segunda-feira, 23 de julho de 2012

Por Janelas de Vidros Azuis Pt. IV: Vertendo o Olhar

Ema tem-se vertido através deste olhar,
Enquanto no firmamento o seu pó alastro
Silenciando desta passeata o caminhar
E passando-se este trilho sem deixar rasto,

Quais palavras exprimirão o estro poético?
Apenas uma ou duas andam por lá perto
Porém esse olhar ainda encerra o ascético
Outrora e um dia beijaram de Ver desperto,

E o que há ficado para além deste papiro
Sempre tão simples sob fugidias nebulosas?
Ainda relembra a luzência daquele seu respiro

Que eram cores de pincéis e rosas em prosas,
Vertidas por este diligente olhar num suspiro
Sob a sua sombra e além das galáxias mimosas.

domingo, 22 de julho de 2012

Ao Sol Pt. II: E ao Voo de Ícaro

Quando Abril passa de mês a estação
Acena-se de longe, ao perto, a despedida
Revelando mais do que pode uma mera mão:
As metades encetadas e os fragmentos da vida.

Neste aqui, o intervalo entre o final e a partida,
Parecido com o mais longo suspiro dado ao vento
Que na iris é uma multitude de cores reflectida,
É a Alma que do reflectido é pincel e sustento,

O contrário do céptico e do idealista sou eu,
Sou amanhã, um dia, o que outro dia alcança
Libertai-me do que a brisa a este ouvido cedeu

Ao sol e ao voo de Ícaro sentenciado como réu,
Com esta crença de que nesta Vida tudo passa
Exceptuando os instantes em que fomos no céu.

A Ambivalência: Deste Sentir

É… Isto que mais adoece do que cura
Não deve ser Amor, deve ser loucura
Sim claro, há sem dúvida que acreditar
Porém esta crença de tão grande que é,

Perdeu-se do real, nem é salutar até.
A ambivalência deste sentir é o beijar
Pois algures a sua cura ainda repoisa,
Como se precisássemos da única coisa

Que não podemos de todo encontrar,
E esse é o caos silencioso neste palpitar
Meio ténue, meio atroante e tão, tão vago,

Não há fuga possível nem tão pouco socorro,
Pois por ela vou vivendo e ainda por ela morro
Nesta outra metade viva que mata e em mim trago.

quinta-feira, 19 de julho de 2012

Viagens Pt. II: Pelo Trilho das Nebulosas

Aqui temos acordado para outros dias
E o deslizar dessa ténue e veloz passagem
É sempre novo, o reencontro de melodias
Livres que da Inteira nebulosa são: a Viagem

(Para) Quem ousa sonhar e navegar o barquinho
E aos parados e por água isolados como ilhéus,
Partilhem Amor irmãos - a singeleza do caminho,
Ao toque de uma mão vão-se as nuvens dos céus

Pois dos achados e perdidos resta apenas esse eu
Que é a significação do dia, a marca no tempo
Naquilo que foi retido e também no que se deu,

Sorriam sim e o tempo laurear-se-á em luz e alento,
Nos sóis inspirados da harmonia das cordas de Orfeu,
Não ouçam, escutem… vossas pegadas legadas ao vento.

                                                        *(Somos a nossa Própria Viagem)

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Esta Solidão: Simplesmente é à Distância do Mundo

Esta solidão é perfeitamente esculpida,
Sem donzelas ou amadas neste coração
Resta o brilho estelar que sempre convida
Ao que sobra para além da sua terna mão,

Suspiro seu nome quando no aqui não sou,
Tragam flores para quem no eterno repousa,
Pois esse mesmo suspiro neste nada cessou
Perecendo no que este Amor sentido alousa:

Este constante evitar o que o comum torna,
É a perfeita moldura para esta tida solidão
Porém há que voltar ao que o olhar adorna

A brisa enlevando-se em dentes-de-leão,
À sua distância, apenas por vós, luz retorna
Portanto por favor não me leveis a mal não.

sábado, 7 de julho de 2012

O Sonho Pt. III: O Acordar

Havia sonhado com ela através de espelhos,
Ao acordar, o mundo tinha-se enfim mudado
No céu surgiam sete distintos tons de vermelhos,
Esmorecendo o dia, o seu Ver havia silenciado;

Então, em páginas azuis vertia-se seu olhar
Era ela o dente-de-leão soprado à maresia
Errando viandante pelas ondas daquele mar,
Em cores sentidas por Ema, essa doce elísia

Que ao passar das brisas e das tempestades
Se ia transfigurando pelo périplo do Sonho
Por miríades achadas passado mil metades

E a essa passagem era também eu suponho,
Até este sentir de segundos eus saudades,
Neste alvorecer meio alegre, meio tristonho.

quinta-feira, 5 de julho de 2012

O Sonho Pt. II: Entre o Aqui e o Universo

Entre o ponto que cada um ocupa
E o meio e o final deste vasto Universo,
Estão todos os sonhos que em catadupa
Despontam para lá do céu e do adverso,

Fora da jaula, de janelas e portas bem abertas,
Até quando a melhor nódoa cai no pior pano,
Há uma estória a contar por parte dos poetas
Transpondo-se para lá do meramente humano,

Que ouçam, sintam e falem através da vista,
Será o mais perto que estarão do que é Deus,
Que digam que são no que é e que em si exista

Alguma tela ou papel para trazer algo dos céus,
E noutras peças deste enigma de pista em pista
Se erijam e recriem as pontes entre vós - os ilhéus.