Este outono é fértil: as folhas caem, nutrindo raízes,
A linguagem profunda do olhar entre dois amantes;
O belo do instante onde se curam antigas cicatrizes,
Esse é o silêncio e a constância, mesmo que distantes,
Aceitação do impermanente traz cuidado e maturidade,
Retorno ao sítio de partida, pois um dia todos voltamos;
É o ósculo partilhado com presença e cumplicidade,
Chega, eventualmente, a altura de partir — pois partamos,
E saibamos chegar ao gesto mínimo, à canção de outrora,
Em toque contido, dilatemos o momento, morro abaixo,
Pois nesta respiração partilhada algures desponta a aurora,
Então há proximidade com o Cosmos, com o Universo,
Vagueando assim entre uma terra alta e um céu baixo,
Poeira dourada jorrando num ver — esse é o único verso.