domingo, 26 de dezembro de 2010

…ora trazida no Ver: A Nebulosa… Pt.II

Pendurado de uma estrela, a intermitência é constante e refulgente,
Repercute-se no brilho aguado do olhar reflectido no horizonte da tela,
Contendo devotamente os momentos passados, o ser é hora abstinente,
Em armários abarrotados de gavetões mal fechados, no refulgir da parcela

Luzidia e dispersa infundida em diademas de espinhos ornados a cetim,
No sonho acordado do aparente desassossegado no turbilhão do instante,
Indo pisando o trilho, e no trilho anterior a inexistência de pegadas vem assim,
Como ruído de fundo, no ar irreflectido rendido aos pulmões e no olhar distante,

Oh efémero, por favor, não persigas mais esse sussurro absorto de aventesma,
O perdão é fruto prazenteiro, deleite fatídico para o fontanário do estro poético,
Nesta correspondência que mais do que ansiada, é difundida na celestina resma,
Reciprocamente, a paisagem que singelamente aprecio, é o esvaecer do céptico,

De braços oblongos, expandidos albergando a essência do que nos atravessa,
Subtil e sublime, o liame ao mundano terrestre então esvaece, a Fonte é aberta,
As gotículas afluindo, o deveras sentir o inefável perante palavras que enalteça
O Universo interior e que suas cordas vibrem e nelas pulem vendo a porta reaberta,

O ósculo prostrado nos nós dedais, era a fragrância celestial entornada no eu,
A franzina e trémula Luz eterna, quão cativante nos cativa, subsistindo no detalhe,
E ei-la novamente, a maviosa melodia, escutada outrora nos cânticos de Orpheu,
Reconhecida em Enochia, seja esta a sublime harmonia, que a escuta nos entalhe,

Retendo o paladar da brisa, seremos a ponte: os filhos do éter, com as asas abertas,
Deslizando lestos, recorrentemente principiantes e crianças, entre a Terra e o Cosmos
Palmas abertas e dedos esticados, na aragem incidente serão estas as horas incertas
De experiencia reunida, para tudo e para nada, somos semblante e em seus contornos,

A Aurora e o Crepúsculo enfim conciliados, na franzina e trémula luzência eternam,
Mesmo em sua dissipação, no efémero somos o Eterno, em Ascensão bidireccional
Sobrevém a Divina Intenção, as Galáxias espelhadas no Olhar repercutem e reiteram,
Afloram, florescem, crescem, São! Inconscientes mas contentes pelo milagre intencional…

A oitava estrofe pode parecer premeditada…
…mas é tão, tão, tão casual.

…ora trazida no olhar: A neblina… Pt.I

A neblina ora trazida no olhar, é apenas igual a si mesma,
Fruto da morte que permanecerá igual ao seu nascimento,
A inocência na pureza, sentença e jazigo de rosa aventesma,
O indistinto perante o inofensivo caminhar, a ausência de intento

As pegadas, iterações no real, na diferença provem a desistência,
Indiferente aos olhos da tida como esbelta, recaí a fatiga da espera,
As flores oriundas do madrigal revestido, são no espectro transparência,
Atravessada, por duplos punhais, indeferida remessa que aqui exaspera,

De neves e frialdade encoberto face à instigação do soalheiro abismo,
Desbotado ao rigor Invernal, é mais do que queda, é subtracção de luz,
O tormento do tido como Belo, atormenta, é pincel lírico em surrealismo,
A perda é prenunciada na temida reciprocidade do olhar que tremeluz

O abstracto sentimental, irracional perscrutando mapas azuis de Vida,
Na inexistência destes, remetendo os pés à estrada, ponto final parágrafo,
Estranha forma esta de estar, retendo o fôlego na inexistência de luz retida
A de temer o medo e contudo senti-lo intenso, é a sonolência do sonígrafo, 

A errónea descrição onírica, torna-se a companhia para caminhar,
Cessando-se ao ruído de fundo, cedem em sucessão os dias outonais,
Carenciadas de cetim e veludo, estas mãos, do semblante que restar
Vão-se emaciando e no espelho observando as penumbras espectrais,

Sabem meus nomes, o sentir a essência da palavra, o Todo suportado,
Pelos poucos que albergam, concedam a este tumulo envolto ao peito,
A flor que floresça para lá do Céu, algo de único, além do premeditado,
Do altivo eirado a terra esbatida a régua e esquadro, terei então impar leito

Um abrigo sim, mas não para o errante sol ou para a precipitada chuva,
Mas do sentir tragado diariamente pelo banalmente vulgar e igual ao comum,
Os prazeres e deleites que pronunciam placebos à alma, a tortuosa contracurva,
E resvala, na agonia e tormento que se repercute nesta falta de alento. Um

Na espera desesperançada, pintor orbital solitário de grinalda cinza colorida,
Oh, houvesse flor mais esbelta do que esta que trago para ofertar no coreto
Onírico, alcançável através de olhar semicerrado a vista é enfim reflorescida,
Em recesso gradiente ornado, lembrando as orlas do estio, inverso ao concreto.

sábado, 11 de dezembro de 2010

O Sonho Acordado – De Partícula a Onda Pt. II

As quatro estações no microcosmos, subdivididas pela Luz e Escuridão,
O meio que penetre na esfalfa óssea, insuflado pela leveza de seu tacto,
O arauto cuja mensagem é demasiado simples para sequente expressão,
No meio sitiado por fraternas esporas luzidias, o espelho de ambos refracto

Na água, reflexo de luzes franzinas e efémeras porém singelamente eternas,
Parte do pitoresco cenário no qual involuntariamente as margens são embutidas,
Acontece o acontecer, na deslocação dos mares, no pulsar estelar de sutis fraternas
Sem sentires achados ou sequer perdidos, o simples sou nas singelas do aqui nutridas,

A lamuria fugaz da ribeira, a cumplicidade do Uno aqui mesmo confidente,
Detemos a humildade do adejar de uma folha, solitários a cada novo instante,
Porém de sorriso, delineados com similar pincel ao da paisagem aqui incidente,
É na suavidade de seu toque, é seu enfoque que rareia a opaca neblina restante,

A cada feixe de Luz, dádiva celestial de tonalidades indefiníveis, o inefável,
É inevitável quando acontece, é a Voz do Cosmos tangível ao tacto sensível,
Um dia, novamente serei Luz, tudo aquilo que ama a Escuridão é onda instável
A partícula enfim abdicada, esses dois sim, ímpares almas gémeas no imperecível.

Quando Partir: o Sono Desacordado Pt. I

Ouvirão minhas Vozes no reflexo das árvores,
Sentirão um ténue vaguear no ribeiro aligeirado
Rumo ao poente, diante de indistintos espectadores,
Em diminuto murmúrio o solilóquio do desassossegado;

Liquidificação sorridente de uma poetisa aluída e tocada,
Singelas gotículas oriundas do imergir além do firmamento
Amontoam-se em minha vidraça suavemente embaciada,
O Sonho prorrogado, do tombado mendigo o único sustento;

Elevam-se acima os feridos em batalha, inda com melífluo sorrir,
Arco-íris: O reconforto aguado matizado em réstias estre-solares:
Nosso Ver, o simples sob nebulosas fugidias, Ser no obstinado resistir
Ao meramente Humano, a presa do banal, os esquecidos recordares

De tempos altivos e honrados, ao aceno da afluente Aurora noctívaga,
Labirintos amontoados sobre sepulcros cinza, percurso agora percorrido,
Onde rascunho é a frialdade de monólito ruído e adverso, ao sono instiga,
Contudo no centro da palma da mão, o poder do multiverso é início retido,

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Singularidade do Ponto Zero no Pluralizado

Na efemeridade do momento, a real transcendência,
O Tempo, momento actual em plenos acontecimentos,
A única regra do natural é simples: a singela transparência
Instante, fracção do Tempo: formado de breves momentos,

O Ser, irmão do acontecer, advindo de sacro sacramento,
Após a Singularidade, o Ser Uno fragmentado em porções,
Esbeltas em consciência, o milagre da existência, rebento
De inefável afinação do primoroso arquitecto, intenções(?)

Óbvias da Criação, a mais esbelta de todos os muitos milagres,
O acaso premeditado, consequente do primeiro ponto nulificado,
Fragilidade emanada, reciproco no olhar estelar, são estes consagres,
A consciência concretizada no filho pródigo, relegado de prévio estado.

Somos vestígios de pós de fragmentos estelares, esvoaçando alados,
Ao sussurro do zéfiro, no ténue silvar das árvores, espelhos do ainda Uno,
A maresia enleante na ascendência dos Soalheiros em tons romanceados
Com arco-íris como apelido e sobrenomes de fragrância cerúlea, o aluno

É vulgar obrigação, sou aprendiz por opção, e a evolução é o destino,
Dos reluzentes que se predestinam a tal, ao ósculo Cosmológico inteiro,
Vamos partilhando o eventual aprendido, contudo e porém nada ensino,
O plural de ascendência una, afluentes fluindo lestas para o mesmo Ribeiro...

A Recusa ao Adormecer sob Estrelas Intermitentes

Não ao adormecer sob estrelas intermitentes,
Elas fedem a finitude, ausência de eternidade.
E efémero é palavrão no léxico dos reluzentes,
Aos que apenas expiram: a divina obscenidade.

