Este é o dia-a-dia do sempre ausente
Aguardando no conforto que há no frio
Até vir sobre as nuvens o rosto confidente
Que através destes vidros vem sempre tardio,
Ao entardecer os vidros azuis eram as demoras
Que nem as trémulas pisadas dadas por Orfeu,
Sempre em frente porém ao passar das horas
Questionava-me qual a parte deles reflectia eu.
Há demasiado frio, enregelado no rosto do espelho
Agora há que olhar para dentro, largar o que foi,
Então virá luz e sol partilhando-se com este velho
O rascunho de sua vida nesta eterna história a dois…
Por fim há calor e sua cor a íris em nós reconstrói
No único beijo verdadeiro, a morte pode vir depois.