sábado, 30 de junho de 2012

O Sonho: O Anseio da Alma (no Barquinho)

Estas velas têm sido ao sopro do vento,
Na busca por Ícaro neste três mastros,
Este impulso que do caminho é sustento
E cujo oposto será o parar sob alabastros;

O Sonho tem sido esta passagem vertical
Ornando as pálpebras interiores em pinturas,
Pois se a gravidade retém o barco como tal
Haja imaginação para o enlevar às alturas,

Que em sentimento consciente as tomemos
Como objectivo e eventualmente único lar,
Pois este velejar detém o desígnio supremo

Do Universo que é a revinda do e ao singular,
Singremos nestas correntes no volver dos remos
Ao Sonho, esse belo diadema da alma ao ansiar.

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Uma Constelação: Para Imortalizar a Vossa Ausência

E se eu pegasse na vossa sentida ausência
E a pintasse no sorriso de uma constelação?
Seríeis então imortalizada e nessa cadência
Reencontraria para estes ternos suspiros razão,

Sei… sois vós que levantareis novamente esta voz,
Ao longe, de perto, já quase oiço os sinos a tocar
No peito que se perde no meio deste antes e após
E que acredita piamente Ver e Ser nesse vosso olhar

Pois testemunha Deus no ombro ao vosso adormecer,
E aí é brilho em brilho maior do que a maior supernova,
Os sistemas e galáxias se embaraçam e ao seu esvaecer

Esse sorriso é a única fonte de Luz, o Universo todo em trova
Porém… ouvi não os devaneios deste brilho por éter retocado
Neste momento e instante, sou só e apenas… mais um poeta apaixonado.

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Ao Passar desta Brisa no Rosto: Que Soe a Bom Amigo

Esta brisa no rosto tem sido mudança
Pois têm passado as noites neste relento
E dessa constância hei visto a lembrança
Das vezes em que esta brisa era mais vento;

Todos os fantasmas são mais para os fantasmas,
Ónus para nossos diferentes espaços e tempos
Pois como as estações mudam esses miasmas
Que cedem ao Aqui suas vontades e sustentos,

Esses escritos interiores no que o amanhã era
Sempre focados olhando para o que é lá fora
Mas para que servem se só quero viver o Aqui – Agora?

Contudo, vou apreciando esta agridoce espera
Nesta cinzenta nuvem que cheira a lar e abrigo
Ao que muda o que foi só espero um dia tornar-me ou ser...

...um bom, bom amigo.

Was, Is, Shall Be (old song)

A moisture of expressions from who tends to be
A different kind of wave around an equal type of sea
When the cold breeze restarts again we’ll simply pretend…
And smile…

And the world turning and days fading by, …do they feel
left behind, do they question why?
Do reasons doubt the thoughts that gave them birth?…
And doubts…

A Circle moving around the garden æ nourished
From nothing it rose, somehow it flourished
Each withering flower is reborn again…
(even in sand)

And the sky turning and nights passing by,
What do they leave behind, but questions of why?
Remember today as tomorrow’s almost gone
(and nobody knows)

Snow is falling once more (old song)

They fell - dwellers of the quiet world
The white splendor a windowpane absorbs
Like them, I am silence

Amidst ennui walls of dreamless rains
Frozen like them, fainted like them,
Are we everything yet nothing attained but fragments of…

…Snow?

Delayed – absence of recited plans
Portions enticed by the heavens themselves
Concrete destination, partial destitution run for shelter

Things take and burn time and time burns in our age
White city is small, shorter than tall,
My hand is cold, my hand is cold… my hand is holding fragments of…

…Snow

And Life – came to be through my being,
The light that reflected was indeed life,
Born of Love, born of Love… for all living things.

    ...and silently we fall leaving behind a white trail
    We may leave a beautiful trail with a kiss
    With a kiss, the world will heal again.

The time is now.


Stilled Picture V. II of Ema (old song)

Years inside this old picture
Nothing moves inside this whisper
Moments frozen bestowing past
Lethargic future by present’s cast

Disbelieved memories damned by time
In the darkest casket still striving to shine
Tomorrow passes becoming yesterday
Another stub into oblivion’s ashtray...

