sábado, 28 de abril de 2018

Amor, Somos as Crianças Perdidas

Amor, somos somente frágeis crianças perdidas,
Cantado às estrelas beijos de épocas douradas,
Transbordando do seu peito revistas, renascidas,
Porém sabendo que a noite as deixa quebradas,

Por onde caminhamos já fomos outros a passar,
Desde quando deixamos de ver o firmamento?
Entardecendo entre pássaros e insectos a clamar,
Procurando tal vampiro novo beijo entre o nevoento,

Procuramos o estelar sendo por vielas reclamados,
Leve e docemente a queda é a almofada do sentido
E onde nos vamos buscar em nós somos bocados 

Pois Amor, fomos o que nos restou e nos era querido,
Um delicado toque, semblantes outrora agasalhados
À sombra deste quase reduto de um coração bandido.

terça-feira, 24 de abril de 2018

Grito De Guerra Para Os Sonhadores Pt. II

Sois sonhadores, sois vós a voz que erguerá a una voz,
Precisos para a lugubridade de uma época perdida,
Por favor trazei luzes para alumiar este dantes, este após,
Pois esta cidade ficou enfim cinzenta e perdeu toda a vida, 

Entre os seus escombros estes belos pirilampos enfeitados,
É preciso ousar sonhar, é preciso retornar, é preciso sentir,
Viverei um dia mais cada vez que por eles formos adornados,
Esvaecido na ideia intemporal, num pio chorar ou até sorrir, 

Verdade é que a morte é este tiquetaque, este pérfido abate,
A impermanência é irmã do sonho alado, das plumas coloridas,
Apaixonemo-nos por nossos irmãos, partilhemos a mão, à parte

Que é partilha mesmo que sejamos apenas crianças perdidas,
Amor, Sonho, Vida? Todos em mim e eu neles essa é nossa arte
A ponte entre o céu e a terra, venham a mim quimeras queridas!

quinta-feira, 19 de abril de 2018

Grito De Guerra Para Os Sonhadores

Luzes reincididas para lá de gotículas caídas,
Deixamos um rasto para as estrelas, o beijo,
É poesia para o sol e chuva, mil e uma vidas
Passam por olhos entreabertos, é o almejo,

Oração para o coração silente, a alma caiada
De gotículas de orvalho tornadas semblantes,
Assim se faz o trilho agridoce, assim é a estrada
Para o segundo passageiro, para os viandantes,

Este é o agora, após e desde, aqui permanentes
E dissidentes, feitos de poeira dum mar estrelado.
Aquecer-me-ão quando estiver frio, Luas confidentes?

Não, adeus às cópias, por Ela sempre enamorado,
É o Amor impossível que faz dos incrédulos, crentes,
Então sonhai mais alto de que tudo o jamais sonhado!

sábado, 14 de abril de 2018

Amanhã é Sempre Longe Demais

Fugimos de casa pois não temos sequer um lar,
Nem na terra, nem no céu, assim é este fado,
Somos cães vadios procurando onde repousar
E as frações de metades deixadas aos bocados,

Porém é sempre amor o anseio, eterno e imutável,
Respirando ofegante, por momentos num instante,
Implodindo neste peito sendo a doença incurável,
Esta terna esperança insana deste poeta vagrante,

Escondido onde não nos encontramos, esta algibeira,
Esquina para o sonho e tudo o que puder ser encontrado,
Apesar de ser o rasto que deixo atrás, somente poeira,

Sinto que nesta vida isso é suficiente para ser amado,
Independentemente que seja segunda ou sexta-feira,
Nada importa mais, sou para o amanhã estrado.

quarta-feira, 11 de abril de 2018

O Firmamento É Todo O Meu Coração

Pendurado de uma estrela, sou a poesia,
Beijado pelo rosto lunar, costas no chão,
Suspirando seus nomes p’la estrada vazia,
O firmamento é sinónimo para o coração,

Vemos estrelas a colidir, o rasto cadente,
Quando partires e eu ficar, serei partida,
Encontrem meu corpo no céu, bem rente
Ao cerúleo, de dedos esticados p’ra ida,

Perdido entre supernovas, reavido enfim,
Eu refulgindo o reflexo de suas explosões,
Fugidio dentre nebulosas, pendurado assim

Entre olhos fechados, a sonhar sorrisos incertos,
Corre, corre, corre há prados e constelações
Próximos da verdade e por estrelas encobertos.

domingo, 8 de abril de 2018

Ele, O Amador Sem Coisa Amada

Um pouquinho de nada este sentimento,
Impassível, indolente, inerte ao segundo,
Parece que o homem deixou testamento
De cruzes às costas num buraco profundo,

Os transeuntes vão pela alameda tão vagantes,
As valetas destino para a chuva dos perdidos,
Olhando uns para os outros tropeçando adiante
Onde os homens caem por instantes rendidos,

As estações passageiras dos passos não ateados,
Foragido da vida, a morte é querida, vem a mim...
Tal como a saudade do não vivido, os bocados

Que esmorecem no peito esvaecido aqui por fim,
Silenciosamente, os ontens foram já sobrevoados,
Ele, é somente o amador sem coisa amada sim.

quarta-feira, 4 de abril de 2018

E Morremos Jovens Porém Vivemos Até à Velhice

Sim, morreremos um dia de tão profundo sonhar,
De plumas nas costas no cume da montanha,
Pois o coração sem pertença de tanto se dar
Por vezes até da sua própria luz se estranha,

Vamos somente deixando um esbelto rasto cadente,
Dádiva para todos os dias, a melodia, a alvorada,
Acordando de olhos fechados mal somos gente,
Pois a viagem é enfim o lar sendo pela iris captada,

Um pouco mais de ouro e sou dourado, por fim beijo
O sol e dou-me por encontrado em chão familiar,
Perdido neste frémito intenso em mim sou e desejo

O prelúdio enquanto estrelas caem por este olhar,
Respiro flores e o cerúleo num profundo almejo
Quando tudo o que tenho feito é somente amar.