terça-feira, 30 de setembro de 2014

Silêncio: Entre Mim e o Seu Quarto

Silêncio - entre mim e o seu quarto,
Conto segundos através de suspiros
E certas palavras gastas, assim parto,
Ela é em mim e eu seu apartado retiro

De sua voz e seu sorriso, o leve almejo
- Aquele regaço, vertendo tal comorebe,
Frágil sonha, tão delicado tal último beijo
O único anseio que esta boca ainda bebe…

É assim que os anjos caem do paraíso,
Desse seu pedestal um arco-íris de cor
Pois do negro ao branco tudo é preciso

Então que ela seja o carrasco e a flor:
Goya, Yagan, foscos berços, o sorriso...
E a lágrima… queda-se a chama… Amor?

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Este País: Não É Bem Morte, É Não Vida

Não é bem a morte mas sim a não Vida,
Essa sabe tão, tão bem o que é Portugal
O não abrir ou sequer fechar da ferida,
Essa presença sem vida será meu funeral,

Portanto nem é bem o frio, é a falta de calor,
É uma toda possibilidade não concretizada,
Ter dívida para com ninguém e ser devedor
Por todo um país que mais parece uma cilada

Para quem pôde ou poderia noutra situação,
Posto de parte mas não a parte da equação
E para os inocentes, esqueçam a absolvição,

Aos olhos de todos somos todos um culpado
Será este o fado dos grandes filhos da Nação?
Enquanto o Viver é um não - tal sonho adiado.


domingo, 14 de setembro de 2014

Por Janelas de Vidros Azuis Pt. X: Deixando-se Entre Margens

Restos e ecos de suspiros enviados lá p’ra fora,
Hão-se ouvir violoncelos em marca d’água
Onde somente a sombra de ninguém mora
Para além da desolação, a tristeza e a frágua,

Um dia quando a meia-luz da morte pairar,
Esquecei que alguma vez fui nestas ruas,
Até quando o chão ruir e o céu desabar
Olvidai de quando minhas foram idas luas

Brincando com raios de luz nos nós dos dedos
E o mundo era lar logo não tinha segredos,
Havia sempre uma bela canção para partilhar

E por cada novo passo deixado - um todo vaguear,
Mesmo sem chegar, há chegada, mil e um medos
Há que o saber! esquecer... há que o relembrar e o deixar…