domingo, 26 de dezembro de 2010

…ora trazida no Ver: A Nebulosa… Pt.II

Pendurado de uma estrela, a intermitência é constante e refulgente,
Repercute-se no brilho aguado do olhar reflectido no horizonte da tela,
Contendo devotamente os momentos passados, o ser é hora abstinente,
Em armários abarrotados de gavetões mal fechados, no refulgir da parcela

Luzidia e dispersa infundida em diademas de espinhos ornados a cetim,
No sonho acordado do aparente desassossegado no turbilhão do instante,
Indo pisando o trilho, e no trilho anterior a inexistência de pegadas vem assim,
Como ruído de fundo, no ar irreflectido rendido aos pulmões e no olhar distante,

Oh efémero, por favor, não persigas mais esse sussurro absorto de aventesma,
O perdão é fruto prazenteiro, deleite fatídico para o fontanário do estro poético,
Nesta correspondência que mais do que ansiada, é difundida na celestina resma,
Reciprocamente, a paisagem que singelamente aprecio, é o esvaecer do céptico,

De braços oblongos, expandidos albergando a essência do que nos atravessa,
Subtil e sublime, o liame ao mundano terrestre então esvaece, a Fonte é aberta,
As gotículas afluindo, o deveras sentir o inefável perante palavras que enalteça
O Universo interior e que suas cordas vibrem e nelas pulem vendo a porta reaberta,

O ósculo prostrado nos nós dedais, era a fragrância celestial entornada no eu,
A franzina e trémula Luz eterna, quão cativante nos cativa, subsistindo no detalhe,
E ei-la novamente, a maviosa melodia, escutada outrora nos cânticos de Orpheu,
Reconhecida em Enochia, seja esta a sublime harmonia, que a escuta nos entalhe,

Retendo o paladar da brisa, seremos a ponte: os filhos do éter, com as asas abertas,
Deslizando lestos, recorrentemente principiantes e crianças, entre a Terra e o Cosmos
Palmas abertas e dedos esticados, na aragem incidente serão estas as horas incertas
De experiencia reunida, para tudo e para nada, somos semblante e em seus contornos,

A Aurora e o Crepúsculo enfim conciliados, na franzina e trémula luzência eternam,
Mesmo em sua dissipação, no efémero somos o Eterno, em Ascensão bidireccional
Sobrevém a Divina Intenção, as Galáxias espelhadas no Olhar repercutem e reiteram,
Afloram, florescem, crescem, São! Inconscientes mas contentes pelo milagre intencional…

A oitava estrofe pode parecer premeditada…
…mas é tão, tão, tão casual.

…ora trazida no olhar: A neblina… Pt.I

A neblina ora trazida no olhar, é apenas igual a si mesma,
Fruto da morte que permanecerá igual ao seu nascimento,
A inocência na pureza, sentença e jazigo de rosa aventesma,
O indistinto perante o inofensivo caminhar, a ausência de intento

As pegadas, iterações no real, na diferença provem a desistência,
Indiferente aos olhos da tida como esbelta, recaí a fatiga da espera,
As flores oriundas do madrigal revestido, são no espectro transparência,
Atravessada, por duplos punhais, indeferida remessa que aqui exaspera,

De neves e frialdade encoberto face à instigação do soalheiro abismo,
Desbotado ao rigor Invernal, é mais do que queda, é subtracção de luz,
O tormento do tido como Belo, atormenta, é pincel lírico em surrealismo,
A perda é prenunciada na temida reciprocidade do olhar que tremeluz

O abstracto sentimental, irracional perscrutando mapas azuis de Vida,
Na inexistência destes, remetendo os pés à estrada, ponto final parágrafo,
Estranha forma esta de estar, retendo o fôlego na inexistência de luz retida
A de temer o medo e contudo senti-lo intenso, é a sonolência do sonígrafo, 

A errónea descrição onírica, torna-se a companhia para caminhar,
Cessando-se ao ruído de fundo, cedem em sucessão os dias outonais,
Carenciadas de cetim e veludo, estas mãos, do semblante que restar
Vão-se emaciando e no espelho observando as penumbras espectrais,

Sabem meus nomes, o sentir a essência da palavra, o Todo suportado,
Pelos poucos que albergam, concedam a este tumulo envolto ao peito,
A flor que floresça para lá do Céu, algo de único, além do premeditado,
Do altivo eirado a terra esbatida a régua e esquadro, terei então impar leito

Um abrigo sim, mas não para o errante sol ou para a precipitada chuva,
Mas do sentir tragado diariamente pelo banalmente vulgar e igual ao comum,
Os prazeres e deleites que pronunciam placebos à alma, a tortuosa contracurva,
E resvala, na agonia e tormento que se repercute nesta falta de alento. Um

Na espera desesperançada, pintor orbital solitário de grinalda cinza colorida,
Oh, houvesse flor mais esbelta do que esta que trago para ofertar no coreto
Onírico, alcançável através de olhar semicerrado a vista é enfim reflorescida,
Em recesso gradiente ornado, lembrando as orlas do estio, inverso ao concreto.

