segunda-feira, 20 de março de 2023

O Poema

Do caminho é dos ousados, faz-se poesia,
Em letra simples numa estrofe composta,
Com a rima certa e píncaros de fantasia,
Cada verso será para sempre uma aposta,

Os sonetos de um Outono à porta deixado, 
Serei folha ondulando à mercê do vento,
O esboço do coração no espelho embaciado
Através de vidros azuis neste olhar luarento, 

Cai a Primavera num terceto assim vertida,
Ao espaço de um sol nascido e enfim caído,
Num horizonte limpo, numa margem querida, 

A narração do trilho do viandante, o seu esvoaçar,
Ante abismos e precipícios, no sonho concedido,
Este é o poema, um principio sem nunca acabar.

quarta-feira, 15 de março de 2023

Amore

Vou escutando as mais simples nuances do amor, 
Sendo ele abstracto e concreto, tão feio e tão belo,
Tal o frágil balão voador e o Olhar na vista em redor
Dá-me alento para viver, retorna-me o Ver singelo, 

Torna-se significativo cada ar finalmente exalado,
Num ritmo cintilante que seja fluído ou ofegante
É mão conduzindo a um lugar já não relembrado,
O beijo à flor da pele, o saber o que é importante,

Uma luz no coração das trevas, a eternidade do sorriso
Que é brisa matutina, as estrelas fazendo-nos companhia, 
Um pouco de relva verde e pés descalços é o que preciso,

E folhas esvoaçando ao vento gentil, o que mais podemos querer?
É aproveitar o instante passageiro seja de noite ou seja de dia,
Havemos um dia de partir meu amor, havemos de um dia morrer.

sexta-feira, 3 de março de 2023

Para as Musas e Sonhadores À Espreita

Nuvens cinzentas encobertas por uma triste canção,
É a senda que estreita, a fantasia sendo contrafeita,
E eu, no topo do precipício, com a mão no coração
Questiono se há musas ou sonhadores ainda à espreita,

Vamos procurando um lugar ao qual se possa chamar lar,
Esperando para sempre, pela dízima de um ser ornado,
Sem caução e com cuidado, vamos procurando devagar
Por um beijo alado, simples e suave, eternamente dado,

Sorrisos serão partilhados e lágrimas serão enfim jorradas,
E no fim do caminho, o trilho encerrado por umas almofadas
Pois ergue-se o poeta sonhador, fruto do ir e vir e de uma dor

Estranha ao rosto da humanidade, as garras de um condor
Esvoejando sozinho perante a perfídia de uma alegre canção
Por onde alguns se perdem e por onde outros ainda hoje vão.