terça-feira, 29 de novembro de 2011

A Queda II: De uma Folha de Outono

A queda de uma folha de Outono é leve,
E sussurra no hoje, ansiando o amanhã,
Uma brisa morna que do nada se eleve,
E a aconchegue nessa viagem para cá;

Esse esvaecer é dos insones domínio,
Aparta sem voz o toque da melancolia,
Até poetas colhem inspiração e fascínio,
Desses airosos rodopios de tenção vadia;

Um soalheiro dia, farás parte das searas,
Serás o retoque de um rosto esverdeado,
Serás o beijo que torna as auroras claras,

Serás Amor! O Amor um dia silenciado…
Das noites que passaram por outras caras,
E de quem tombou, por ter outrora voado.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Viagens: Pelo Berçário das Nebulosas

Nas viagens pelo trilho das nebulosas
Escutamos contos afectos ao berçário,
O princípio do andar entre as formosas
Cuja memória há apenas no imaginário,

Cada bolbo de luz é outra nossa morada,
Do que foi energia e será um dia destinado
Ao entalhe acordado pela matriz abdicada,
Sempre o mesmo, para sempre resfolgado.

Pois o que nos liga e separa é somente ar,
Um pouco molecular num imensurável nada,
Se é nada, deve ser pouco para nos afastar,

Somos os escolhidos pelas altivas estrelas
Por cada Ver reflectido em luz clareada,
Para um dia sermos de vez, irmãos delas.

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Um Dia: Sempre Vem

É certo… um dia sempre vem um dia,
Surgindo do rodopio tácito do mundo,
Algures, para além do caos, há harmonia
Brotando alada na calçada do segundo;

É certo… outro dia sempre virá um dia,
Haja frio ou calor, ele um dia chegará,
Basta escutar e aí nessa subtil melodia
Há o ontem que foi e o raiar do amanhã;

Venham pois nossos sóis e seus luares,
Que imaculados nos toquem na face,
Trazendo do infindo dos seus lugares,

A luz que é nossa para que então trace
Os contornos das constelações dos ares
Em nossas silhuetas num singular enlace.

O Efeito Borboleta: No Ser e na Criação

Quando a cor se combina com a vibração,
As borboletas cujas asas eram em brancor,
Enlevam-se da ideia para a precisa criação,
O aqui muda e a percepção torna-se multicor;

Para colorizar basta ser através do existir,
Esse é o surpreendente plano do Universo,
Sim, basta simplesmente olhar, tocar, sentir,
O resto são letras cedidas no próximo verso;

É a nascente da concepção essa passagem,
Somos nós aqui, os legatários das nebulosas,
Hasteando asteriscos ao longo desta viagem,

De idioma universal em expressões miraculosas,
Venham novas palavras, atentem na mensagem,
Pintando as asas da borboleta em vividas prosas.

domingo, 6 de novembro de 2011

A Queda: De um Floco de Neve

Voluteiam seu silêncio em queda ascendente,
Esvoaçam subindo, da sua terra para a nossa
Pela delicadeza da matéria escrita no afluente
Enquanto um zéfiro cálido o seu rasto acossa,

Milhões de pára-quedas difusos em enredos,
Na vista atenta de Ema delineando o seu trilho,
Que frio se ia permeando por entre seus dedos,
Porém através de suspiros recobrava seu brilho,

Isto passava pelo tempo que nem uma miragem,
E a dúvida questionava a sua própria existência,
Apesar de nos seus olhos perdurar uma imagem:

Até a fé no incondicional amor de pertença à Foz,
É relativa, um nada e nenhum tudo em essência,
Pois para a neve, em boa verdade, o céu somos nós.