No banal cativos, intermitentes, o fulgor pendente,
São nestes suspiros com laivos erguidos ao vero asco,
A metade jaz em ainda menor fragmento, o real mente,
E à falta de luz nem o luar assiste ao ecuménico fiasco,

São brados ecoados e reverberados pelas ondinas,
A acalmia passada, aguarda a seguinte intempérie,
Nhin osculando seus reflexos na água, e nas colinas,
Oreádas bailando vistosas pinturas, mas, nesta paupérie,

No concreto desnutrido, no tom acinzado de suas faces,
Estas estrelas hoje são intermitentes sim, inspiram a suspirar,
Recusando este tacto visual, a envolvência vera em enlaces
Repercutindo no transcendente, isso sim, este simples abraçar.

n. ego

Na subcave do soalheiro Solstício Pt. III

Suas mãos, as mais belas deste vasto Cosmos,
Eu delineava-as de olhos fechados, re-retocando
Estes rascunhos quiméricos, salvos nesta aventesma,
Estes lábios, assimétricos e vagarosamente mitigados,
Pela emanação das palavras mais doces e belas de Sempre.
A nós a mais re-suspirada inspiração, a póstuma prece, já prescrita,
Seus olhos, gradualmente mais foscos, tornara-se então difícil discernir as cores,
Aludindo ao meu fascínio pelo obtuso, nessa noite ela era a regressão marítima,
Comovida e tocada pelos ecos distantes desta regressão, trilhando suas pisadas,
Por vezes, caminhava durante horas, em solilóquios com Nhin, sua fiel confidente,
Confidenciando-lhe que havia perdido, durante o caminho, a ternura de seu perfume,
A fragrância da maresia, sua presença então palpabilizava-se em respiração ofegante,
Seu bater cardíaco mais acelerado, suas pupilas dilatadas e em suas mãos esvaziadas,
(até de grãos de areia, aquela que utilizara para enviar mensagens cúmplices às oceânides)
E quando, por fim, o mundo se prostrou silencioso, de queixo para cima enfim permitiu acontecer –
De olhos ora fechados, ora semicerrados, o desejo singelo em namorico ingénuo com o Éter,
Lá, erigiu o Orfeão mais ousado, aquele que rasurou singelamente as áureas fundações cerúleas, as vozes dos Outros emanando de suas adjacências -
Sorriso melancólico, escorrendo pelo canto esquerdo, olhos retornados para a praia,
Ema agora pálida e acinzentada, retornada a Rosa que lhe havia conferido princípio,
E eu soube então, apenas a mais sacra elegia será realizada sobre minha muy colorida Tumba,
E que em seu epitáfio, em letras minúsculas, algo deifico, escrevinhem a seguinte frase:
Ornamentada com o final de todos os arco-íris do Mundo: “A Ema sempre: Asas não mais, jamais e sobretudo… nunca mais negadas.”. E que o silêncio, quando o houver, apenas seja quebrado pelo seu esvoaçar alado osculando estrelas como se de flores se tratassem: (O Colibri).

Na subcave do soalheiro Solstício Pt. II

Bailando lesta em ebriedade platónica,
Na brevidade sublime daquilo que refulge,
De braços abraçados, envolvendo-se
Em si, e em alguns passados adiantes,
Entre versos idílicos, no seu cabelo,
A lenidade da maresia era embalada,
Cada cordel principiado para…
Para… ser afagado sobre sua orelha,
Apontava grãos nas linhas do areal:
“Sou a menina feita de sonhos”,
A estrofe que definia sua passagem.
Havia nascido para amar magia,
A genuína e sincera fonte de magia,
Magia como só poucos conhecem,
Aquilo que jamais se deve apressar,
E até raramente verbalizar pois,
Pois verbalizar é apenas mais uma forma
De relegar o belo e banalizar o especial,
A nascente do manancial do estro,
Poético seria menosprezar esse Sentir,
O envergar o Tudo em cada olhar,
E de Tudo ser parte fraccionária,
Neste conjunto de versos ia rimando,
E surgia o consequente sorriso,
Escapavam-se-lhe como se de,
De uma ligeira petiz se tratasse,
Encantava-se Ema neste Sentir,
Quando o nocturno se volvia em dia,
E no dia, a beleza da noite se reflectia,
Tal relação como a das estrelas e no mar,
O efeito inconveniente era o interstício,
De ósculos diferentes, sentires afinal díspares.

Na subcave do soalheiro Solstício Pt. I

Na subcave do soalheiro Solstício,
A apoteótica Ode ao Orfeão em vão,
Mais menor do que o poema outrora prometido,
O que em cada novo avistamento: disparidade,
A bela e delicada esperançada espera,
Pois a procura é concubina da expectativa,
Como as abjuro a ambas, mesmo quando,
São minhas únicas insidiadoras companhias.
De olhos cintilantes, com frondosas flores
Gentilmente embaladas para ofertar,
Radiosas e fulgentes, o sorriso incidente,
A maior dádiva dos e aos firmamentos: sorrir,
A melancolia havia reencontrado Ema,
Dentre milhares de esferas de pólen esvoejando,
Onde Ema imóvel, aguardava e esperançava,
De vestido cândido, semi-rasgado nas pontas,
Estas humedecidas pelo enlear da maré,
Ondulando ao sabor da brisa marítima,
Suspirava e ia murmurando disparates,
Que apenas ela deveras não percebia,
Rodopiava, no rodopio mais puro
E portanto, o mais estonteante,
O da arritmia de seu respirar,
Ia recaindo na brisa fortuitamente,
Quão subtil seu ténue embalar,
De pés descalços, areia dentre dedos,
Deleitando-se no aparentemente
Ridículo e patético, todos os amadores,
Como são, amando sem esperar retorno,
Ignorando o que ridículo e patético significa,
Seus olhos: as estrelas aguadas mais brilhantes
Do ponto donde era até ao longínquo horizonte.

Rosa. M. Gray

sábado, 13 de novembro de 2010

Ego Stigmare - Chapter - Lua

Chapter - Lua …and thus we celebrated the death of yet another ghost, no words could adonize this moment. And again, the moon dialogued with me… she was not the original moon though, perhaps merely a cheap copy, a decoy to attract my attention. My deduction was that the printing work didn’t result, or possibly the crayon’ ink was little… once a copy, always and forever a copy, no copy is better than its original… In a reserved way she was asked if she hated the genuine moon, she retorted that every copy hates the original, not for envy, but because they know… they know that uniqueness evades them for every breath they take.

Lua - I feel just like a cheap copy.
I - What is that makes you feel so cheap?
L - To know the truth, to have the conscience I’m just a copy.
I – Anyway, the moon is overrated. She’s nosy too, always trying to listen to the confidences I make to the Sea.
L – Did she bother you? Well, did she succeed?
I – Not really, we communicate in our own language.
L – I asked if she disturbed you.
I – No, I enjoy her presence.
L – I don’t like that you enjoy my presence.
I – You are not the moon, you are just a copy.
L – Copies always act like the original.
I – And what does a copy do?
L – I cannot say…
I – There are copies more perfect than the original no? But what’s a copy? Who are you?
L – I am the moon’s copy. Lua is the name I subdue my essence to answer to.
I – Yes, but... *who* are you?
L – Maybe I just don’t know anymore. Maybe the only knowledge I have from myself is from the images that gently flow with the Sea. Even so, am I real merely for being reflected? And who or what would scream without a voice if even now is gone?
I – Only if someone should happen to go on by and noticed…
L – These prayers fall on deaf hears. And the answers delay to be received.
I – But there are no questions, merely two hearts hastened on their beat...
L – I have no heart, or have you forgotten that the moon is a woman? Only for what it suits me.
I – I don’t believe in women, nor do I believe in men…mere humans, nothing alike… I believe in superior beings.
L – Do you think of yourself as being superior?
I – I’m not comparable, as for superior… there’s someone out there that is. I’m just different.
L – Are these your beliefs?
I – Perhaps a touch, a fragrance, a deep look? Perfume of a thousand roses flowing at the spring’s winds flavor, a light emancipated from gilded visions.
L – Roses smell like falsehood. They stink of passion, and passion is a forgery.
I – And so, are you false?
L – No, your smell is though.
I – Nonsense, everything that is beautiful smells like roses and I don’t refer to their factual essence, but the idea and to what she instigates.
L – Ridiculous… they smell, inspire and denounce hypocrisy.
I – I prefer azaleas, myrtles and dandelions… but what does it matter, the last star in the sky foresees that in a while everything will end.
L – I have never smelled those.
I – The sun will return, and with him the light that shall conquer the day. And you will be gone, for indefinite time.
L – The sun will rise, but everything will happen as if it’s still night. Everybody behaves as if we were constantly in the dark. As if no one could see what they do, the ghosts that haunt them and the skeletons they store on their closets.
I – Maybe we have been searching light for all this time in all the wrong places… true light will not arrive from the outside, she’s not brought by any star, she’s not dangling on the street’s lamp and she’s not to be looked for… she inhabits within ourselves, she is strong enough to illumine our paths and when the day is over, we will still be part of her.
L – That would be to reach perfection, stability, what’s the fun in that?
I – All the light you may ever come to retrieve will never be eternal, and that’s the fun part. I’ve been told that there’s only one thing eternal in the world, but even it ends.
L – That’s the ironic part I guess, but I never got the joke, I never understood it.
I – Everything ends, but time has very extensive boundaries. Maybe that’s what I’m searching for, endless light. Tell me moon that over me illumines… is that your shine or from another?
L – It’s yours.
I – Are you mine then?
L – For moments, yes. Will you want me until the end? I??… a copy??...
I – For me you will always be the original, for you are all I know as moments end… could eternity be little time if with the ideal company? I bel… I know it would.
L – Why does it have to end then?
I – Things only end, because others have to begin… good things stay forever.
L – And is that the ideal company?
I – Someone I can be with without falling in the banality of using words in order to express ourselves when all I want is to share a beautiful instant of silence. Yours is?
L – Someone that can make me cry.
I – And cleans your face the moment after with his face, so that the tears may stream from both faces?
L – […]

