quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Um Dia Sim, Ema Virá…

Ema ia pisando suave os suaves contornos estelares,
Com o dedo indicador avistando as nebulosas,
Poisavam intermitentes com brilhos ímpares
Seu intento preciso logo precisamente singular:
Adornar o colorido com uma grinalda reluzente,
Quanto à escassez de cor, um dia esta iria assentar,
(Por vezes há que ser crente) – suspirava aquela voz
E o intento era leve e ímpar e até especial:
Colocar o brilho nas estrelas e agrinaldá-las em nós!

{Sob a água uma rosa cinza ia observando}

Pintando uma sílaba de azul, uma única sílaba,
Esta revertendo-se na primeira pessoa do singular,
Envolvidas são em bolinhas em ascensão espiral,
Retratando o inaudito, afluentes em bolhas de ar,
Ema aguardando de mão em mão com a arte floral,
Então ainda dispersas e difusas pela abóboda celeste,
A luz do sol entrando elegante com pontinhos a brilhar,
Nascente do estro poético, o ósculo deífico vindo do este,
E nós submersos por sílabas inauditas, silenciosos e obstrutivos
À própria luz, insurgentes perante a sua bela e pura perfídia,
No seu colher o seu derramar, perante o infinito refractivos
Contudo nele acalmados, no linear o verdadeiro entediar
De silêncio azulado encoberto acima, olvidando sua insidia
Percepcionei objectivamente então o matizado estelar;

Amanhã elas brilharão, sua luz azul será colhida,
Entre suas mãos, Ema colhê-las-á como flores,
Brotadas entre escombros de pedras madrigais,
Até de outros mananciais floríferos e regatos tidos,
Dentes de leão, margaridas e mirtos e outras tais mais,
Em todas elas, revisitadas, serão estrelas azuis revindas,
Colhidas de seu berço, delicadamente e por Ema douradas,
Auriluzindo através do azul contudo somente Azuis neste olhar,
Atravessando-me, a energia dourada e ecoada além horizonte,
Volvendo e transmutando, as estrelas matutinas resplendecendo
Aqui e agora, sendo transportada eu, em afluências ascendentes,
Em fragmentos de porções áureas, alada, desacorrentada elevando
Os céus e contendo-os no único abraço, osculada pelo deífico Cosmos!

{aí enfim, nós fomos e nós seremos: nós somos}

Abrindo as cortinas, correndo as persianas, reflectido
Suas rugas finas transpostas no ver juvenil do sorriso,
No azul, dourando no cintilar este-solar retraçado
Pelo frágil indicador de Ema, são os contornos agora,
Mais vistosos do que alguma vez foram contornados,
Agora enfim vendo, com comedida percepção,
Perguntava-me então: “Havia nebulosas e estrelas,
Antes de estas serem apontadas pela sua candidez?”
Soube então, da minha subcave azul, soube então,
Só as mais belas galáxias serão retornadas do céu,
Incrustadas na grinalda transposta para o horizonte,
Uma loção para magia, outra moção para o {sur}real,
Osculando suas porções, um dia brilharei delicadamente,
Em fulgências azuis áureas, breve, longa e intermitentemente,
Abrupta e ternamente sendo no intermitente então constante
Na abóboda celeste, leve e impar em {in}finita e terna unção,
Um dia sim, Ema virá, um dia Ema virá colher flores douradas de mim.