,

Eu, cemitério para ti, para este amor ainda não sentido,
Sonhos, venham a mim, tragam-me o beijo eternizado,
Por um ou algum momento e para ainda o ver hoje partido,

És a sombra deste caminhar, a nuvem triste e tristonha,
Há noites que a tua cara é todo o meu dia, o único ansiado,
Mas… se esta cidade nunca dorme, será que alguém sonha?

sábado, 16 de novembro de 2019

Quando A Noite Persegue o Dia

Era ela, esbelta sob a candeia da noite esquecida,
O sorriso e a diversão pautada em sensualidade,
Aquele que num breve suspiro resumia uma vida,
Renegado ao silêncio do olhar contendo a verdade,

Feita e revestida de partículas de brilho, a pertença
É sentimento aflorado na pele, a eternidade do aqui,
Passageiro do palpitar do coração, marca a diferença,
Sou eu, é ela, o que é, o que foi e portanto será no ali,

Lá vai ela, lá vou eu, indefinidos como a sua definição,
Eu, dia eterno, ela, noite infinda rodeando este mundo,
Onde não basta ser para ter, onde é preciso ter coração,

Pois as pegadas dadas passam, sendo pelo ontem afastadas,
É a impermanência rainha, o único amor a este segundo,
A lágrima vertida no asfalto, as mãos separadas... (E eu... Nauseabundo).