And no replied was ever made from the other side, our closest star was once again reborn and Lua nowhere to be seen… but I exited the beach with a smile on my face, I’ll be seeing her in my dreams.

n. ego

domingo, 7 de novembro de 2010

O Neptuniano, A Virgem e o Sagitário

Na passagem pelo além,
Que vá pequeno, vertical e belo,
(Infinitamente destas 3 formas isto é)
O resto são linhas e contornos excessivos:
Beijando-lhe na mão, desconhecendo a razão.
Apontado pelo dedo indicador, soando a doido
A maior parte de, de… de quase todas as vezes,
Sorriso do sempre ausente, presentemente algures,
Algum dia será manhã, e a alvorada é o nosso jardim,
Quando terminará esta noite? A última sempre sem anestesia?
Para mais tarde recordar, vai-se esquecendo, o suave e doce olvido.
Aquele da partilha estonteante, não circunscrita, sem Tempo restante,
Como rememoro esses instantes, tatuados ora em cicatrizes ora em adornos,
Sou o último da minha espécie, em breve partirei e serei parte do enfim Inteiro,
A cada novo avistamento, em cada novo instante, perderei ou acrescentarei,
Para além disso, sou a Aurora Crepuscular, o daymare da magia não avistada:
Por eles, em discurso aparentemente desconexo, apontado e soando a paranóia,
E paranóia é saber exactamente qual a razão pela qual estamos aqui,
Loucura!? É sentir inequivocamente o que somos, a coerência na autodefinição, sermos rendidos,
Externamente por aqueles que não compreendem, que não sentem, que não avistam,
Como nós. E vamos compreendendo, vamos inspirando, vamos beijando o Céu e…
Recuperando a Lua, por cada beijo, mais solitários e perdidos, mais sozinhos e perdidos.
No antagonismo entre a salvação da Obra e consequente Humanidade ou do ritual do Eu;
Contudo, na luminescência das esferas supra-celestes, naquilo tido como estritamente Belo, no singelamente estonteante, no voo alífero, envolvemo-nos lentamente no Etér,
Euoé! Replicado pela colina abaixo, no beijo mais calmo e abundante de todos, aquele que sorri! Aquele que se alastra, que contagia de leveza seus interlocutores e espectadores;
Na partilha, na aceitação, no voo desmedido pela encosta do Sonho, e a Salvação,
Esta sim, tem o nome mais belo de todos, chama-se Amor e começa inicialmente em nós,
Depois, os outros avistá-la-ão por cada sorriso, por cada olhar, a Paixão pela Vida então soletrada em minúsculas (os transeuntes medrosos querê-la-ão para eles), a mais Bela de todas…
A Senhora de Azul Lazuli, a dama que desliza lesta, ora bailando ora estrebuchando,
As Oressas, são este olhar, este sentir, esta verdade plena que só pode ser mentira,
Não há plenitude, apenas ideais e expectativas que, como tal, são apenas isso,
A queda de chuva, a queda do Sol, e os meios-termos que, perfuram a pele,
Estraçalham a alma a quem é diferente, a quem Viver por vezes é vida ausente;
No entanto, tão, tão mas mesmo tão presente, que se vai reflectindo, indiferente,
Ousando oscular o sonho, com coragem suficiente para elevar os braços e beijá-lo,
Isso sim, neste mundo, a maior doença, a falta de inconsciência é presenteada enquanto que…
Oh… soubesse eu o meio-termo exacto, o único meio-termo que vale realmente a pena,
O ponto mediano que apenas sabe o nome de equilíbrio, harmonia e sentido de Ser;
Soubesse então isso e não escreveria mais… jamais… jamais.

n. ego; Rosa M. Gray, Ernesto Encarnação.

domingo, 31 de outubro de 2010

2ois

Seremos pó brevemente e o anseio concludente,
Na brevidade abreviada: poeira de restos estelares,
A leda passeata, a vertiginosa ascendência refluente
As Cintilantes, minhas doces amigas das orlas nebulares

Seu brilho, em nosso fulgor retratado, ósculo suas porções,
E essas a mim e em nós, entearadas sobre nossos narizes;
Seremos a coragem de ser magia genuína nestas fracções,
De tempo infinitésimo, a impressão subtil de díspares matizes;

Em olhos cuja tonalidade da paisagem é reciproca,
Respira, respira, afinal havemos passado a casa partida,
Cantarolando o sorriso à porta aberta, verdade inequívoca,
Caminhando em seus sonhos, a singularidade é não abstida;

O óbito de uma estrela é a nascença de e em seus fragmentos
Em eventuais consciências, a subdivisão da afinal perfeita Criação,
O sorriso escorrendo pela parte esquerda do olho, seus entoamentos,
Somos renascimento de estrelas por cada respirar, a divina intenção;

n. ego

2as

2as camas vazias e seus ecos reverberados,
Sob, sobre e dentre corredores de mármore
É o silêncio avassalador dos sonhos adiados,
O caminho malfadado, o bater que demore;

À entrada soalheira do reluzente abisso,
Na sentida ausência da sombra póstuma,
A beleza refulge no olhar, no pré-esquisso,
Do inteiro encetado pela metade, é pluma

Esvoaçando por coreto onírico e incógnito,
Como o reconheço, neste sussurro espectral,
O olhar é fumo, névoa e a enxurrada granito,
A flauta idílica longínqua, a projecção astral,

Deambulando de olhar em mão em olhar,
Cativada em prisão auto-infligida, sinto-as,
Nas Oressas e seus passares: este estrebuchar
Meio doce, meio perfume em palmas, indistinto;

Rosa. M. Gray

Esbracejando

“Esbracejando para ostentar vida
Quando o viver é tudo menos isso.”
Beijando-lhe a mão, desconhecendo tal razão,
Beijando-lhe a mão, desconhecendo tal razão,
E a Vida sobrevém, ecoando no não finito – ressoando.
Porém o simples, quando acontece, é o único premeditado
O único propósito do fluir, o soar familiar, o euoé! replicado acolá,
Em milhares de janelas, testemunhando-nos a dançar dentre as flores,
No olhar pintado a colorido, o mundo reflecte-o, colorido se tornando,
Acercando-se do não finito, o instante de maresia de estio proveniente,
Quando o olhar é tinta, pintado é tudo em que este tacteia, tão docemente
E tão ténue se torna seu pestanejar, não subtrai nada à ocorrência sincronística
De quando este ocorre, é a adição de momentos entreposta com o expressivo silêncio;
Como este é ansiado, negligenciado e menosprezado pelos demais banais transeuntes,
{estes que se especializam subconscientemente em “transeuntar” durante seus caminhos.}
Os bípedes verbais, tagarelando e discutindo semânticas e assuntos aos quais nem as pedras se interessariam por…
A plenitude atingida do meio-termo percepcionado entre as margens, a dourada indiferença auriluzindo {como tudo o que doura},
O granjear do vulgar enquanto a abóboda celeste é mantida apenas no céu, não recobrada,
Haveis esquecido de que ela deveria habitar sim em vossos corações? Haveis pontuado a magia com o seu ponto mais inconcludente, mais inconciliável: O silêncio mudo que esbraceja na tentativa vã de ressoar a Vida.

n. ego


sábado, 16 de outubro de 2010

No meio vezes milhares de vezes = metade. (Ser no escuro)

Entre valetas e prados verdes, entremeado
O céu na água, neste singelo olhar reflectido
Na atrocidade do poema idílico propositado,
Perde-se a suavidade do toque e enfim, sentido;

É drama, é trágica e ensurdecedora a queda

Nunca caindo no mesmo sítio a chuva incipiente,
Acorda(n)do, face ao esquecimento do perdão,
Já não é a insónia, é a escassez de sonho latente,
Enxofre sulfúrico inalado e o algoz da sofreguidão,

As ondas sussurrando silenciosamente meus nomes

A náusea do ósculo demorado na orla da estrada,
Era o sonho grandioso, a paz esmerilada ao alcance,
Sob o céu aberto, na orla ausente, a Virgem desflorada,
Erguendo sua voz para os Sem Nome, alienado romance;

Afinal acerca-se, contudo a alvorada é sempre a mesma,

Os mais negros passageiros, a desordem pia do ser,
A alvorada avista-se, igual às outras depois do antes,
Sorvendo o pó Elísio na tentativa inócua de preencher,
Cada novo avistamento - digno dos esboços de Dantes,

