segunda-feira, 29 de junho de 2009

Banhando…

Banhando o rio no estagnado corpo
E absorto, anuí à voluptuosidade da maré
Sei que em breve, respirarei da água do mar,
Alcançada pela queda no abismo da arcada Sé

Sorverei a alma sob a feição da díspar voz
Indagando a presença do, Não, saber ser,
Bonificada com o além do jamais ter sido,
Exíguo ou parcimonioso no enleio da foz,
Inundações afluem por pouco poder conter.

O passado cantante alargava a vista febril
E sob o céu de pirilampos, o Eu era mais,
Contendo estrelas e todo o redor do horizonte,
Em silêncio áureo tecido em harmonia varonil
E ele, apesar de não existir, era então meu cais.

Meia-noite outonal lancetando o breve lampejo,
Esse lampejo, foi o único momento em que fui,
Cómodo sono não surgirás mais cedo que o último,
Revelando o traço incontido de lúgubre sobejo
Soluçando teu abandono, como a alva noite evolui

A neve sofre de sobre sensibilidade confusa
Vendo o árduo e longo caminho esperançando
Para no ansiado contacto com o solo se dissipar
Sentimento verosímil afigurando-se da luz difusa
Isso sim oh insensíveis, paixão por cada poro arfando!

Maldigam-me pois padeço do mal dos sonhadores
Não ser, todavia evocar-me com primeiras pessoas
Aludindo imprecisões como a incipiente chuva matinal
Arauto sem remetente, abalroando ladrilhos em arredores
Sobre as cabeças arcadas enfeitando como espinhosas coroas

Nelas haviam cores repletas de alada imaginação
Sacro segredo da terna inocência do sempre ausente
Enlevada na terna criança e nos seus audazes caprichos
Escutai-a, a pureza exubera em seu lépido coração
Em doce improviso, afastada de perversos cochichos

O mundo é uma cela demasiado (tão!) estreita
Com bramidos sufocantes dos alongados na espera
Eu costumava brincar aqui quando era mais pequenina
Envolta em cobertores constelados de candidez liquefeita
O fim do tempo, peito de cantigas de omissa quimera

Elidida pela passagem temporal de aconchego tácito
(Des)Ordinária por comparação ao expansivo vulgo vulgar
Carnaval de máscaras e dedos dirigidos ao esquivo esquizóide
Tochas hasteadas do nome enegrecido pelo acto clássico
Aquietada, pela canção lesta da onda, na terna rocha do mar

A maldição de sentir a essência da palavra
A longitude do dia arrasta a saudade do rio
Latejos de tempos em que era muito menos
Mas tinha muito mais, que um oco, búzio vazio

Rosa M. Gray
por joel nachio

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