terça-feira, 18 de novembro de 2025

Elegia ao Amor Extinto

Aqui renuncio ao Amor; enfim, morro resignado,
Tão vulnerável, em descompasso e de veias vazias.
Estação abandonada — o pouco e o nada caminhado
Basta às estrelas extintas, que há muito jazem frias.

São flores a murchar, são pontes a desmoronar,
É o lume que se apaga num tempo a se extinguir.
Não há esperança: é efémera e torna a se apagar;
Fragmenta-se o desalento — e não há por onde ir.

Despeço-me do horizonte que asas outrora me deu;
Venham as cinzas do inverno, o silêncio de um hiato,
E venha a noite eterna a vestir-me de negro, Orfeu.

Dá-me a mão — não me deixes, no breu e no desfecho.
Adeus à pertença. Rascunha-me o semblante num retrato
De giz; esta ausência é nossa — e este pedaço, nosso trecho.

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