Meus nomes ténues rascunhos nos tendíneos sinuosos do areal

(Se te traçasse as galáxias escusas em meu olhar,
Envolvê-las-ias?): Suspirava Mirto face à bela Oressa,
Esquiva e luciferina, deslizando suave neste nosso latejar,
Inúmeras e demasiadas vezes, recaído em iludida peça,

Seu semblante, seu passar, mil adagas pontuando a pele

A mais nefasta de todas, a assimetria do bater cardíaco
A enganação face ao vil, ao algoz sentido de pertença,
O abraço do Inverno, desígnio comum do plebeu empírico,
Olhos brilham ao avistar-vos, é involuntário – é árdua sentença;

Partilhai vossa mão comigo, caminhemos dentre as constelações

Arrancarei as estrelas dos pulsos, entre a morrinha e o sol,
Uma a uma, esmaecida, enegrecida, seu pleno consumido,
O indecoro do tragado, o susceptível ferido de peito no anzol,
Sob as luzes citadinas, o trilho da aventesma, de olhar infundido,

O inconciliável ao habitual, no entanto assumidamente sua síncrise

Desprotegida perante as subtilezas mais inofensivas de seus contornos,
Voando demasiado próxima do sol, o semblante acerca-se de si mesmo
Aluído pelo limbo da recontagem das estrelas do céu, são estes adornos,
As gotículas cintilantes incrustadas em caças sonhos {des?}largados a esmo;

Quando o indistinto é o axioma, e o axioma é oximoro e antítese patenteado

Do sensismo inverosímil, não crença que fútil então prometeu
Este sentir, dente de leão postergado por Oressa, (como te procuro)
A candeia enfim se silencia, e no escuro, e no escuro, eu…
… E no escuro…

Rosa M. Gray

Waiting for: …

And there was true snow over there
Ghostly liquid nowadays seems so rare (and we seem so rare)
The mountain side whispered “safe journey”
And threading began, little hopes of ever returning

…where does this little mountain end?

Borrowed was a safe-stick to lead the way
He is I, I am he, together we Life portray
Thoughts may come and crumble inside
On a lonely box in mute-silence they’ll confide

…oh Rosa how we need to L*ve…

There’s a sweet place to call home
Concealed in bright sunrise’ colours
Somewhere a lady arrayed in indigo (blue…)
Waiting flowers to never call ours,
Head held up high revealing the unbound sky (is it really mine?)

Will never have anything mine, for I’m owned by my own Life

A clean blanket stained with a stern reprimand
As mountain smoke is inhaled at the river’s bend
(Like)Upward Pisces scaling a longer travel’s root
(Always)Near the abyss waiting for undying truth

…when does this beautiful Life begin?

Days that traversed this forgotten road (so old)
Shall remain as imagery shadows forever untold
Need to sing, to swim and fly (so high)
The Earth is too small, my reserved spot is in the sky

…lend me faerie’s powder to dream my own Dream

There’s a sweet place to call home
Concealed in bright sunrise’ colours
Somewhere a lady arrayed in indigo (blue…)
Waiting flowers to never call ours,
Head held up high revealing the unbound sky (I fly…)
Will never have anything mine, for I’m owned by my own Life

Waiting, Waiting, Waiting (for life to begin)

n. ego

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Listening

…and time stopped

Sitting, sitting on his head there’s a clock
Ticking, waiting for an imminent stop
With no words, no words to grant for the deaf
Is there still something at all, ticking in his chest?…

Listening the unwinding
Listening…

To no words, no words but from the voice she longs to hear
In a thwarted place there’s always, a sigh so near
Sailing across the soaring sea as you please
Whilst forlorn echoes diffuse within the breeze…

Listening the unwinding
Listening…

Sitting, sitting on his head there’s a clock
Ticking, waiting for an imminent stop
With no words, no words to spare for the undead
Is it so difficult to walk this thin little thread?…

Listening the unwinding
Listening…

(nachio)

domingo, 19 de setembro de 2010

Alba III - {From the Distance They Fell}

Spell your name on feather napkins, and King for a flight shall be the reward
Below fountains of light, these waterfalls dreams still stream to a holy shrine

source of the long distant journey {each step that æ cherish} are eyes placed on a common horizon
borrowing the glitter from Rigel, my brothers L*ve is here, enveloping our sight

{like a rainbow} – rain and vows

Time the innkeeper with quicksand, our footsteps, conceals
Coterie of eidolons quill drawn, where the sea meets the sky

{only ghosts whisper like this}

Bedighted saunter into cosmos pathway
{Wayward left}, each semicircle is half everything
Exposed… ad-infinitum, beginning another one

Outstretched fingers to every snowflake
gleaming within a thousand {Somnium…!} points of light…
{on?} your eyes, there’s so much more to see

Outstretched fingers to every snowflake
gleaming within a thousand {Somnium…!} points of light…
{open} your eyes, there’s so much more to see beyond

Outstretched fingers and æ’ll catch them all
Blazing within a thousand {Somnium…!} points of light…
the time has come, … to awake and be… come

light…

“the scars on our backs are tales to remember
the feeling of the immensity of a yotta second
when beauty was known, without the touch of light
and delight was freedom, in the absence of consciousness”

(nachio)

Sing to Her :)

Hey you, lingering in bed
Don’t you know, there’s a beautiful world ahead
The ticking urges yet quite never stops
{but} Is this an enough reason to rush after the clock?

Hey you….

Hey you, the dawn delays I know
If in night, maybe a new way would be nice way to go
There are chances and gaps open to proceed
Even though it’s much easier to simply sit and bleed

Sing to Her: (and we’ll live one thousand years)

Hey you surrounded by four walls
Somewhere and sometimes even an angel falls
It’s ok gravity so dictates
Chosen lips can’t be crypts to wayward fates.

Hey you

Hey you, drowning in November’s shed
Outside open fields and fresh air to breathe instead
The shadows of the brittle human mind
Postpone our walk on a wistful little line

Sing to Her: (and we’ll live one thousand years)

(nachio)

domingo, 12 de setembro de 2010

From a Ghost

“The night is gone
And I’ve waited all day
The morning is gone
And I’ve waited all night
Hush for a moment
And grant me what I need
the most special moment of timeless Time”


She weaves over clouds blue petals with her good hand
A wait that soon becomes a prison fails to comprehend
All the whispers she never thought to say
Were never enough to brighten Her own day

Lua by now must be failing to understand
That the shiniest moment comes from within

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Primaveras sentirão a minha falta

Quando partir; as Primaveras entoarão minha falta
(Sei-o perfeitamente, mas… alguma vez cá estive?)

De cabeça na palha, o enegrecer do dia, luzente,
A compartilha alífera, singelamente estonteante,
Na entrega e recepção do caça-sonhos inacabado,
Aquele que não conseguia albergar toda a luz solar;
Rememoro a busca e encontro da estrela comum,
No meio de milhares, nossos olhos coincidentes
No mesmo ponto tangível, éramos magia genuína;
Indaguei os céus no dia seguinte, apontando-a sozinha,
Trazendo-a na algibeira, convicta de sua especialidade;
Sítios diferentes, caminhos divergentes, perdi-a enfim.
Alienei o que nos unia, a única estrela comum.
Nossa bela e exclusiva estrela. Nossa…

A dor da cativa, não cativada, aprisionada em anseios
Beijos a todos, o simples toque de todas as suas palmas,
Atravessando-os e dissipando-me em seus bateres,
Bailávamos lestos até aos despontares da alvorada,
Livres e selvagens, de sorriso revelado incidente
Esplendente voz em sintonia, somente eu sabia,
O néctar do conseguir deslizar sobre o vento,
O som nos ramos repercutido, re-ressoando,
Da passagem infinita ao fraterno infinitésimo,
Em mim e eu todos os eus de que faço parte.

{Mas eventualmente, farei parte delas.}


Rosa. M. Gray

A Estranheza do Olhar Pt. 4

Quando encarar o é com estranheza, tudo é estranho,
Anunciando a brevidade da derradeira despedida,
O toque lancetado à algesia, somente e único,
Deslizando na estranha consciência, maledicência
Em serena profusão, sendo esta então, difusa,
Com e em (sem?) sentido desprovido de direcção,
Sou alabastro, em margem de berma de caminho,
Contendo mãos alheias em palmas insuladas,
Somente e só, ressoando a finito ecoado além,
Reconhecendo as esquinas divinas nestas suplicas
Envolvendo e revezando com e no objecto finito,
Sediada era toda a moção, exceptuando acolá,
Exceptuando o singular e único contemplar.

A fracção restante era porção de cor,
Transposição fleumática de meio-tom,
Este sim:
Carecido de oxigénio para enfim respirar.
A única e ultima réstia de ar límpido, sim,
O objectivo é o agora fulminado,
Nas alamedas das docas em maresias,
Vai repousando a manhã em sobressalto,
A lucidez do faroleiro guardada em sótão
Poeirento em seu alvéolo, encontrado
Na vigília face ao poema inacabado,
Adormecendo à mercê das ondas,
Suas tipografias meus rascunhos,
A insídia da passeata sua perspectiva,
Mendigando a formalização da dança,
Assentando-se na fatiga da estadia,
A proximidade da noite, esmorece o dia,
Em palidez circunscrita aparente,
Beijo-vos a mão, desconhecendo tal razão,
Do azul mais escuro, ao claro mais escuro,
Surge a aurora, seu toque delineado neste rosto,

Arrastamento em consequente ebulição,
Ambivalente face ao denso, o proveniente
Espectador em palco opaco, afinal vendo
Seu sorriso retratado, em objectos vulgares,
Eram folhas rasgando as fundações cerúleas,
Breves e esplêndidas, retornando ao ponto inicial,
Silenciando-me à grandeza do fôlego em sono,
Meu carpir, desfoque difuso, panorama em tons
De matiz - o cerúleo: este olhar reflectido no céu.

