Advim de um prado almargeado, propriedade do Pai de Deus
De meu nascimento nada relembro, mas recordo que algures morri
Sem nunca realmente existir, somente entre margens, entre vales
Sem reencontro possível, por isso vagueio silenciosamente
Estes corredores, e destas ruas fiz minha residência errante
E todos vêem através de mim, sem nunca realmente me verem
Não dignificam um vislumbre do jardim de Deus, mas outros há
Cuja partilha cerúlea era todo o sonho que pretendia alguma vez sonhar
Raramente sossego, nunca durmo, vagueio acordada em sonhos imanentes
Alcançando o sensismo como fonte impulsora, sem o conseguir sentir
por completo, pois cada fragmento de seu vidro, é um pedacinho meu.
O anacrónico sofista que me gerou, amaldiçoo o dia em que me criou
Forjando meu sentir por todo o esplendor que presumia ser nosso
E me impôs a aplicação da palavra *eu* por ter consciência de mim
Quando tudo o que ansiava, era nunca ter acordado num idílio limbónico
E continuar a adormecer constantemente em meu único sono
(aquele que só termina com o enfático renascimento)
“quebrei meu vidro, não acreditei no que nele vi
os fragmentos serão os vossos Rosa”
Rosa M. Gray citando N. Ego
por joel nachio
Sem comentários:
Enviar um comentário
Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.