Perseguida por uma Sombra
A Beleza de um olhar efémero emana a luz
Da inconstância muda da rotação do mundo,
Filado pelo ímpeto que num momento seduz,
Por um segundo, imbuído em algo profundo;
Ansiando por uma última réstia de ar impuro,
Insufla-me a leveza rara do sopro da morte,
Descuida o caminho tragado no cárcere escuro,
Hoje lar cativo por suspiros perecidos do consorte;
Seremos todos os instantes tingidos por nada,
E neles, todos os recantos revistos e redecorados
Para que mais do que uma grande final gargalhada?
No espelho de um semblante pelo vil tempo ornados,
E o que este acarreta: contusões e mágoas a mais,
Sem o devido sossego, nem lugar onde repousar,
Entre o caminho entrelinhado e outras viagens tais,
Desprovido de sorriso ou vera beleza para contemplar;
Intransponível a quem o vê, o olhar torna-se opaco,
Indistinto pelo desgaste de outrora não ter sido cego,
Enredando a ternura das cores vivas em hirto retrato
Emergente de névoas vindas dos cantos do desassossego
Procurando o dia, aquele que subtil embala o horizonte,
Apesar, de na sombra desta ilustre e pálida companhia,
Respirando a Falta, que a condição entorpeça e afronte,
As fundações do Éter, liquefeito em fragilizada poesia;
“’Confusão: Será o meu epitáfio’ – enquanto quietude
Sonegar estes ululados” não haverá plangência por ruído;
A nostalgia do imanente refreia-se nesta decrépita finitude,
Soprada pela brisa, riacho ditada ao vazio, eis-me afluído
De refugos de beleza na imundice deste fôlego lacónico,
Resta esta ode ao Sono, insuflando por vestígios recentes
Dos ermos desolados, vigentes nos espíritos do afónico,
Outrora povoados, repletos e matizados de cores luzentes;
Silencio dactilografado, em recuo exclamado ao nocturno,
Fortuito refúgio, ao acaso mortiço inertemente renunciado,
Do medo à preguiça, privando com o absentismo taciturno,
Aos reflexos dos seus fragmentos restantes compendiado;
Rosa M. Gray
por joel nachio
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