Seu outrora ósculo, é hoje o meu vaguear,
Na fatiga o espectador que há visto o desmedido
Balancear aparentemente impávido no olho da intempérie
Dos seus colmos e elmos delapidados, tudo o dado
Do cinzento que é tudo menos cor, a porção recebida,
Sorriso, pintado no canto do olho direito, na alma
O convite aberto às nuvens, ao paradigma tatuado
Neste espírito, confere alento até ao pesaroso fardo,
Sim! Em afirmação! Euforia concretizada - Euoé!
A brisa sussurrando pelas folhas, murmura meus nomes,
O anseio aparente em sua inquietude, redecorando minúcias
O momento de contemplação, recordando o instante vindouro,
Bosquejo estoriado no cantinho harmonioso, gentil e suavemente,
Suspiro um: “até já”.
Partindo,
(Com um adeus retratado no coração).

Rosa M. Gray

O Hálito que Exalas Pt. 3

O hálito que exalas, deveria ser todo o meu oxigénio
Respirando seu ósculo, este ténue pestanejar
No seu frágil latejar, as palavras em silêncio
Tenho saudades sim, assumo-o.
Sim… assumo-o.
(de)
Quando seu beijo, era simultaneamente o meu,
O Eu, era encontrado, o Eu, era complementado
Pela sua metade mais inteira, sua verdade remota.
Este respirar, apenas mais um tom para o anseio,
O anseio de coisas lamechas que nunca murmuraria
Em vulgares páginas de papel, na futilidade,
Esboçaria talvez na maior praia do maior oceano,
Mas somente no mais minúsculo grão de areia
Ou então em baldes de cimento atirados borda fora,
Que repousem dormitando na profundidade do oceano,
E permitam que repouse novamente também, enfim,
Talvez.

(Se te traçasse as galáxias escusas em meu olhar,
Envolvê-las-ias?)


Rosa M. Gray

A Ilha Pt. 2

A ilha oceânica que temia as ondas,
Que adormecia a cada despontar do sol,
Ouro fluindo entre olhos mais do que fadigados,
Que esmorecia perante o anómalo de cada dia,
Suas margens, pergaminhos de areia onde o mar,
Sussurrava meus nomes, e a cada novo nome,
Uma memória revezando uma existência,
Ora absolutamente alheia, ora algures minha,
Mais solitário em cada nova vaga, o anel entreaberto.
Velho amigo, como sinto a falta dos nossos passeios,
Também o oceano é apenas uma acumulação gigantesca,
De gotas, apenas gotas, só e somente gotículas minúsculas.
Não receies o jardim do céu, ora azul, ora estrelado,
Ele - Estende seu fulgor nestas gotículas fluidas,
As lágrimas do céu jamais terão fim,
Não temas, teu fim em sua reflexão.

Rosa M. Gray

Tudo quanto Choramos Pt. 3/2

Esbracejamos para ostentar vida
(Esbracejamos vida, para ostentá-la),
Quando o viver é tudo menos isso.
Porém ardemos antes da alvorada,
É a algesia à sinceridade da poeira solar,
Abrasando a susceptibilidade das pálpebras,
Enfim, engasgados pela espessura cerúlea,
Frios e ermos – o seu algoz: irresolução,
Desconhecendo o termo condensar,
E até o ascendente do fluir: natural.

Rosa M. Gray

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Tudo quanto Sorrimos Pt. 3/2

Em cada canto, recanto, cofre, baú,
O verdadeiro e ímpar tesouro,
A aceleração versada,
Não pretendo nada,
Para além do além,
A estupra intempérie,
E sua diluição,
Nesta pupila,

n. ego

Tudo o que choramos é irmão de tudo o que sorrimos Pt. 1

O tom mais natural repousante no sorriso,
Caminhando perdidos com destino anódino,
O escuro da paragem é o objectivo anónimo,
Mudando sua direcção a escassez das palavras,
O anjo do fim a caminho, correndo, apressando
Sua chegada, impaciência incontida vertendo além,
Quando a fluidez é encontrada, a propagação é leve,
A zona das estrelas é alcançada, abrangida no interior,
Pois a proximidade do jazigo e a sua simples sinceridade,
É a vossa algesia, aceitai seu lamento, beijai seu antónimo.

{as causas pertencentes a cada um – cativai-os e sejai-lo}

Rosa M. Gray e n. ego

terça-feira, 27 de julho de 2010

O Sentimento do Ser Pt II. Cabem mais Pessoas em Vénus do que em Marte.

- “O meu Deus reconhece o Deus que é em ti”
A mensagem detém a genuína relevância,
Raramente seu mensageiro.

E abre-se a torneira do subconsciente
O manancial do estro primoroso,
Sua lépida transição, momento patente
Transversal ao instante, único,
Do intervalo coincidente ao tangível
E o nublado enfim clareia em sua reconciliação,
Renunciando o óbvio, o sem fim na paisagem,
Escoado pelos nós dos dedos, tudo alcançando,
Pendente, beleza condensada, passeata oblonga
Um baloiço à superfície da intempérie, (ousa sonhar!)
Recreio à berma da estrada, arvores bailando lestas,
Seus troncos, calçadas ladrilhadas para a suave brisa,
Nunca havia presenciado um brilho estelar maior,
Olhando para cima, milhares e milhares de céus,
Apenas uma estrela ousando vislumbrar,

Um eufemismo do eterno,
Uma imitação/reflexo do infinito
(sob forma humana de asas incorpóreas),
Uma ode ao incomensurável, ao incontável,
Em Tempo aparentemente,
Infinitésimo,
A crueldade do vestígio restante,
Aquilo que só é cruel para o inalcançável,
Do instante em momento sempre agora viajante,
As revelações perdidas fronte ao efémero, expandidas,
Em sonho sustido, a coragem de o viver em tons acinzados,
O romance platónico daqueles dos olhos de fulgência estrelada,
Alcançam a plenitude comum, o raiar solar estampado na abóbada
Celeste, o intervalo entre o infinitésimo e o sequente infinito projectado
Entre palmas das mãos entretecido, a procura da espera, do ceder ao ser,
Ao remeter o intercâmbio do acontecer do instante cativo, abdicando ao antes,
A colecção de pontos interligados, o recobramento do geral através do particular,
És sinédoque do envolvente partilhado, difusão do uno na especificidade da identidade,
A verdade alheia, por norma entoando insanidade, na extremidade do singelo,
Toques em círculos concêntricos, a suavidade ornada a cetim, sabe a inicio e a fim,
O singular ponto comum a tudo e todos, não é um pertence, é a imperceptível pertença,
Portador do Universal, a perda é nula, a Vida insuflada no peito desconhece sua extinção.
À ilusão oficial, nomeada como concreto, a complementaridade entre o especial e o comum,
Reverte o comum em especial por ceder espaço de ser à invulgaridade autêntica do especial,
Aos inebriados hedonistas, nos excessos do sobre sensismo intenta o atrofiamento do espírito.
Apreciem este ultimato, a ausência de interrogação apenas acrescenta à intensidade de sua afirmação.

n. ego

O Sentimento do Ser Pt. I

Preferia Sentir o Verdadeiro por um mineral
Do que pelo óbvia e inerentemente comum.
Os caminhos batidos, são para seus congéneres.
O acréscimo do Belo, percorre outros percursos,
(sem atalhos ou desvios para seu inevitável destino)
No limite do desespero e da insanidade,
(A breve idade de cada e todo sorriso)
Encontra-se o ruído e nele, a única melodia,
(o primeiro segundo do primeiro e único amanhecer)
O único sentido, a bondade e sua usual forma:
A Beleza – o fractal exposto (sempre no zénite).

Parte integrante do plano de deus
O: simplesmente ser.

