segunda-feira, 29 de junho de 2009

Eis-nos…

Eis-nos novamente os três, enfim, sozinhos
Vaga memória em mão, sitiada em andamento
Correntes possantes prostram paladares de elegia
Incessante inadaptação – sono – puff, foi-se a alegria

Há nós os três, novamente reclusos e perfurados
Não aborrecidos nem conturbados, mais liquidos
Que poetas de escrita corrida, haja paz em vermelho
Gotículas de sonhos profanados, o adeus do espelho

Do Medo, nosso mestre na inquietude vil do tempo
Razões sombrias, hora que resfria, sem real intento
Ouvindo, não escutando, não pertenceis nestes aquis
Sentindo, não caminhando, errante entre não sentis

O algor carpido que se esgueira pela opaca vidraça
Em contexto erróneo, rebatido no ridículo anónimo
Verte inúmeras falácias, em redor a rede se enlaça
Evidenciam-se as vozes expressas pelo criptónimo
O percurso é resto, indigno de perscrução atenta
A apreensão é muita e mais que enlevar, desalenta

Mais que um momento, pertencente ao Sr. Tempo
Nosso por inteiro, sendo gentil enteado, vil rameiro
Sem simplicidade, emaranhado no muy complicado
Rebaixado ao acaso, à probabilidade do estado
Raquítico de índole, crítico ao revés da moeda
Dormência do sonolento em buliçosa queda
Correndo onde não se encontra, o sonho tardio
Recesso em Inverno primaveril, outonal estio
Novamente o clima estiolado surge no aberto
Horizontal monómio, honrando os que dormem
Portador do sorriso disforme e o mirar irrequieto

Em constante mutação, a indefinida ostentação
Com amiúde, surgem suas silhuetas à espreita
Do descuidado transeunte, onerado pela pulsação
Encetada a pureza, golpeada de sanguínea colheita
Como apenas a beleza prostrada em joelhos sabe
A mente que sofra, o sentir cesse e o mundo desabe

Pois há vezes que viver é sal em apostema aberto
Onde o sonho fenece e o cenário se imbui de enxofre
Sem segundos cativos para concretizar o ser liberto
De trama desfiada, novelo estirado como quem sofre
Em tempo pré-recordado de e em subtil estratificação
Nem ruído vale, aquando o estagnar da auto-realização


É a censura pré-homologada: a do Viver abstinente
Culpo sim, esta presença ausente, o coraçao batente
De porta renunciada, esta estima consumista de ar.
Vai-se o oxigénio, fica o resto para enfim respirar
O onús da mente esquiva, do pensamento inapto
Da ânsia pela sedimentação, em horizontal substrato
Assunção rejeita a incredulidade do exímio descrente
Outrora doente, agora provavelmente apenas incoerente
[Pueril e asqueroso, os vasos que transportam néctar]
Este corpo dejecta Vida, cauteriza a insanável ferida
Habitante da vala comum em caminhada abstraída
Enfartado por ambrósia pútrida, como decaem os divos
Das altas poltronas estelares, em somatórios subtractivos
Fica o vazio liberto de profundidades - o não ar
Na estranheza da alongada permanência - a oxidar

Ficam as impressões do quem escutou estrelas cair
Abatido no enegrecido, ciente que a terra há-de cobrir
As ilustrações pictográficas em relevos acidentados
Soam a promessas eternas sobre textos ensaiados
Em esperaça anódina, mas sobretudo sinónima
De contusões e confusões, unidas na vertente
Respirar faz bem e recomenda-se a boa gente
Nosso barquito vai navegando na sua presença
Seu desvelo minha maior sorte: anti-doença

N. Ego
por joel nachio

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