terça-feira, 23 de outubro de 2012

Ao Belo Momento: Que Esteja Sempre Connosco

Daqui cinco horizontes são nesta vista,
Eu pertenço ao que se estende acima
E abrange tudo o que além de si exista,
Esse longe é o que de mim se aproxima

Retornando a centelha fulgente ao aqui,
A original do retrato das viagens imensas
Através da orla estelar e das nebulosas em si
À qual pertenço e em mim são pertenças,

Ao que é agora e hoje, cultivo o desapego
Com todo o Amor que há neste firmamento
Pois se neste mar de impermanência navego

O que é aqui, amanhã poderá ser só vento
Porém que sublime será, trazer-me-á sossego
Por ter soprado e sido comigo num belo, belo momento.

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Por Janelas de Vidros Azuis Pt. IV: Ao Conforto do Frio

Este é o dia-a-dia do sempre ausente
Aguardando no conforto que há no frio
Até vir sobre as nuvens o rosto confidente
Que através destes vidros vem sempre tardio,

Ao entardecer os vidros azuis eram as demoras
Que nem as trémulas pisadas dadas por Orfeu,
Sempre em frente porém ao passar das horas
Questionava-me qual a parte deles reflectia eu.

Há demasiado frio, enregelado no rosto do espelho
Agora há que olhar para dentro, largar o que foi,
Então virá luz e sol partilhando-se com este velho

O rascunho de sua vida nesta eterna história a dois…
Por fim há calor e sua cor a íris em nós reconstrói
No único beijo verdadeiro, a morte pode vir depois.

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Ao Vento Seremos: A Distância

Do que outrora fora dois num lugar
Com luzes trémulas - ficou a intenção,
Dita em confidências ao rosto lunar
Onde perdura o resto da nossa mão,

Agora que venham os beijos do vento
Que ele soletre docemente este nome
E quando chegar o dia pela noite dentro
Se lembre... e este olhar de silêncio se tome,

Não erigirão estátuas com as nossas figuras
Nem contarão histórias através dos tempos
Perpetuando este Amor em belas escrituras

Não… Seremos cativos de diferentes ventos,
Soprados em distintos sítios às bermas escuras
Tardando no reencontro e por Amor sedentos.

domingo, 7 de outubro de 2012

Eu Nasci: Para Amar Magia

Não, não nasci para o cinzel de ruas estreitas
Arqueadas através dos prédios de asfalto,
Nasci para ladear as estrelas e em colheitas
Retornar aqui o seu brilho bem lá do alto

Onde as flores não são bem, bem flores
E o silêncio é um discurso bem partilhado
Onde não há malicia nem demais dores
E há verdadeiro amor sem se ser amado,

Fatiga-me a pressa da comoção insanada
Desfilando agitada através das sombras
De quem vendeu Amor à longa jornada

Pousando a cabeça ao luxo das alfombras...
De que me interessa este culto do nada?
Aqui somente os bem vazios ensombras.

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Aceitação: Do Que É, No Quase Eterno

Encerrai-me em vosso abraço de beleza,
Eterno serei vosso tal como sempre fui
Pois deste fluir neste mar de incerteza
Este colorir esse envolver ainda possui,

Esboçando no retrato uma única imagem,
A águas de ontem num moinho transparente,
Reflectindo as pegadas de toda uma viagem
Para sempre no sempre e quase eterno assente,

É terno pois traz o desmaiar do esquecimento,
Assim tenho sido o vislumbre daquilo que pinto:
O sussurro da viagem na brevidade do momento.

Aceitando-a tal como é, simples e sincera em vida!
Seu retracto um dia serei, obviamente mais distinto
Então sim, há que nos render ao que ela convida.

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

A Alma: Em Suspiros Endereçados

Sob estes pés tenho sido a calçada,
Em rascunhos deslizando no papel,
Numa rua cinzenta e não ladrilhada
Cujo passar se resume a este infiel

Hálito largado ao esmo do outono
Pois nesta bela e melancólica balada
Semeia-se o sonho e ao não vir o sono
Permanecemos... Neste meio tudo e nada

Que serena e apoquenta tal crença ansiada:
"Sussurrará ela este nome ao adormecer?"
Suspirava ele pelo seu à leda alvorada

Até regressar a ânsia de por ela morrer,
Em mim, por ela - essa donzela amada
Por quem alegremente daria seu ser.