Como numa formosa escultura,
Mostra-se na remoção de excessos
Até no excesso de escassez
- (até na escassez do excesso)
A disfarçar o comummente óbvio
Uma proposta à aprendizagem
- (sem orçamento adjudicado)


Quando a Verdade era garantia de Beleza,
A consonância própria alumiada no perene,
O fluxo da corrente do cosmos sob consciência
Autónoma, faceta do grande espírito colectivo,
Intento não premeditado, o éter está sempre perto
A sucessão do casual, a proporção extraordinária
Do infimamente pequeno, a subtil energia que embala
O baloiço onde assentado, o corpo é veiculo para o além
A luz é energia, seu toque nossa trasladação de e em luz,
Sua expansão acontece quando o copo é transbordado,
A ligação directa ao Cosmos, interligação com a alma mater
Não é de todo factual, é na sucessão dos mesmos que há moção,
O credo é homólogo do lindíssimo, nos “entre-tantos” encontrados,
Tudo o que somos, é e são apenas instrumentos para aquilo contido
A multiplicidade na identidade, o Um vertido para o todo perfaz-se inteiro,
Manifesta-se na diversidade, o ser uno com todos os restantes seres,
A magia universal materializada sob um corpo, sobre uma energia
Energia essa, concernente a um, um esse pertencente a todos – é inteiro.
O sentir dessa unidade como o Todo enquanto este se exprime pela Parte.
A universalidade da Alma comum, vulgo aura inconsciente, toques sutis
A energia transcendente, que nos atravessa, que nos forma, que nos beija.
Reconheço a identidade una de toda e cada alma, seu revestimento pelo Todo,
Nesse Todo, temos direito a diversidade, a ligeiras particularidades, a diferenças,
Claro, a diversidade é regra, o igual é anti-materialização Universal, é anti-natura,
É o esplendor do Universo enfim concretizado, sua consequente e enérgica expansão,
O milagre do processo é o seu desconhecimento, pois ao ignorante, tudo parece magia.
Ao não ignorante observador, que constata magia, e ainda assim a nomeia dessa forma,
Esse sim, é mágico, é credo, é lindíssimo, é um e todo incorporado num ser – é inteiro.

n. ego
por joel nachio

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Tenções de um Derrelicto

Tencionava hospedar algo inerentemente inevitável, algo inevitavelmente cabal para partilhar, algo dotado de tal poder imenso e pleno que despoletasse em quem quer que o lesse uma acção-reacção fundamentada e real de tal ordem que as suas órbitas saltassem ou seja, o seu cérebro implodisse e a sua alma fosse embalada pelo mais suave gesto enternecedor. Almejava que o seu poder sobraçasse mundos e galáxias e sucumbisse somente quando aquele rasgo de esperança, sobejamente reconhecido pelos que ousam apontar para algo mais, cedesse…
Como se perseguíssemos o mesmo fim do mesmo arco-íris, como se essa perseguição fosse recíproca a quem a permite simplesmente ser. Somos abalados e badalados pelo cinzento rangendo os dentes em sua resposta, esquecendo de que uma resposta sem uma pergunta, é uma afirmação do ser subconsciente, do alfa propalando-se ao ómega e deste retornando ao alfa. Algures nesse intervalo, espalho meus resíduos no éter cerúleo, um dia serei o arco-íris, disso tenho a certeza, disso tenho a inevitabilidade da questão.
Mas eis a sua irmã diminuta, a inevitabilidade da sala vazia reduzida à sua perspectiva mais afónica, mais redundante e eu nela, contido, ornando suas vestes, despojado de significado… Sim hoje, sou o poeta menor e se sou menor, desconheço o significado de ser poeta. Nem com os braços estendidos, palmas abertas bramindo ao zénite dos céus provem a dignificada resposta às preces subentendidas num suspiro que mais que suspirado, é inalado, extorquindo o próprio oxigénio ao ar, onde está o mais esplendoroso de todos?
Dividindo montanhas da terra algures fui encontrando (talvez no entremear de nuvens do céu ou quiçá de suas irmãs reflectidas no mar), no fragmento do poema subdividido em partes fraccionárias oh como vos invejo minhas musas, vós que cantarolais o firmamento por cada fôlego que susteis e indagais as ondas dos oceanos por cada vislumbre que ofertais. Beijo-vos a mão, desconhecendo tal razão… mas em emoção, sou o Universo sob forma corpórea e material, feliz.
No entanto, não há música, sustem-se a génese de prolixo acalentada por esta perspectiva perpendicular que, dependendo da vista (que é minha ora é minha, será mesmo minha?), vai mirando por um ângulo agudo e então a intensidade do conhecimento relativo torna-se minha, interrompendo-se as vozes…



N. Ego e Rosa M. Gray
por joel nachio

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Obnubilado pelo Poente Solar

Obnubilado pelo poente solar, surge enfim a hora da caminha
Caminha, caminha, até não haver mais caminho para caminhar
{nunca há menos para caminhar}: murmurava à leve morrinha
Seu rosto sublinhado pelo ténue retocar da água a escrevinhar

{em Náiades semibreves . sempre semibreves}

Para seus próprios modos – um estranho algures consumido
No abrir da porta, acerca-se o alumiar de uma nova aurora
Seu modesto deambular, o ósculo mais doce: o Sentir remido
Assim, como receptáculo do {semi} eterno, à glória de outrora!

E quando o sorriso do Sol for por frialdade encoberto
Relembra que algures, acredita, a lua ainda o reflectirá
Nas coisas e sua significância, perdura o verdadeiro sentido
O significado das coisas é aquele que depositado subsistirá.

{por vós, por vós! assim se projecta a voz}

Na captação do grande assenta a problemática do quase inteiro,
O pequeno e ínfimo pormenor merece infinitamente a mais sincera atenção
Acresce {n}aquilo que o capta, a matriz celestial e em seu véu o terno aguaceiro
Além irrompe o genuíno arco-íris, não anseias um simples toque, um dar a mão?

Em cruzamentos provenientes de caminhos escolhidos, há opções
A ausência de opção é apenas a opção subentendida, a subtileza
Da paisagem revela-se a perfeição e dos excessos suas remoções,
Ao disfarçar o óbvio - uma proposta à aprendizagem, à vera beleza!

Parece-me óbvio - {até no excesso de escassez}

Sonhando e transpondo para o finito, eis a criação a contemplar
A concepção do infinito é ideal e na sua transladação para o “real”
Viverá para ver, isto e muito mais, quem sonha é porção do sonhar
Um dia constatará: tanto o Sonho como o “real”, qual mais surreal?

{e este será o único poema que algum dia almejei tocar}

Nesta procura incessante por pormenores e suas resultantes simetrias
É estabelecido um ponto comum, tangível, coerente só consigo próprio,
É acaso, amálgama de milhentos factos predestinados, espirais escadarias
O ângulo e a forma de olhar, dependendo, podem tornar-se o singelo Ver.

{mesmo quando não aparenta haver rima a reter – está atento: há sempre rima}

A existência existe, sob e sempre de qualquer forma - é imutável
O todo é o derivado da parte, a parte é o todo - é inalterável
A variação é a única constante. O dado é o recebido – é invariável,
A Criação é permeada por liberdades regradas, isso é o expectável:

{o não esperar por coisa alguma – {e quando não te vires, fecha os olhos e permite-te o amar}}

N. Ego
por joel nachio

sábado, 24 de abril de 2010

Passo horas acordada

Passo horas acordada,
O olhar à janela
Pela vidraça transbordada,
Ansiando um simples toque,
Nesta semi forma que anela,
Na imagem de seu enfoque,
O ardume de seu rosto,
O deslizar próprio e somente dela,
A subtileza de seu acariciar,
Aquieto a cabeça no frágil recosto,
Estranhando este sentir impar,
Eis-me ocupando o espaço vazio,
Escutando os moinhos da minha mente,
O tema permanece o mesmo, então sorrio,
Sou jovem de mente, há que seguir em frente,
Rumo ao ruído, a melodia e o fluir do perene rio.
E nenhures, seu liquido secou para o longínquo Sol
(O Sentir é a coisa de mais esplendorosa – o belo rouxinol).

Rosa M. Gray
por joel nachio

terça-feira, 20 de abril de 2010

Perseguida por uma Sombra II

Perseguida por uma Sombra II

A inocência corroída, consumida em recanto perdido,
Jazendo em fatigada estadia, quão delicada sua queda,
Enovelada pelo deslize, enfim carente de fulcral sentido,
Singular beldade, esmorecida ao torpor que lesto envereda;

O destino cerrado, a derradeira aprendizagem a enfim somar,
Algures eram oferecidos sorrisos, perenemente desmedidos,
Estilhaçado na vereda do sono desprovido de sonho, sem amar,
Mendigando beijos por desejos, no alcatrão é vê-los reflectidos;

Destituídos de precisos intentos, itinerante é o deambular,
Relido ao ínfimo pormenor e abdicado sem o mínimo pudor,
Esquece-se a linha entretecida e esvaece-se o ser singular,
O frio absconso suavemente imerso em indiferente langor;

Sobrevém o inesperado, acerca-se extinto da sua locução,
Súmulas influídas no, sempre, ecoando entre corredores,
Algumas brumas compiladas, abreviadas à sua indecisão,
Incidem a um breve silêncio interior, asfixiam seus valores;

Quem nem asas de Ícaro, premeditado e ao vazio enviado,
A recorrência do desígnio, intermitentemente refulgido,
Inerte e parado instante, o ser inevitável e inerente adiado,
No sono embalado e nele o percurso latente dum foragido,

Cujas madrugadas esvoaçam na insónia da noite anterior,
E suas memórias, por liame vinculadas, (oh) como sois postergadas
Ao fundo do poeirento baú, este precedente ao nível inferior,
Como o perto se traslada no longínquo, as viagens em inacabadas,

Soando a indeferido, em relance por sua quebrada metade,
Recalcando o vazio, buscando o antídoto esperado no além,
Arrítmico, oco em dúvida e em murmúrios de insanidade,
Por veias espelhando adagas e de esvaídas recusas refém;

Em movimento estagnado, acossado em penumbra pela estático,
Envolto no vil ardor da doce melodia, por beleza mais ensombrado
Sincope vital de embalamento grisalho, de pressuposto tão errático,
Esbanjado pelo caminhar de toda uma Vida e por Ela defraudado;

Desflorado pela beldade acre da luz, estilhaçada no asfalto,
Devo ter visto umas mil caras reflectidas na estrada forasteira,
Jamais devo ter visto uma verdadeira expressão neste sobressalto,
Aluído ao instante passageiro, quando partir, sepultem-me em poeira.

