segunda-feira, 4 de agosto de 2025

O Velho Que Serei

No rosto rugas, mãos trémulas e passo arrastado,
Cabelos brancos, ossos frágeis num espelho gasto,
A voz cansada e a lentidão longa do já respirado,
Os relógios - memória para um tiquetaque padrasto,

Do passado distante ficou um espera e um legado,
Fim e começo para a aceitação no olhar trazida,
Serenidade e introspecção num destino, num fado,
Ora concretizado, ora tentado numa gestação inferida,

Sendo talvez o eco de um qualquer tempo sem idade,
Em caminhar lento entre uma brisa e a eternidade,
Onde converso com fantasmas e estrelas queridas,

Assim velo o céu através de janelas de vento coloridas,
Pois para a criança que fui e que ainda estende a mão,
Guardei-a no bolso onde a trago vestida no coração.

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