segunda-feira, 20 de setembro de 2021

Mil E Uma Fontes

A Primavera é esta pétala que trago na mão, 
De fragrância forte e aberta para o nascente, 
Tem a asa ferida, mas voa sem temer o chão,
É vela ao vento, um ângulo do Sol crescente,

E vão passando as estações, vem a alvorada,
A maré é a corrente de um sono em quietude
Onde sozinho caminho esse trilho, essa estrada,
Por acreditar que no centro é que está a virtude!

Esvoaçam as nuvens num dia feito de frialdade, 
A vida é vagante, espuma à tona de uma praia
Onde um dia nos afogámos, mas... aqui há beldade,

No rosto pintado de pássaros largados aos horizontes,
O fluído de uma existência enraizada que desmaia,
Que é sede no viandante, que é suas mil e umas fontes.


domingo, 19 de setembro de 2021

O Pedaço de Vida

Eu não sou o mesmo, mudou de sítio o coração,
Mil e uma vozes soam igualmente nesta cabeça,
A tristeza é mulher, a chuva é lágrima no pulmão,
Demora-me a verdade, e demora-me que aconteça

A Vida, pois a solidão amedronta, é rareamento,
É um dia escuro, estação a estação, desmaia o sol,
E assim cerro o olhar a nublando o discernimento
Pois eu amei, muito mais do que podia, cai no anzol

Que é do peito, infinito, e vai a noite alta mas a tua falta
É escassez de água, é areia na língua, beijo nas rochas, 
De mãos nos olhos a Lua fraca que este instante enalta,

Por só pretender querer ser feliz nesta estrada tão branca, 
Este caminho é tão sozinho a percorrer, sem luz de tochas
Apenas procuro o pedaço de Vida que esta ferida estanca.

segunda-feira, 13 de setembro de 2021

A Todo E Qualquer Amador

Aqui faz trevas, e vem toda uma solidão, 
Com tanto frio, tanto vazio, porém vontade
De ser igual ao que bate alado neste coração, 
Que vem e porém fica cortado por uma metade,

Estes lábios ainda tremem por uma resolução, 
As minhas mãos vão indo, indo e vacilando,
Inconscientes de que está para vir a revolução
Das mentes devaneadoras que se vão a si rascunhando,

Pois nem eu com cobertores sobre esta minha cabeça
Me esconderei da libertação que é do pós-remador,
Assim fecho os olhos e vou, aconteça o que aconteça

Porque do céu nos vertemos, o Pai será nosso legitimador!
Somos um exército de sonhadores, a terra que estremeça!
Esta é a simples trova dedicada a todo e qualquer amador.