sexta-feira, 27 de abril de 2012

Ensaio ao Toque do Esbelto: Neste Espaço Ocupado

Sois a chuva caindo perante a lamparina
O retoque na brisa no mundo que é lá fora,
Os restos das esquinas no que a Lua ilumina,
Aquele suspiro cúmplice do hoje e d’outrora,

Sois a abóboda celeste adornando o relento,
Singularmente ides preenchendo este espaço,
Desse esvoaçar do infindo verteis o único intento,
Deste cativo, o anseio por vosso eviterno regaço,

Neste ensaio sobre vós irei indo estação a estação
Repleto dessa beleza e claro de seu doce ardume,
Além da metade que trago, num plenário coração,

Sede em mim - no infinitésimo instante o perfume,
Vaguearei para já por cá com vosso beijo na mão,
Sendo um dia convosco o que a madrugada resume.

quinta-feira, 19 de abril de 2012

A Ema VI: O Ombro da Lua

O vosso peito é o prado do primaveril,
De idílica beleza alumiando o dia,
Até quando do orvalho chove Abril
E se envolve com o que o Ver via:

Uma chuva de estrelas sobre o peito,
A fracção de nebulosas que ela respira,
Que é pouco para me dar por satisfeito
Porém este é o ornato que Ema inspira,

Nestas saudosas horas do entardecer,
Somos o vaguear dos trilhos do precito,
Esperando o Sol para em ternura ceder

A Lua, de Ema balão para o estelar súbito…
De seu pedestal, sê em mim esse ascender,
Que seu ombro me conceda o seu plácito.

terça-feira, 3 de abril de 2012

Por Janelas de Vidros Azuis Pt. III: O Orvalhar em Anil

Amor, é esta cantiga vosso porto de abrigo?
Enlevando-se subtil pelo cais da madrugada,
Ou apenas e só mais um oaristo pelo índigo
Que se espezinha ao atravessar a calçada?

Índigo vertido em gotas numa colina azulada,
Esta é a alma que o Outono deixa para trás,
Onde a gota descalça se queda inquietada
E se reencontra enfim, reavendo a sua paz;

Queridas amadas cedei espaço ao meio lunar
E que no orvalho vossa alma seja seu lacrimar:
Este entremear às estrelas cadentes no tecto,

Confesso este anseio apontando seu trajecto,
Sei, sois o infindo, bastante mais do que mil,
Que juntas se assentam neste orvalho de anil.

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Por Janelas de Vidros Azuis Pt. II: O Ósculo das Amadas é Luz

Janelas azuis têm suspirado na brisa,
Seu sussurro tem sido o único sustento
Desse semblante que o etéreo adonisa
Com o toque do orvalho no firmamento,

De quando já não há mais toque a dar
Entre este sítio e o infindo sou o espaço,
E o ósculo se retrai se eclipsando no mar,
Quando virá num beijo o seu terno abraço?

Esta meia vida será aqui o maior instante,
A um voejar ante minha imortal amada,
Porém se sabe a vida eu sou o bastante

Para percorrer arquejante esta estrada,
Em meio eterno para já mas não obstante,
Nunca refreado ou contentando com nada!

domingo, 1 de abril de 2012

Por Janelas de Vidros Azuis: O Sussurro na Brisa

Se meus lábios fossem espelho dos vossos,
Encostado a um vidro azul seria o devaneio
De qualquer ténue latejo com seus impostos
Que em estórias se vai perdendo neste anseio,

Abram-se enfim as janelas vertendo a sua brisa,
No bom ou mau que concedam auge ao sentir,
E um dia, orvalhe na flama de tal forma precisa
Que olvide este suspirar na hora de seu existir,

Porém… que permita alcançar o eu vindoiro,
Ele que se inscreva no cerúleo em capa d’oiro,
Ornado sim a ido perfume tornado em maresia,

Que na brisa sussurrado seja definitivo esse agoiro,
Pois eventualmente voltará como uma fotografia
Relembrando o inquestionável eterno que foi um dia.