terça-feira, 29 de janeiro de 2019

Se é Andar, Andar é Ir Em Frente

Na palma o sonho, nas pernas a asa potencial,
Viajando através de quimeras e do firmamento,
Sou um nada e um Universo dando-se ao astral
Onde somos eternos num pequeno momento,

Esqueço a sombra que deixo tal rastro cadente,
Adiante há luz em mim enfim ainda por alcançar,
Todos somos eternos num minuto, de repente,
Aqui finalmente atingimos por fim o nosso lugar,

Para além dos mortos-vivos, há o esvoaçar alado,
Ouço o bater do coração que já não é só bocado
Então vamos por onde deixamos o corpo para trás

Onde a guerra reclamou os feridos nas horas más,
Por fim não há mais medo para caminhar em frente,
O mundo é muito mais desde que se vá e se tente.

segunda-feira, 28 de janeiro de 2019

Matem o Cego!

Matem o cego, matem o cego, matem o cego,
Pois a vida passa e nada a preenche, só o ego,
Fazemos castelos na areia, pirâmides para o céu,
Porém somos menores que pequenos, despe-se o véu,

Há vultos e semblantes preenchendo-se de nada,
Anseiam por tesouros sem colocar o pé na estrada,
Transeuntes explorando outrem sem dó ou piedade,
Não conhecem sequer compaixão, amor ou caridade,

E eu, eterno viajante por onde vou ousando caminhar,
Por vezes perco-me deste meu trilho, perco o meu lugar,
Haja estrelas no céu, e cadentes para ser em perseguição,

São o adorno para o caminho, são o preencher do coração
A belos contornos reluzentes tal um beijo demorado na face,
Pois de desnecessário estou farto, disso é preciso o desenlace.


quarta-feira, 16 de janeiro de 2019

Escapando da Armadilha do Beijo Sem Amor

O homem ausente é a única causa da nascença solar,
Evitando o poço que perdura no beijo do instante,
Que não é suficiente, não é o satisfatório, é não amar,
Pois fomos construídos por sonhos tidos neste errante,

Uma gota de sangue por uma vida, para sempre vivo,
Mesmo que o aqui não o auxilie, poderia ser pior,
Poderia ser ausência no coração em tom narrativo
Partilhando o hoje com nada, tal pincel sem cor,

Por isso ele é escape da estrada sem margem para ir,
Conhecendo o ar sob a asa que esvoaça sem contenda,
Amigo do Sol, do Mar e da Chuva, sabe tão bem sorrir,

Deixem-no ir, ele procura por vera magia, o poente
É ficar a meio-caminho, ser pela metade na fenda,
Vede o quanto é preciso crença para ser o crente.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2019

Passando Tal Estrela Cadente - Eu Brilho, Eu Brilho!

Há espaços vazios ainda hoje sentados à mesa,
É o tempo que nos leva aqueles que chegados
Partem e deixam um sabor agridoce, é a tristeza
De saber que desta nossa vida foram eles levados,

Seus sabores nestes lábios de divindade semelhante,
Na orla da estrada foi onde fui nascido, ora consumido,
Para agora transbordando de vida, sou ainda o incessante
Como o ontem se empilha no perecido, é quase até querido,

O perseverante é queda vertical para acima, eu ressoo,
As colinas onde vagueei e me ergui sendo o firmamento
Segui o brilho das estrelas cadentes em ascendente voo

Sem perguntar sobre o que poderia ser amanhã, a ímpar visão
É que cada folego é sangue jorrando, assim dita o momento,
Se criar e sonhar é o mesmo - eu brilho, eu brilho no coração!!!

sábado, 5 de janeiro de 2019

A Viagem Estonteante da Vida

De vida no peito enlevando-a como oferenda,
Desencontrado com os ponteiros do relógio,
Esta máxima é o que vos deixo, é a prenda
E que bom poder partilhar, que privilégio,

Enquanto passa o tempo vou-me observando,
Espelhos mostrando faces por vezes distintas,
É necessário saber como os ir aqui quebrando
Para retomar o excelso desenho, ter as tintas,

Que é dia a dia por uma impermanência ladeado,
Quando falta um pouco de ontem, um bocado
Que não é amanhã também, é só este instante,

O carrossel é viagem através da pista estonteante,
E eu sou apenas passageiro indo em frente, adiante
Por onde o piso é simultaneamente o pé e o calçado.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2019

Quando Pesa Respirar

Eu passo pelas ruas tal sussurro primaveril,
Por janelas azuis quase vejo minha chegada,
Entre as margens caminhando a passo subtil
Ansiando e esperando por uma eterna amada,

Por onde passei sombras beijando o caminho,
E eu, solitário, vagueio através de semblantes,
É assim na multidão que me sinto tão sozinho
Pois para mim todos vocês são ilhas distantes,

De sonhos para cinismos - é o poeta a envelhecer,
É o assassino da criança que por prados ia a correr,
É este tempo que não permite de alívio respirar

É esta cidade sem espaço para de facto se amar,
E eu a definhar com estas vertigens no coração
Por não encontrar quem confira ou dê sua mão.