quarta-feira, 13 de agosto de 2025

O Relógio sem Ponteiros

Este é o silêncio antes de qualquer tempestade,
Encontro à beira de um cais quase abandonado,
O último instante antes de adormecer, em verdade
Um diálogo com a própria sombra - o assombrado,

Há uma luz que entra por uma janela esquecida,
Em imaginação pincelo a cidade após a chuva,
Coloco-a numa carta que será sempre perdida,
Este é o tempo do viandante antes da contracurva,

Vestígios de quem fora, ecos para idas alvoradas,
E vem a saudade, abismo para qualquer claridade,
Sou relento para os trilhos de umas outras estradas

Relógio sem ponteiros, dele tenho sido escravizado,
Pelas fendas destas quatro paredes, há eternidade, 
E nessa espera a prisão, aqui sou o estigmatizado.

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