Ao sol ela era a escultura para o seu reflexo,
A cor do olhar trilhado por aquela sua estrela
Era homónimo de negro clarão neste entrecho,
Eu – Simples espaço para o anseio em passarela,
Hoje a estrela da madrugada hasteia-se cedo,
Raiam as ondas nesta lida insana, nesta peça,
E se deste navegar havemos nutrido nosso medo,
Estagna-se a vida sem pergaminho que a entreteça,
Soa a miúdo a correr com tesoura e pincéis na mão,
Repleto de cicatrizes e cores transpostas para poesia,
Encostando a cabeça na brisa e ouvindo a sua canção,
Seja do que vem ou não – e se embebe em nostalgia,
Pois quando o céu em suspiros escapa a um coração,
Passam as estações levando suas cores e a sua magia.
Blog do músico e poeta português Joel Nachio onde este vai escrevendo e reunindo escritos poéticos.Tal como as músicas são compostos de forma única a partir do mais sublime reflexo, em retoque, do seu sentimento e poesia. Alguns poemas já pertencentes a livros, outros ainda "frescos" e originais no website...
terça-feira, 20 de março de 2012
terça-feira, 6 de março de 2012
Retrato do Português do Séc. XXI: Essa Rameira Paciente
Dêem-me um número de lugar de camioneta,
Para dormir eventualmente num quarto, no chão,
Moro em latrinas públicas e do pódio um proxeneta
Confere-me desmedidas regalias como côdeas de pão,
Profiro os Descobrimentos como se ontem tivessem sido,
Erra esta nau esperando a sorte que o horizonte alcança,
Contudo se perde num país meio afundado, meio perdido,
Sempre do mesmo estamos fartos mas cansa-nos a mudança,
Egrégio lar por escumalha governado em contos de fadas,
Venho de vários caminhos porém de futuro sou aldrabado,
O esplendor levam deixando-nos um invólucro com mil nadas,
Nação valente quando te libertarás deste cerco, deste Fado?
Vamos engolindo merda como se fosse um sazonado doce,
Coloco a mão na algibeira e em meio bolso sinto-o furado,
Ao invés do amanhã celebramos continuamente o passado,
E vamos vivendo do silêncio nutrido por esta esperança vã,
Esfomeados por nossa própria fome nesta parada precoce,
De cinto apertado e calças na mão aguardámos a manhã,
Espreitando o lá fora e sua luz como se o amanhecer fosse,
Sim, sou um português de gema, o sucessor de mil gerações,
Castrado à nascença, nobre entre as brumas, mas... sem os colhões.
Para dormir eventualmente num quarto, no chão,
Moro em latrinas públicas e do pódio um proxeneta
Confere-me desmedidas regalias como côdeas de pão,
Profiro os Descobrimentos como se ontem tivessem sido,
Erra esta nau esperando a sorte que o horizonte alcança,
Contudo se perde num país meio afundado, meio perdido,
Sempre do mesmo estamos fartos mas cansa-nos a mudança,
Egrégio lar por escumalha governado em contos de fadas,
Venho de vários caminhos porém de futuro sou aldrabado,
O esplendor levam deixando-nos um invólucro com mil nadas,
Nação valente quando te libertarás deste cerco, deste Fado?
Vamos engolindo merda como se fosse um sazonado doce,
Coloco a mão na algibeira e em meio bolso sinto-o furado,
Ao invés do amanhã celebramos continuamente o passado,
E vamos vivendo do silêncio nutrido por esta esperança vã,
Esfomeados por nossa própria fome nesta parada precoce,
De cinto apertado e calças na mão aguardámos a manhã,
Espreitando o lá fora e sua luz como se o amanhecer fosse,
Sim, sou um português de gema, o sucessor de mil gerações,
Castrado à nascença, nobre entre as brumas, mas... sem os colhões.
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