terça-feira, 26 de agosto de 2025

Rio que Não Chega ao Oceano

Para esta entrega tenho todo um ser ausente,
Um quarto onde só o vento encontra guarida,
Num relógio sem ponteiros, o incrédulo crente,
O seu nome repetindo-se por uma manhã diferida,

Entre ecos não de memórias, mas desta ânsia sentida,
Há um abraço preso na parede de um tempo não meu,
É este fogo que queima e aquece, uma chama suprimida,
E um copo cheio de ausência que bebo até ao fundo, ao breu,

O horizonte é esta linha onde o olhar se encosta de saudade
Do que ainda não sucedeu, tal rio que não chega ao oceano,
Um brinde e seu trago, trago-o em memória e na sua brevidade

Um clarão, cego e torturado, esperando onde não sou encontrado,
Sem idade ou tempo, se pudesse encontrar-me em qualquer humano!
Eu até gosto da ideia de amar, será por isso que é tão difícil me sentir amado?

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