sexta-feira, 20 de março de 2020

É Preciso Abanar as Fundações de Tudo o Que É Confortável - Queimem Todos Os Templos Sem Deuses Dentro!

Pérolas e laços, máscaras e confetes, prazos de expiração,
Submergido no topo da montanha, a derradeira façanha,
Um beijo de adeus e vem o genocídio de uma geração,
A fundação para o fundo da algibeira, a divina artimanha

É tentar indo esvoaçar com asas por chumbo revestidas,
Auréolas rotas, os homens de fato oferecem salvação,
Passem o cesto de pensamentos e orações perdidas,
Eles são o vosso pai porém eu sou o vosso irmão,

E Deus apareceu-me no espelho pois os anjos caíram do paraíso,
A casa de deus promete a vida eterna, para além além do horizonte,
Por favor larguem essa pele, erguer-vos do vosso cadáver é preciso,

E Deus falou com a minha voz dizendo: "Escutem o vosso sorriso,
Pois só assim se criam escadas para o céu, essa é a verdadeira ponte
Deste momento para o próximo", e o resto meus irmãos... O resto é impreciso.

terça-feira, 17 de março de 2020

Cinza e Pó Onde Se Erguia Uma Igreja

Um breve adeus na bochecha, pétalas e arroz a seus pés,
Estas mãos pintadas a vermelho, de querosene o cheiro,
O vestido de noiva em segunda mão, os outros rodapés,
Onde sonhos penhorados eram reis enforcados num bueiro,

Neste olhar que nada muda, despeito para os corações quebrados, 
Lembrando o tentar pensamentos felizes a caminho da igreja
Pois eram tardios amanheceres e entardeceres antecipados,
E esses lábios de outrora, quem será que os levemente beija?

Estas cicatrizes relembram-nos de que é bem real o passado,
E o muro que entre nós existe, é cerco e rendição para o ser,
Onde sua cara ainda fazia parte dos vivos, esse terno bocado

Era júbilo apoteótico, luzes sem sombras, era o único vero lugar,
Sim, tenho palavras para o não, sim eras e és todo o meu querer,
Cheira o queimado, quando o Inferno vier, deixem-nos o fogo banhar

quinta-feira, 5 de março de 2020

Indo Por Onde Se Vai Sendo

É a ausência de oração, a absoluta submissão, a falta de ar,
Dança, dança por dois e meio segurei séculos neste olhar,
Que por vezes se abstrai da beleza que é o próprio coração
E que por vezes até é aquele órfão sem lar, as asas sem avião,

É o sentimento o tormentório, a cela do asilo como enigma,
Verticalizado nesta mão que é procura, os lábios já beijados,
Outrora num bocadinho de lua a mostrar-se-me no estigma,
Que é a cabeçada na auréola, os dias raramente albergados,

Tentando ir esperando um dia chegar, tão sozinho no respirar,
Completando-me com passos conferidos no chão ladrilhado,
A destreza da queda de uma pena é o vento suave, o suspirar,

Foi por aqueles passageiros que trouxe no peito ao convés,
Com as velas abertas, o horizonte nestas plumas esvoaçado,
A marcha solitária, serei o barco, serei o céu, serei as marés.