Amor, é esta cantiga vosso porto de abrigo?
Enlevando-se subtil pelo cais da madrugada,
Ou apenas e só mais um oaristo pelo índigo
Que se espezinha ao atravessar a calçada?
Índigo vertido em gotas numa colina azulada,
Esta é a alma que o Outono deixa para trás,
Onde a gota descalça se queda inquietada
E se reencontra enfim, reavendo a sua paz;
Queridas amadas cedei espaço ao meio lunar
E que no orvalho vossa alma seja seu lacrimar:
Este entremear às estrelas cadentes no tecto,
Confesso este anseio apontando seu trajecto,
Sei, sois o infindo, bastante mais do que mil,
Que juntas se assentam neste orvalho de anil.