… por todo o meu am*r por todas as coisas vivas…
(escolho morrer)

- Hoje senti a mágoa de uma rosa.

Rosa M. Gray com N. Ego
por joel nachio

Pelos oblíquos caminhos do belo

Pelos oblíquos caminhos do belo,

Pelos oblíquos caminhos do belo,
(Tudo o que é belo é-o simplesmente)
O espírito é cativado, raramente nos olhos,
Passageiros no espaço envolvido no avanço do tempo,
Subliminar e subtil a diferença entre este princípio e o posterior,
A sucessão geométrica cuja razão é composta principalmente de detalhes,
Fundamentados na sua base, progredindo no sempre e para o infinito.

Um bilião em infinitudes de vezes,
Separadas por uma ténue cortina de ar,
Onde as órbitas não alcançam a ideia aporta,
- Em representação formada algures no espírito,
Como tal é incognoscível na sua concepção,
- Reunindo toda a perfeição (ini)imaginável,
Assim o é o belo e igualmente o insondado paralelo.

Na singularidade argumentada, discutimos apenas semântica,
O padrão consensual do relativo é uma fórmula matemática,
Sobre a melodia divina oriunda das esferas supra-celestes,
Formas arquitectónicas reproduzidas sobre a medida áurea,
Nos detalhes manuscritos das conchas, nos fractais da neve,

O Infinito é uma espiral escalar, irregular e fragmentada,
Perfeito no seu todo, dando-se premeditadamente ao acaso,
Em harmonia simétrica, um circulo criado em ode ao Belo,
- Sendo a Beleza uma recriação de excepcional harmonia
Suscitando desejo, atraindo para seus imensuráveis meandros,
Apesar de sua relatividade e transcendência estritamente divina,
Na simetria inalcançável, assentada algures na biblioteca astral,
Situa-se o ideal puro, o inconsciente sincero, a espontaneidade infantil,
E após a vivência, a experiência e o conhecimento, vem a sabedoria,
Um ensaio à leveza, ao que simplesmente o é (:simples): cognição sobre o conhecimento.

A beleza, é, pois, uma projecção oblíqua proveniente do infinito,
Captada sim pelos que a têm tanto pelos que a conseguem avistar,
A divindade transcendente é emanada pelos que a crêem ver,
Refulgem então no escuro por terem numa noite avistado Luz,
É inteiro: o ser aberto ao que vagueia para lá do horizonte,
E a perfeição, mera consequência da conclusão do círculo,
Até as metades assimétricas se complementam, tornando-se inteiras,
Desde que entre si encontrem consenso sob a forma de harmonia,
A parte integral pertence apenas ao todo, a relativa é de quem ousa ousar,
Alcançar o vislumbre de algo não concebido para o eventual olhar humano,
Entre margens e estados, o viajante caminha face ao brilho depositado,
Nos seus olhos, a plenitude é preenchida em detalhes infinitamente ínfimos,
É caminho, beijando a madrugada, osculando o dilúculo, entre este intervalo:
A beleza desse olhar incide no ângulo no qual o simples é puramente belo.

Não desbarates o que os Deuses sussurram ao teu ouvido – um dia este escutou,
E mais que o haver escutado, soube escutar com a aceitação da partilha.

N. Ego
por joel nachio

O Tempo virá

O Tempo virá

A reflexão no estado é contida,
Um sussurro mudo ao ouvido de:
Espectros entre esplanadas intangíveis,

Bebendo de sua própria sede,
A reciprocidade no único vero ver,
Premeditado ao seu próprio silêncio;

Manancial do estro poético
Incompleto em seu possível potencial,
Algures desponta a jovem Primavera;
- Houvesse olhos realmente para a Ver.
{Mesmo quando o real mente
Alguma verdade, algures deverá ter}

(re)lembro-me: O Tempo virá, a Maré o trará,

Porque é que o Sol viaja?
Nadas na chuva, “tudos” ao sol,
Tanto perdido em cada pestanejar;

Instantes olvidados e permutados,
Nesta insustentável leveza

Teus momentos: derrelictos
Cortinados na brisa passageira,
Névoas nas planícies dos sonhos,

O Tempo virá, a Maré o trará,

Recolho-me em silêncio, demasiados devaneios
Forçai-vos e empenhai-vos à especialidade,
E como eventualmente falhareis.

A neve sofre só,
{Somente e irremediavelmente só?}
De sobre sensibilidade sobre extenuada,
Reencontrando as minúcias dos desencontros,
Em delicada queda constante, passageira na brisa,

O (im)puro sensismo outrora tacteado,
- Assentado palmas abertas nas mãos enregeladas,
Uma ovação em pé para o mais frondoso aplauso,
E que nele cativo, olvidemos as precedentes quedas
- Estilhaçado aquando do seu sussurro nominal,
Nossos ósculos se singularizaram em melodia;

Ela é, o nevoeiro e ainda o farol
A luz perscrutante que convida a (à?) noite,
Ofuscando pelo seu resplendor intermitente,

Como toda a Beleza o é: Fugaz e intermitente.

Incessantemente o é (sem cessar),
Sem o saber simplesmente não o ser,
Acossando ainda a íngremidade no pavimento
O rosto aquieta-se, reconfortando-se no frio asfalto,
Enregelado, é o pausar da probabilidade de caminhar
É esta a plenitude circunscrita em estado latente:

- A do simplesmente incoerente, isto é.

Rosa M. Gray
por joel nachio

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Alba II

Outstretched fingers fail to grasp
Early light beams cast by dawn
Sleepy eyes lodge the halo at last
Enfolded scars are now shown

Are you there, or am I a ghost?

Hollow words from a profane inquisitor, wondrous words
Closed beyond transparent curtains, inside I heard a knock
Dual significance which differs in subject and content
Filled with unfulfilled meanings running against the clock

Forever held beyond the opaque mirror of cooled eyelids
My best friend has been buried with the L*ve I used to share
Disdain for the living and ironic speeches for the departed
Sleep with my feelings my friend, in dimness without a glare

Words lose their purpose when delivered without meaning
Friend, never forget destiny has something for you in store
Without meaning if no meaning is deposited inside them
Outside warmer for lustrous exteriors usually hide a hollow core

Are you there or am I a ghost?

Outstretched fingers fail to grasp
Early light beams cast by dawn
Sleepy eyes lodge the halo at last
Enfolded scars are now gone

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Perseguida por uma Sombra

Perseguida por uma Sombra

A Beleza de um olhar efémero emana a luz
Da inconstância muda da rotação do mundo,
Filado pelo ímpeto que num momento seduz,
Por um segundo, imbuído em algo profundo;

Ansiando por uma última réstia de ar impuro,
Insufla-me a leveza rara do sopro da morte,
Descuida o caminho tragado no cárcere escuro,
Hoje lar cativo por suspiros perecidos do consorte;

Seremos todos os instantes tingidos por nada,
E neles, todos os recantos revistos e redecorados
Para que mais do que uma grande final gargalhada?
No espelho de um semblante pelo vil tempo ornados,

E o que este acarreta: contusões e mágoas a mais,
Sem o devido sossego, nem lugar onde repousar,
Entre o caminho entrelinhado e outras viagens tais,
Desprovido de sorriso ou vera beleza para contemplar;

Intransponível a quem o vê, o olhar torna-se opaco,
Indistinto pelo desgaste de outrora não ter sido cego,
Enredando a ternura das cores vivas em hirto retrato
Emergente de névoas vindas dos cantos do desassossego

Procurando o dia, aquele que subtil embala o horizonte,
Apesar, de na sombra desta ilustre e pálida companhia,
Respirando a Falta, que a condição entorpeça e afronte,
As fundações do Éter, liquefeito em fragilizada poesia;

“’Confusão: Será o meu epitáfio’ – enquanto quietude
Sonegar estes ululados” não haverá plangência por ruído;
A nostalgia do imanente refreia-se nesta decrépita finitude,
Soprada pela brisa, riacho ditada ao vazio, eis-me afluído

De refugos de beleza na imundice deste fôlego lacónico,
Resta esta ode ao Sono, insuflando por vestígios recentes
Dos ermos desolados, vigentes nos espíritos do afónico,
Outrora povoados, repletos e matizados de cores luzentes;

Silencio dactilografado, em recuo exclamado ao nocturno,
Fortuito refúgio, ao acaso mortiço inertemente renunciado,
Do medo à preguiça, privando com o absentismo taciturno,
Aos reflexos dos seus fragmentos restantes compendiado;

Rosa M. Gray
por joel nachio

Em passos

Em passos se vai estirando o caminho
Da geração do rebelde enfim conformado
Aglossias reservadas em esconso escaninho
Rebaixados ao finito, soberania do sonho adiado

Sonolência, aliada do caminhante esquecido
Extinto na recordação prisioneira da moldura
Retrato da remota reticência do tempo perdido
Entre memórias findas, o alvor emana a sepultura

Do esperançado, breve e tenuemente alcançado
Cujos suspiros caem em silêncios inconsequentes
Dissonantes melodias, contrárias ao oposto ansiado

Antagonizo esta respiração, manancial dormente
De pretensas suposições, algures recém-chegado
Impera a paragem inquietante do ser inexistente.