sábado, 11 de dezembro de 2010

O Sonho Acordado – De Partícula a Onda Pt. II

As quatro estações no microcosmos, subdivididas pela Luz e Escuridão,
O meio que penetre na esfalfa óssea, insuflado pela leveza de seu tacto,
O arauto cuja mensagem é demasiado simples para sequente expressão,
No meio sitiado por fraternas esporas luzidias, o espelho de ambos refracto

Na água, reflexo de luzes franzinas e efémeras porém singelamente eternas,
Parte do pitoresco cenário no qual involuntariamente as margens são embutidas,
Acontece o acontecer, na deslocação dos mares, no pulsar estelar de sutis fraternas
Sem sentires achados ou sequer perdidos, o simples sou nas singelas do aqui nutridas,

A lamuria fugaz da ribeira, a cumplicidade do Uno aqui mesmo confidente,
Detemos a humildade do adejar de uma folha, solitários a cada novo instante,
Porém de sorriso, delineados com similar pincel ao da paisagem aqui incidente,
É na suavidade de seu toque, é seu enfoque que rareia a opaca neblina restante,

A cada feixe de Luz, dádiva celestial de tonalidades indefiníveis, o inefável,
É inevitável quando acontece, é a Voz do Cosmos tangível ao tacto sensível,
Um dia, novamente serei Luz, tudo aquilo que ama a Escuridão é onda instável
A partícula enfim abdicada, esses dois sim, ímpares almas gémeas no imperecível.

Quando Partir: o Sono Desacordado Pt. I

Ouvirão minhas Vozes no reflexo das árvores,
Sentirão um ténue vaguear no ribeiro aligeirado
Rumo ao poente, diante de indistintos espectadores,
Em diminuto murmúrio o solilóquio do desassossegado;

Liquidificação sorridente de uma poetisa aluída e tocada,
Singelas gotículas oriundas do imergir além do firmamento
Amontoam-se em minha vidraça suavemente embaciada,
O Sonho prorrogado, do tombado mendigo o único sustento;

Elevam-se acima os feridos em batalha, inda com melífluo sorrir,
Arco-íris: O reconforto aguado matizado em réstias estre-solares:
Nosso Ver, o simples sob nebulosas fugidias, Ser no obstinado resistir
Ao meramente Humano, a presa do banal, os esquecidos recordares

De tempos altivos e honrados, ao aceno da afluente Aurora noctívaga,
Labirintos amontoados sobre sepulcros cinza, percurso agora percorrido,
Onde rascunho é a frialdade de monólito ruído e adverso, ao sono instiga,
Contudo no centro da palma da mão, o poder do multiverso é início retido,

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Singularidade do Ponto Zero no Pluralizado

Na efemeridade do momento, a real transcendência,
O Tempo, momento actual em plenos acontecimentos,
A única regra do natural é simples: a singela transparência
Instante, fracção do Tempo: formado de breves momentos,

O Ser, irmão do acontecer, advindo de sacro sacramento,
Após a Singularidade, o Ser Uno fragmentado em porções,
Esbeltas em consciência, o milagre da existência, rebento
De inefável afinação do primoroso arquitecto, intenções(?)

Óbvias da Criação, a mais esbelta de todos os muitos milagres,
O acaso premeditado, consequente do primeiro ponto nulificado,
Fragilidade emanada, reciproco no olhar estelar, são estes consagres,
A consciência concretizada no filho pródigo, relegado de prévio estado.

Somos vestígios de pós de fragmentos estelares, esvoaçando alados,
Ao sussurro do zéfiro, no ténue silvar das árvores, espelhos do ainda Uno,
A maresia enleante na ascendência dos Soalheiros em tons romanceados
Com arco-íris como apelido e sobrenomes de fragrância cerúlea, o aluno

É vulgar obrigação, sou aprendiz por opção, e a evolução é o destino,
Dos reluzentes que se predestinam a tal, ao ósculo Cosmológico inteiro,
Vamos partilhando o eventual aprendido, contudo e porém nada ensino,
O plural de ascendência una, afluentes fluindo lestas para o mesmo Ribeiro...

A Recusa ao Adormecer sob Estrelas Intermitentes

Não ao adormecer sob estrelas intermitentes,
Elas fedem a finitude, ausência de eternidade.
E efémero é palavrão no léxico dos reluzentes,
Aos que apenas expiram: a divina obscenidade.

No banal cativos, intermitentes, o fulgor pendente,
São nestes suspiros com laivos erguidos ao vero asco,
A metade jaz em ainda menor fragmento, o real mente,
E à falta de luz nem o luar assiste ao ecuménico fiasco,

São brados ecoados e reverberados pelas ondinas,
A acalmia passada, aguarda a seguinte intempérie,
Nhin osculando seus reflexos na água, e nas colinas,
Oreádas bailando vistosas pinturas, mas, nesta paupérie,

No concreto desnutrido, no tom acinzado de suas faces,
Estas estrelas hoje são intermitentes sim, inspiram a suspirar,
Recusando este tacto visual, a envolvência vera em enlaces
Repercutindo no transcendente, isso sim, este simples abraçar.

