quinta-feira, 22 de maio de 2014

Entre Margens Pt. II: O Sítio Nenhum, Perto de Nada

Achem-me em sitio nenhum perto de nada,
A fazer pouco ou o que resta não ser feito,
Perdi-vos atrás, nas sinuosidades da estrada,
Através do esgar deste amor-próprio contrafeito,

Vós, vozes largadas pelo serafim ao se erguer
Pelos sítios pequeninos onde ninguém vai,
Por onde nada se faz ou se pensa em fazer
Por aqui, onde até o filho se estranha do pai

Vão-se esquecendo os solavancos da berma,
O passado lembrado e o futuro não pensado,
Levando a Vida quase morto por vista enferma…

Qual foi o motivo da partida? Quando chegarei?
Quando estamos sem estar face ao almejado
Quanto cansa o caminho ou o quanto o esperei.

domingo, 4 de maio de 2014

Entre Margens: Sem Rumo

Estas crianças que vou deixando para trás,
Partirei em breve, estou em perigo mortal,
O crepúsculo envolverá a luz das manhãs
E beijá-las é o apetecer até à aurora boreal,

Que sem pernas vai caminhando sem rumo,
Por onde o horizonte nem sequer o alcança,
Aonde vai? Por onde atrás se torne em fumo,
Quando nem para trás ou a frente avança,

Entre margens, entre bermas onde ecoam
Suas mil caras, suas milhentas expressões,
Eis que essas porções já quase não soam

Pois este perfil torna-se sempre no distante,
Vejam o viandante, ouçam suas canções,
Enquanto se vai, perdendo-se no instante.