quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

Àquela Que Outrora Foi

Ao ombro aventesmas de um dia passado,
De costas para o sol, o olhar entreaberto,
Sua mão na minha era o beijo silenciado,
A berma marginal de um amanhã incerto,

Corações apressados, o esvoaçar de marés,
As rosas no estômago, borboletas no mural,
As pegadas na areia por descalços pés
Diziam-me que éramos mais, que eras a tal,

O sorriso fulgente de um favor esplendoroso,
Seu olhar continha do céu as constelações,
Traçadas nitidamente por um olhar gracioso,

Bela donzela és a minha agonia, as negações,
A queda, a tristeza e a morte em tom ruidoso,
Amor, amor, ainda és todas as minhas perdições


domingo, 28 de janeiro de 2018

Proclamação ao Amor pelo Instante

Estes são os ecos dos meus passos na viagem,
Eu sou a tela e o pincel, o sonho do sonhador,
Sou ânsia e desejo, beijo na e pela aragem,
A parte e porção do inteiro, somente amor,

Permaneço cativo do instante que é passageiro,
Apaixonado e intenso, esta é a passeata,
Sou corola, raiz e pétala, barco e timoneiro,
Escrevinhando molduras e redigindo minha errata,

Porém ainda és tu amor a luz e o horizonte,
És segundo em mim, fragmento e fragmento,
O espaço entre margens em mim - a ponte,

Esta é a saudade do amanhã, a ânsia do passado,
És sombra e semblante dum agora, o momento,
Aqui és a única coisa que no peito tenho cravado.

domingo, 21 de janeiro de 2018

As Crianças Aladas do Nosso Peito

Observemos as estrelas enfim a colidir,
Por instantes somos irmãos verdadeiros,
Há pontes a erguer, horizontes a atingir,
Isso é muito maior que todos os cinzeiros,

Ser preenchido de confetes e lembranças,
Encobertos por toques tão fofos e leves,
Há que conceder asas a essas crianças
Pois estes tempos são rápidos e breves,

Amor é este instante neste precioso aqui,
Haja memórias e aspirações para a estrada,
São estas as cores para pintar o nosso colibri,

As luas passadas, o sois vindoiros, a esperança
De quem é suspiro ecoado entre tudo e nada,
Pouco mais sou que a poeira dessa lembrança.

domingo, 14 de janeiro de 2018

Cantarolamos Constelações Aqui

Abram os olhos há notas nas constelações,
Melodias vão nas espumas das nebulosas,
Há alma, há moção e infinidades de corações
Dentre essas galáxias tão belas e formosas,

Trago beijos sob um olhar atento e preciso,
Pincéis sob dedos esticados para o firmamento,
Traçando estrelas cadentes a gesto indeciso
Pois a dádiva é permitir o agora, o momento,

Deixando um rasto cadente de quem é tocado
E toca na alvorada assistida pela cantiga
Que é vida nas mãos de quem há entoado

As supernovas e buracos negros - a intriga
Do corpo celeste a doce toques pintado
É o suficiente para colocar de lado a fadiga.

domingo, 7 de janeiro de 2018

Ósculo ao Segundo

Reclinando-se sobre a poltrona ele é enfim vida,
A intempérie havia as nebulosas reclamado,
Por onde olhava não se via a costa querida
Nem os outroras que havia outrora conquistado,

Hoje sou fragmento de pé assente na estrada,
Pele enrubescida pela ambição deste poeta,
Amor não, não te esqueci, ainda és a amada
Mas amanhã já será tarde para fugir da valeta,

Amanhã é tarde demais quando passam segundos,
Eles são para mim o único sítio onde quero ficar,
Eles são para mim todo o amor, todos os mundos,

Mesmo quando para mim já não há sítio nem lugar
Terei sempre espaço nos passos dos vagabundos
Que em mim moram e me vão ensinando a andar.