domingo, 26 de dezembro de 2010

…ora trazida no olhar: A neblina… Pt.I

A neblina ora trazida no olhar, é apenas igual a si mesma,
Fruto da morte que permanecerá igual ao seu nascimento,
A inocência na pureza, sentença e jazigo de rosa aventesma,
O indistinto perante o inofensivo caminhar, a ausência de intento

As pegadas, iterações no real, na diferença provem a desistência,
Indiferente aos olhos da tida como esbelta, recaí a fatiga da espera,
As flores oriundas do madrigal revestido, são no espectro transparência,
Atravessada, por duplos punhais, indeferida remessa que aqui exaspera,

De neves e frialdade encoberto face à instigação do soalheiro abismo,
Desbotado ao rigor Invernal, é mais do que queda, é subtracção de luz,
O tormento do tido como Belo, atormenta, é pincel lírico em surrealismo,
A perda é prenunciada na temida reciprocidade do olhar que tremeluz

O abstracto sentimental, irracional perscrutando mapas azuis de Vida,
Na inexistência destes, remetendo os pés à estrada, ponto final parágrafo,
Estranha forma esta de estar, retendo o fôlego na inexistência de luz retida
A de temer o medo e contudo senti-lo intenso, é a sonolência do sonígrafo, 

A errónea descrição onírica, torna-se a companhia para caminhar,
Cessando-se ao ruído de fundo, cedem em sucessão os dias outonais,
Carenciadas de cetim e veludo, estas mãos, do semblante que restar
Vão-se emaciando e no espelho observando as penumbras espectrais,

Sabem meus nomes, o sentir a essência da palavra, o Todo suportado,
Pelos poucos que albergam, concedam a este tumulo envolto ao peito,
A flor que floresça para lá do Céu, algo de único, além do premeditado,
Do altivo eirado a terra esbatida a régua e esquadro, terei então impar leito

Um abrigo sim, mas não para o errante sol ou para a precipitada chuva,
Mas do sentir tragado diariamente pelo banalmente vulgar e igual ao comum,
Os prazeres e deleites que pronunciam placebos à alma, a tortuosa contracurva,
E resvala, na agonia e tormento que se repercute nesta falta de alento. Um

Na espera desesperançada, pintor orbital solitário de grinalda cinza colorida,
Oh, houvesse flor mais esbelta do que esta que trago para ofertar no coreto
Onírico, alcançável através de olhar semicerrado a vista é enfim reflorescida,
Em recesso gradiente ornado, lembrando as orlas do estio, inverso ao concreto.

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