As preces nocturnas

As preces nocturnas enviadas a destino anónimo
São breves e consumidas por um silêncio interior
De um jardim desolado, prisioneiro, meu heterónimo
Visionários devaneios mediados por lúgubre algor

Fluir da ampulheta devastando a mortalidade dos segundos
Esmorecendo na frágil moldura que subtilmente a contorna
Incontáveis retratos estilhaçados entre escombros profundos
Insciente, amarguras a vinda do tempo passante que retorna

Aos mesmos becos estreitos e escuros, enredo desconcertante
A nulificação de todas as progressões, o princípio do ser vazio
Percepciona-se pelo sombrio andar esguio e penoso semblante

Na longevidade invernal contempla-se o brotar silencioso do rio
Suas margens estas cicatrizes, imbuídas e cativas na maré cintilante
Pupilas dilatadas rumando a épocas mais semelhantes ao ledo estio

Incidência da luz oblíqua

Revelando a incidência da luz oblíqua,
Transversal no seu berço à coesão do ser,
Salgadas gotas liquidas que o estuário purifica,
Aguardas recôndita na acalmia do raro alvorecer;

Por opção saúdas o nivelado raiar solar,
Da intempérie cessada à ávida ostentação,
Dos momentos de real chuva afinal a lastimar,
Duvidavas então da tua inquestionável devoção,

Para que puro manancial a brandamente jorrar?
Ao então sentenciado à inclemência dos fracos,
Aligeirado fundo pela tenacidade do ténue ecoar

De quartos vazios, errando por infindáveis charcos,
Empório do poeta de visões estupradas em seu ressoar,
A alma permanece imobilizada entre seus sinais parcos.

: Como Perdida

Simples e singelo no seu deambular,
Surge a forma mais elementar de repousar,
Longe do devaneio mortiço, de quem é a vida?
Aqui me olvido e me dou afinal, como perdida;

Sem voz, enfrentando a voracidade dos dias,
De seu peso tão insustentável e frio lancinante,
Por punhos cerrados, engasgados em seu mutismo,
Aqui e agora me olvido e me dou afinal, como perdida.

Rosa M. Gray

por joel nachio

A Preto e Branco  

A preto e branco monocromático é a visão
Da ida do sol de e em mais um dia incompleto,
Reitera a certeza proporcionada pelo turbilhão,
Do Eu, navegante da estrada irreflectida, incerto;

Carregando o ónus descabido da mundana vivência,
Trazido no ar mas respirando um oxigénio diferente,
Inumado à nascença e olvidado à sua impaciência,
Sem textos dignificantes no silêncio afinal confidente;

De segredos dissolvidos com o encerrar da porta,
A aragem nocturna molda a face, desencontrado,
Confessando ligeiro torpor que os mortos conforta,

Alastra-se a inércia devastando o sentido de pertença,
Chave perdida nos confins do sonho e nele abdicado
Do voar lépido esquecido eis a sua pungente sentença.

Revelando

Revelando a incidência da chuva obliqua
Transversal no seu berço à coesão do ser
Salgadas lágrimas que o estuário purifica
Aguardas na acalmia o insólito do alvorecer

Por opção saúdas o nivelado raiar da lua
Liberto às navegações por ela premeditadas
Hoje aguardas a entrega que o trilho imiscua
Proteladas são as notícias e já antes viajadas

Num retrato de inocência, pré-condenado,
Estranho lhe parece o quão autêntico que o é
Encoberto no pó de segundos agora passado,

Envolto no prefácio, rumando face à maré
Entre e sobre vidros lascados enfim confinado
Perde-se a vista e até quando a sequente fé?

Imprevisto

Imprevisto o liberto esvoaçar da melodia
Na anatomia de um fantasma entreaberto,
Do fulgir vago intermitente provem a calmaria,
E o conceito de infinito é por fim descoberto;

Relegado na incerteza da breve hesitação,
Retorcido a versões de uma substância negra,
De enredo ignoto enfim purificado por ablução,
Permeado ao relento e olvidado na sua íntegra;

Anui ao quasi-humano seu repouso restante,
Exceptuando quando luz se meneia em redor,
Entrevê-se a súbita brisa através da vereda errante

Por olhos cansados, de extenso silêncio sua cor,
Espelham-se no opaco, num franzino semblante
E cintilam breves, minorados ao seu exíguo clamor.

Escape

Escape da rotina face aos dias inacabados,
Infames degraus e degraus para caminhar,
Pretos são os olhos de contornos azulados
E lúgubre o espaço entre as cores do sonhar;

Indecisão vai de mão em mão até ao nada,
A chuva incipiente molha mais do que cai,
Vagueando por um varão de uma escada
Onde o corredor é estreito e a luz se retrai;

Subtrai-se o súbito do dia e vê -se o escuro,
E é duro, contudo assim vai passando a hora,
Em busca apesar de saber que não procuro,

Da sinuosa estrada que a mente desflora;
Caminhando na algibeira a senda do impuro,
Espelho os limites da vida, refractando a aurora.

Perdão

Perdão! Vai perdendo assiduidade nestes tempos,
Braços oblongos lançam-se escamoteados na noite,
Desprovidos de rede para os apanhar em seus intentos
Em retrospectiva recluso, passada em segundos à pernoite,

Apenas um mais excerto do caminho alarve nos seus enleios,
Conceituado como subjacente de índole um pouco doente,
Com as horas a passar e sobretudo o anelar de mil anseios,
Esmorece o ânimo, esfria o corpo, de alma mais que ausente;

Entre paredes ornadas a frio, mais um nó do que o preciso,
Sobre a triste soledade, filtram-se suaves as gotas no tecto,
Inclinado sobre o abismo, além algures se encontra o paraíso!

Sentimento do poço, reclinado impotente e incompleto,
Nada no covil do homem que permita um sincero sorriso,
É impreciso o fulgurar de quem vive como um soneto.

Outros Eloquentes

Outros eloquentes hesitariam subtilmente em tal situação,
«Frases vazias, períodos inacabados e parágrafos deslocados»
Oriundas do zénite enfeixado por centelhas eis a aberração,
Sozinha à distância atenuada pelos sinuosos tão bifurcados;

Citações proferidas luzidias na comunhão com o anoitecer,
Fitado excedível de pensamentos num hiato esmorecedor,
Dissoluto em leve éter e morosamente levado a esmaecer,
Findo em breve a florífera cantiga do pictográfico esplendor

Runas pejadas de conteúdos abscondidos em substância
Viajando pelo quotidiano através de diminutivos pestilentos
Enunciem algures o valor vero, estóico de estagnada ânsia

Permitam o descanso de quem vive por olhos sonolentos
Em estado febril de momento póstumo de ultima instância
Esvaindo o precioso néctar do qual caminhamos sedentos.

Arfando

Arfando pelos poros em aguda dor acutilante,
Por quem me levou o tempo enfim embora,
Hoje rezando que o corpo pereça cintilante,
Face à indiferença dos sonhados de outrora;

Vultos esbranquiçados de quem já aqui passou,
Decalcados por detrás das cortinas esvoaçantes,
Sons rompantes de quem algures não alcançou,
O alabastro divino por mais que breves instantes;

Por chuvas vertidas de miúdas gotas floriformes,
Raios partam a sensibilidade abstrusa do firmamento,
Enquanto negrume jaz em nodulosas ondas pluriformes;

Figuras fugidias cujo intento soma-me emudecimento,
Além, suas faces desbotadas sobrevêm como disformes,
Iminência do devaneio, calam-se as vozes, surge o momento.

Dantes

Dantes coisas belas esvoaçavam castas de meu peito,
Repleto de horas e segundos mais que incompletos,
Em desfile algorítmico quaisquer vestidos a preceito,
Entre olhos esgueirados é o devaneio dos analfabetos

Sonhadores alados entrementes revelando as feridas
De pronúncia impregnada com o odor dos posteriores,
Mais que queridas, sendo estas vorazmente sentidas;
Perdido numa prisão de pensamentos e seus terrores,

Humildade é redundante por trás destes pardos edifícios,
Translúcido e aeriforme embebido num trânsito pendular,
Ignaros obedientes marchando entre seus mil e um ofícios,

Multiplicados por mil olhos apontando-me para me enfermar,
Com todos por metade e metades rasgadas em interstícios,
Quando somente a ociosa lassidão não faculta sequer o alcançar.

De Luz

De luz aprisionada nas pontas dos dedos,
Intermináveis páginas pintadas a branco;
Como um barco naufragado em rochedos
De negro absurdo ladeado em cada flanco

Escuta apurada ao silêncio da tormenta,
Ouve-se a morrinha lúgubre do lamento,
Que mais do que preencher apoquenta
De lar fraterno mas renunciado ao relento;

Tempo é o que passa tão indiferente,
Vida deslocada em torno de seu eixo,
Suplícios a conta-gotas de figura ausente;

Que nem o prostrar de relançado seixo
Em lago assimétrico de lua confidente,
Anui alívio em ócio com tons de desleixo.