O espelho partido consciente por onde passo descalço,
Entorna-se nestes corredores a mármore revestidos,
Damos a nossa vida por uma revolução em doce percalço,
Que não acontece, somos a penúria de dois corpos despidos,
E quando olho para trás ainda vejo a sua mão na minha,
Aonde se vai e se quebra, novamente, o quebrado coração,
Pois ensombrado por uma gentil voz que ainda me encaminha,
E sublinha-se a negrito, encaminhado assim numa eterna monção,
E onde sepulcros se erguem, berços choram, é a triste realidade,
Pois permaneço onde estava, não caminho ainda de facto adiante,
Onde amor foi investido não foi capitalizado em total reciprocidade,
Encurralado entre o ontem e o amanhã, isto dentro de mim é vazio,
Como a beleza facilmente se torna em tristeza, é um mero instante,
A retribuição, obliterada, os lençóis amarrotados, tenho tanto frio...
Blog do músico e poeta português Joel Nachio onde este vai escrevendo e reunindo escritos poéticos.Tal como as músicas são compostos de forma única a partir do mais sublime reflexo, em retoque, do seu sentimento e poesia. Alguns poemas já pertencentes a livros, outros ainda "frescos" e originais no website...
quinta-feira, 16 de janeiro de 2025
Ausência - Entre Ontem e Amanhã
quinta-feira, 2 de janeiro de 2025
As Pessoas Que Vivem No Nevoeiro
Há pessoas que vivem a vida inteira no nevoeiro,
Sem perceber de todo de que há vida fora dele,
Trilham caminho tal cigarro poisado em cinzeiro,
Longe da sua dádiva, sendo só esqueleto sob a pele,
Há pessoas que vivem a vida inteira no nevoeiro,
Cobrindo a face do céu, medicadas e de cinto apertado,
Enquanto resquícios delas se acumulam em vil bueiro,
Até que o mundo lhes vai levando todo e qualquer bocado,
Acredito que estas tumbas são mais para os vivos apropriadas,
Essa é a maldição dos homens de si para sempre perdidos,
Uma festa de pijama estática de mil vontades quebradas,
Gritos suspensos, respirando sob a água, roubados de intento!
Pacatas e com as mãos sobre a boca, por névoa envolvidos,
Estas sãos as pessoas não vivas e este é o seu destino lazarento.
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