terça-feira, 17 de janeiro de 2023

Pela Brisa Levado

Sim, vamos segurando as mãos de eventuais estranhos,
Através de sepulturas e paixões em estado terminal,
Desabafados por fôlegos largados na dor dos rebanhos
Que vamos seguindo cegamente, é inexacto, é pontual,

Envelhecendo na berma da estrada, na quase vontade,
De quando dois olhares entre si se viam em plenitude,
E sorrisos eram sussurrados no encontro da vera metade,
Amor, eramos maiores que o mundo, a mais alta altitude,

Entrementes dela fomos queda, precipício aberto e incerto,
Fragmento de coração, sem isenção, o compromisso quebrado,
De quando urgia o bocado, o instante passageiro, o desconcerto,

Fica a nostalgia de momentos de magia - eternamente cravado
No peito do trovador, com e sem a sua dor, o momento eclipsado,
Que aquele que seja o último a suspirar seja enfim pela brisa levado.


domingo, 15 de janeiro de 2023

Enquanto Ouvir As Harmonias

Traz-me enfim conforto, sussurra o nome à estrada,
Com dedos cuidadosos cerrando seu olhar cansado,
Onde andamos por jardins verdes vem a encruzilhada,
Esta noite num outro dia viveremos um dia no sonhado,

O ar nocturno pelos poros da pele então será exsudado,
Dizendo o sabor que entre estes lábios se vai escapando,
Caindo da mais alta montanha ao precipício saudado,
Acordamos onde esvaecemos, num riso estampando

Outras alturas, na água fria entre estes pés descalços,
Lavando as mãos, a oferta daquelas asas cobiçadas,
E levantamos voo para o sol poente, ao seu encalço,

Relembrando o brilhar de estrelas altivas, mil sinfonias,
Onde dançamos ao seu som, notas do silencio afectadas
Pelo calor de uma mão na outra e das suas eternas harmonias.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2023

Em Sonhos Éramos


Em sonhos relembro-me de calcar vidro, indo descalço, 
Também saltando sobre cinzas e rochedos, de mãos na mão,
Batendo nas portas e engolindo suas chaves num percalço,
Aonde ia beijando beatas de cinzeiros enfim dormindo no chão,

Em sonhos relembro-me de embaciar vidros com o fôlego
De mil ideais, esperando sois poentes, outras vertentes,
Cultivando o desapego, truz, truz, onde eramos resfôlego, 
Onde pretendíamos ser asas pintadas no céu e entrementes

Em sonhos éramos um pouco de luz por átomos divididos, 
Fechávamos os olhos, não obstante na cinza do dia passageiro,
O ontem torna-se um pássaro entre anseios e desejos despendidos,

Saibam que este sonhar era um outrora e um será, assim soalheiro, 
Alegria e luto ao passar, o riso e chorar sempre e sempre cândidos, 
Era Terra do Nunca nas palmas de uma criança e era o seu aguaceiro.