Só reconto à noite e ao céu estrelado,
Delineio com o olhar o teu contorno,
Elas azuis são o sonho desmoronado
E eu em mim o ponto sem retorno,
Sabes por acaso quantas vezes te vi a dormir,
Em paz, suave, descansada para o mundo?
Agora que não partilhamos o mesmo sorrir
Como poderei ver-te só por mais um segundo?
Não sei, tudo parece guerra sem tréguas,
Instante não merecido, história inventada,
E agora que me perco longe a mil léguas
Apenas penso na saudade de outros tempos
Onde o sempre era possível e o tudo e o nada
E sua sublimidade não era levada pelos ventos.