terça-feira, 20 de abril de 2010

Perseguida por uma Sombra II

Perseguida por uma Sombra II

A inocência corroída, consumida em recanto perdido,
Jazendo em fatigada estadia, quão delicada sua queda,
Enovelada pelo deslize, enfim carente de fulcral sentido,
Singular beldade, esmorecida ao torpor que lesto envereda;

O destino cerrado, a derradeira aprendizagem a enfim somar,
Algures eram oferecidos sorrisos, perenemente desmedidos,
Estilhaçado na vereda do sono desprovido de sonho, sem amar,
Mendigando beijos por desejos, no alcatrão é vê-los reflectidos;

Destituídos de precisos intentos, itinerante é o deambular,
Relido ao ínfimo pormenor e abdicado sem o mínimo pudor,
Esquece-se a linha entretecida e esvaece-se o ser singular,
O frio absconso suavemente imerso em indiferente langor;

Sobrevém o inesperado, acerca-se extinto da sua locução,
Súmulas influídas no, sempre, ecoando entre corredores,
Algumas brumas compiladas, abreviadas à sua indecisão,
Incidem a um breve silêncio interior, asfixiam seus valores;

Quem nem asas de Ícaro, premeditado e ao vazio enviado,
A recorrência do desígnio, intermitentemente refulgido,
Inerte e parado instante, o ser inevitável e inerente adiado,
No sono embalado e nele o percurso latente dum foragido,

Cujas madrugadas esvoaçam na insónia da noite anterior,
E suas memórias, por liame vinculadas, (oh) como sois postergadas
Ao fundo do poeirento baú, este precedente ao nível inferior,
Como o perto se traslada no longínquo, as viagens em inacabadas,

Soando a indeferido, em relance por sua quebrada metade,
Recalcando o vazio, buscando o antídoto esperado no além,
Arrítmico, oco em dúvida e em murmúrios de insanidade,
Por veias espelhando adagas e de esvaídas recusas refém;

Em movimento estagnado, acossado em penumbra pela estático,
Envolto no vil ardor da doce melodia, por beleza mais ensombrado
Sincope vital de embalamento grisalho, de pressuposto tão errático,
Esbanjado pelo caminhar de toda uma Vida e por Ela defraudado;

Desflorado pela beldade acre da luz, estilhaçada no asfalto,
Devo ter visto umas mil caras reflectidas na estrada forasteira,
Jamais devo ter visto uma verdadeira expressão neste sobressalto,
Aluído ao instante passageiro, quando partir, sepultem-me em poeira.

… por todo o meu am*r por todas as coisas vivas…
(escolho morrer)

- Hoje senti a mágoa de uma rosa.

Rosa M. Gray com N. Ego
por joel nachio