terça-feira, 26 de julho de 2016

Via Uma

Via uma donzela perto do mar,
Seu cabelo a onda da perdição,
Um abrigo para a tormenta sonhar,
O apressado tiquetaque de um coração,

Pela cálida areia ia de pé descalço,
Todo o meu mundo o seu refém,
Seu olhar o reflexo de um espaço
De que já não há lugar cá ou além,

A vida é cadáver e a mão beijada,
Em dia em que deixa de sair o sol,
Perde-se sonho, a esperança é quebrada,

Vai a donzela deixando o seu mundo
O poeta na sombra do seu anzol,
Recaíndo num fosso sem fundo.

terça-feira, 5 de julho de 2016

Vai-se Passando

Vai-se passando o que sublinha,
Escrevo no caderno uma pintura
Digna de uma qualquer entrelinha
Enquanto se aguarda pela sepultura,

Nasci obviamente fora de meu tempo,
Deveria passear pelo jardim do Romântico,
Sabeis, aquele que se dá ao vento
E pernoita ansiando junto do Atlântico,

Observando a queda de estrelas cadentes,
Contando as bolhas oriundas do mar
Esta é a forma deste coração sentes?

Esta é a sua única forma de trabalhar,
Pois o resto passa tão, tão ausente,
Que se vai esquecendo o que é sonhar.