Shining hearts with nothing wrong
Briefly walking a trail not too long
Midway figures seal radiant smiles
First prayers for closing miles…

Profound wishes for a precise retention
Ecstatic stories entangled to another dimension...
Aboding amidst corners of my mind
Thinking to search yet failing to find...

“Chasing the light… losing bright…”
so much Life slipping through my fingers…

Immersing in mist of a past gift
Preferred clothes no longer fit
Paint now leaking correcting the picture
Revealing a blurred faded feature

Untold contours forgotten story
Collected colors once for glory...
Posing for an unselected destiny
The Girl in the picture was me…

“Losing light… chasing Her bright…”
Smothered within a frame I did could not belong…

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Às Tonalidades... Pt. II da Primavera: Ao Infindo Contido

Temos fluído, sempre em rumo à nascente
E este vaguear predito que nada é perdido,
Agora há que olvidar esse olhar penitente
Porque tudo lhe confere intento e sentido,

Somos! Na escrita da nossa própria odisseia
Onde viver cada dia é epopeica façanha,
Honrando cada trecho que ao herói laureia
Somos filhos de deuses sob a rubra entranha

E se ao caminho o divagarmos pelo errante
Que saibamos chorar e sorrir pois após isso
Virá sempre outro momento noutro instante

E se não voarmos bem alto, jamais iremos voar,
Esse é o prenúncio dos deuses e nós o esquisso
Para o inteiro: o Infindo neste simples caminhar.

Às Tonalidades... de Outono: E às Cadentes no Caderninho

As tonalidades de Outono vêm e vão,
Porém nunca sua cor no Ver reflectida
E jamais essa luz, seja qual for a estação,
Que confere a cor ganha e até a perdida;

E esquecer a vida no Amor e Alma jamais,
Este caderno terá em cada linha sua lida,
Venham seus temores e outras coisas tais
Trá-los-ei no abecedário que é desta vida

Em mais caminho, quase sempre solitário,
Que ora se vai remetendo para as frentes
E outras vezes é de si seu próprio contrário,

Se cravando na pele em cicatrizes e sinais…
E para não esquecer trago-as em cadentes
Nestes fulgores, estrofes e outras coisas tais.

terça-feira, 5 de junho de 2012

O Aceitar: Acordar Sobre Estrelas de Fulgor Ininterrupto

Das sentidas tenho amado todas as estrelas,
Sendo as intermitentes minha única excepção,
Pois se não tocam a alma como posso querê-las
Para aqui me preencherem o resto do coração?

Brindo inebriado à alvorada da noite infinda,
Sem amadas e sem a sua luzência neste peito
Esquece-se o intento do trilho e à nossa vinda
Tornamo-nos intermitentes neste fulgor rarefeito,

Portanto eu sou das fulgências fixas enamorado
Por cada segundo eu passo as travessas, as vielas,
Revendo no reflectido este acumular do passado

Destes olhos a luz cativada e para o infindo telas
É o Ósculo que nesta alma é sempre repintado
Por elas, pois têm sido elas - elas!… somente elas.

Um Pouco de Luz: Para Quem Luz Procura

Deste caminho apartou-se-me a mais bela
Ideia enviada ao silêncio da noite forasteira,
Era só um rosto esbatido a tons de aguarela
Na ânsia deste observar sobre a orla costeira,

Espero-a em anseio do alto destes penhascos,
Onde abaixo fráguas inda aguardam pacientes,
Que suas escarpas saibam a um suave damasco
E ao seu toque assentem estes tempos reticentes,

Onde tarda o envolver de e a toda a Primavera,
Somente para sorver nos lábios a sua brancura
E partir sem mais voltar para o que o trilho adultera…

Este deífico respirar deveria dissipar esta parte escura,
Porém se pouco muda, há-se tornado a ideia efémera?
Quem dera, ao menos não seria luz para quem luz procura.