domingo, 29 de julho de 2018

Procurando Por Deus... Aqui e Agora

O dia de verão passou outrora, um dia,
Recolhido ao silêncio dessa primavera
Onde tudo era possível pois havia magia
Embutida na moldura, a bela quimera,

Era quem eu era, a crença no firmamento
E naquele dia em que o dia foi passando
Percebi que o dia não passa de momento
Mas que cada momento se vai acumulando

E assim nos libertamos no vazio do horizonte,
Não como crianças mas tigres feitos de plumas,
Alcançando Deus e erigindo uma eterna ponte,

Sorri meu irmão, acorda e sê num sonho bonito,
Há luzências, há fulgências para lá destas brumas,
A procura é em nós, aqui rumando para o infinito.

quinta-feira, 26 de julho de 2018

Aos Que Almejam Ninharias

Certamente há gente que vai passando
Pela berma da rua sempre procurando
O que é fácil, o que é pouco importante
Pois ficam-se por ninharias, não obstante

Do que procuram, ambicionam o nada,
Colocam o pé na rua mas não na estrada
E então vendem a alma por meio tostão
Que não preenche a alma nem o coração,

Prego-vos aqui sem pregar a canção do amor
Aquele que fecunda a mente e retrai a dor,
Pois quando tudo passar querer-vos-eis lembrar

Que por cá passaram, que foram Deus a andar,
Então ambicionem estrelas, longe do humano
Pois o tempo passa e nos ceifa ano após ano.

Este Caminho é Fealdade e Beleza

O homem envelhece e torna-se poeira,
Vai passando a linha continua ao vento,
Aquilo que gosta coloca na sua algibeira
E o que não fica deixa ficar ao relento,

Entretanto renascem dias no horizonte,
A cinza é no cinzeiro feito de passado,
Entre eles há amor, a sua única ponte
Que é o que há mesmo que eclipsado,

Nasceu para amar magia, a ela conhecer,
Mesmo que por vezes só haja tristeza
Ela também é precisa, é preciso a conter,

Até ser levado e tudo se tonar clareza,
Entre essas margens é necessário o ser
Pois este caminho é fealdade e beleza.

quarta-feira, 25 de julho de 2018

Reparei e Gostei dos Traços

Adaptamos-nos ao estático de uma ausência, 
Pernoitando num instante já cá eclipsado, 
Deixo por mim um beijo, uma condolência
Assim escrevinha no caderno o passado,

Folhas caindo, vivendo ao sabor do vento,
A sombra do sol é num ensejo de gratidão,
É suficiente para buscar a Lua do firmamento
E para preencher de Amor um solitário coração,

O cruzamento pela Vida é dádiva descomunal, 
É partilha da vista da viagem indo lado a lado,
Bela envoltura, envolvência e abraço sem igual

Portanto há a agradecer, há a dizer obrigado,
Pois aprendi a caminhar, a voar pelo astral
Quando por quem partiu outrora fui albergado.

De Costas Dadas

Amor meu, ensina-me o caminho da terra,
O grito indómito que revela toda a certeza,
Este é o trilho dos que se levaram na guerra
Uma batalha onde se aprende o que é beleza,

Pois Amor, amar é fácil, simples é sim amar,
Reavive a alma, a espera é enfim culminada,
Deixam-se os botecos, deixa-se de procurar
O passo ladeado que vem ao pé da estrada,

A lágrima sobre o peito é um beijo perdido,
Dois a teimarem em não ser num coração,
Então se deita fora o que já foi recebido,

Assim se esconde o Sol nesta triste estação,
Quando o amor entre dois é mal-querido
Só resta velar o peito como se fosse caixão.

segunda-feira, 23 de julho de 2018

Quando a Vida é Quase, Quase Vivida

Saudade é aquele envolvimento golpeado,
O coração é estrado para um sentimento,
Abrem-se fagulhas dentre o lume apagado
E a emoção é bocado de um ido momento,

O esquecimento que não vem, amor é sabor
A terra na boca, língua saboreando o esgoto,
E eu, insonso, desgosto-me deste meu odor
Somos os filhos bastardos, o bastardo ignoto,

Estranhando porque o sol cai aos quadrados,
Porque a lua sempre é esta única companhia,
Enquanto nossos corações forem quebrados

Não haverá luz alguma que se lixe a maioria,
Sou parte de quem não tem todo, retornados
À manhã que foi deixada de um outrora dia.

terça-feira, 10 de julho de 2018

A Vida Sê

A Vida aqui tem passado e de antebraços sorrido,
Em bondade e maldade no segundo passageiro,
Por trilhos e veredas pelo horizonte tem corrido
Tem havido beleza no escuro, a luz do candeeiro

Que é Vista e luar para quem passa e quase vê
A noite prescrevendo o ditado do outrora dia,
É a súmula do homem ausente que em si é e sê
Não esquecendo a senda para o beijo, da magia, 

Raios de Sol e faz-se fulgente a letra do caderno,
Somos quase Deuses erguendo-se no forasteiro,
Passa o Outono, o Verão, a Primavera e o Inverno

Quase se toca à tangente a sombra do verdadeiro
Que é eu e tu, eles e nós num abraço fraterno
Num instante infinitésimo que se torna inteiro.

sexta-feira, 6 de julho de 2018

Quando Somos Todos Os Pores do Sol

Cobrindo a face do sol, de rostos encobertos,
A vontade de viver, a ânsia para aqui morrer,
Parece que furtaram a revelação dos tectos,
Sou apenas um homem, permitam-me ser,

Através da noite, a miséria é sombra emprestada,
Eu peço, eu rogo, eu pilho e sou submerso
Pela vontade de viver, a ânsia de morrer é dada,
Abro as feridas do lado da cama, o inverso

É alimentarmo-nos de passados, sois já idos,
Tentação, doce coração, albergues para o beijo,
A procura de fantasia, por sonhos coloridos,

Deitamo-nos no mar e permitimos a Vida ser,
Mais do que a verdade, a vontade, o almejo
Sou os pores do sol, soa a vista, sou o Ver.

domingo, 1 de julho de 2018

Tenho

Aqui, de olhos cerrados somos pecadores,
Os lençóis usados entre caminhos perdidos,
Cruzes e lajes são o silêncio destas dores,
Através de corpos convulsos, estremecidos!

O êxtase da noite, o toque da mão dada,
Um rio fluindo e nós enfim entrelaçados,
Quase amor, nossa cor era vida recriada
De momentos ausentes aqui procurados,

Beijando a chuva, a lágrima em labaredas,
A seta quebrada, eu sou o tolo de Cupido,
Por onde o passo é essa ida nas alamedas,

Indo aonde o pedido do coração é indeferido,
Ante ruelas e vielas, sendas virando veredas,
As saudades de sussurrar amor ao seu ouvido.