segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Na subcave do soalheiro Solstício Pt. III

Suas mãos, as mais belas deste vasto Cosmos,
Eu delineava-as de olhos fechados, re-retocando
Estes rascunhos quiméricos, salvos nesta aventesma,
Estes lábios, assimétricos e vagarosamente mitigados,
Pela emanação das palavras mais doces e belas de Sempre.
A nós a mais re-suspirada inspiração, a póstuma prece, já prescrita,
Seus olhos, gradualmente mais foscos, tornara-se então difícil discernir as cores,
Aludindo ao meu fascínio pelo obtuso, nessa noite ela era a regressão marítima,
Comovida e tocada pelos ecos distantes desta regressão, trilhando suas pisadas,
Por vezes, caminhava durante horas, em solilóquios com Nhin, sua fiel confidente,
Confidenciando-lhe que havia perdido, durante o caminho, a ternura de seu perfume,
A fragrância da maresia, sua presença então palpabilizava-se em respiração ofegante,
Seu bater cardíaco mais acelerado, suas pupilas dilatadas e em suas mãos esvaziadas,
(até de grãos de areia, aquela que utilizara para enviar mensagens cúmplices às oceânides)
E quando, por fim, o mundo se prostrou silencioso, de queixo para cima enfim permitiu acontecer –
De olhos ora fechados, ora semicerrados, o desejo singelo em namorico ingénuo com o Éter,
Lá, erigiu o Orfeão mais ousado, aquele que rasurou singelamente as áureas fundações cerúleas, as vozes dos Outros emanando de suas adjacências -
Sorriso melancólico, escorrendo pelo canto esquerdo, olhos retornados para a praia,
Ema agora pálida e acinzentada, retornada a Rosa que lhe havia conferido princípio,
E eu soube então, apenas a mais sacra elegia será realizada sobre minha muy colorida Tumba,
E que em seu epitáfio, em letras minúsculas, algo deifico, escrevinhem a seguinte frase:
Ornamentada com o final de todos os arco-íris do Mundo: “A Ema sempre: Asas não mais, jamais e sobretudo… nunca mais negadas.”. E que o silêncio, quando o houver, apenas seja quebrado pelo seu esvoaçar alado osculando estrelas como se de flores se tratassem: (O Colibri).

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