n. ego

Na subcave do soalheiro Solstício Pt. III

Suas mãos, as mais belas deste vasto Cosmos,
Eu delineava-as de olhos fechados, re-retocando
Estes rascunhos quiméricos, salvos nesta aventesma,
Estes lábios, assimétricos e vagarosamente mitigados,
Pela emanação das palavras mais doces e belas de Sempre.
A nós a mais re-suspirada inspiração, a póstuma prece, já prescrita,
Seus olhos, gradualmente mais foscos, tornara-se então difícil discernir as cores,
Aludindo ao meu fascínio pelo obtuso, nessa noite ela era a regressão marítima,
Comovida e tocada pelos ecos distantes desta regressão, trilhando suas pisadas,
Por vezes, caminhava durante horas, em solilóquios com Nhin, sua fiel confidente,
Confidenciando-lhe que havia perdido, durante o caminho, a ternura de seu perfume,
A fragrância da maresia, sua presença então palpabilizava-se em respiração ofegante,
Seu bater cardíaco mais acelerado, suas pupilas dilatadas e em suas mãos esvaziadas,
(até de grãos de areia, aquela que utilizara para enviar mensagens cúmplices às oceânides)
E quando, por fim, o mundo se prostrou silencioso, de queixo para cima enfim permitiu acontecer –
De olhos ora fechados, ora semicerrados, o desejo singelo em namorico ingénuo com o Éter,
Lá, erigiu o Orfeão mais ousado, aquele que rasurou singelamente as áureas fundações cerúleas, as vozes dos Outros emanando de suas adjacências -
Sorriso melancólico, escorrendo pelo canto esquerdo, olhos retornados para a praia,
Ema agora pálida e acinzentada, retornada a Rosa que lhe havia conferido princípio,
E eu soube então, apenas a mais sacra elegia será realizada sobre minha muy colorida Tumba,
E que em seu epitáfio, em letras minúsculas, algo deifico, escrevinhem a seguinte frase:
Ornamentada com o final de todos os arco-íris do Mundo: “A Ema sempre: Asas não mais, jamais e sobretudo… nunca mais negadas.”. E que o silêncio, quando o houver, apenas seja quebrado pelo seu esvoaçar alado osculando estrelas como se de flores se tratassem: (O Colibri).

Na subcave do soalheiro Solstício Pt. II

Bailando lesta em ebriedade platónica,
Na brevidade sublime daquilo que refulge,
De braços abraçados, envolvendo-se
Em si, e em alguns passados adiantes,
Entre versos idílicos, no seu cabelo,
A lenidade da maresia era embalada,
Cada cordel principiado para…
Para… ser afagado sobre sua orelha,
Apontava grãos nas linhas do areal:
“Sou a menina feita de sonhos”,
A estrofe que definia sua passagem.
Havia nascido para amar magia,
A genuína e sincera fonte de magia,
Magia como só poucos conhecem,
Aquilo que jamais se deve apressar,
E até raramente verbalizar pois,
Pois verbalizar é apenas mais uma forma
De relegar o belo e banalizar o especial,
A nascente do manancial do estro,
Poético seria menosprezar esse Sentir,
O envergar o Tudo em cada olhar,
E de Tudo ser parte fraccionária,
Neste conjunto de versos ia rimando,
E surgia o consequente sorriso,
Escapavam-se-lhe como se de,
De uma ligeira petiz se tratasse,
Encantava-se Ema neste Sentir,
Quando o nocturno se volvia em dia,
E no dia, a beleza da noite se reflectia,
Tal relação como a das estrelas e no mar,
O efeito inconveniente era o interstício,
De ósculos diferentes, sentires afinal díspares.

Na subcave do soalheiro Solstício Pt. I

Na subcave do soalheiro Solstício,
A apoteótica Ode ao Orfeão em vão,
Mais menor do que o poema outrora prometido,
O que em cada novo avistamento: disparidade,
A bela e delicada esperançada espera,
Pois a procura é concubina da expectativa,
Como as abjuro a ambas, mesmo quando,
São minhas únicas insidiadoras companhias.
De olhos cintilantes, com frondosas flores
Gentilmente embaladas para ofertar,
Radiosas e fulgentes, o sorriso incidente,
A maior dádiva dos e aos firmamentos: sorrir,
A melancolia havia reencontrado Ema,
Dentre milhares de esferas de pólen esvoejando,
Onde Ema imóvel, aguardava e esperançava,
De vestido cândido, semi-rasgado nas pontas,
Estas humedecidas pelo enlear da maré,
Ondulando ao sabor da brisa marítima,
Suspirava e ia murmurando disparates,
Que apenas ela deveras não percebia,
Rodopiava, no rodopio mais puro
E portanto, o mais estonteante,
O da arritmia de seu respirar,
Ia recaindo na brisa fortuitamente,
Quão subtil seu ténue embalar,
De pés descalços, areia dentre dedos,
Deleitando-se no aparentemente
Ridículo e patético, todos os amadores,
Como são, amando sem esperar retorno,
Ignorando o que ridículo e patético significa,
Seus olhos: as estrelas aguadas mais brilhantes
Do ponto donde era até ao longínquo horizonte.

Rosa. M. Gray