Num amor que ficou entre linhas que não foram escritas,
Ouçam esta voz que ecoa dentre o silêncio por si contida,
Sozinho numa multidão sem rosto, as lembranças subscritas,
O ar rarefeito após um adeus, há uma lágrima nunca vertida,
Por um espelho que se recusa a devolver o reflexo do poeta,
Libertai-o com esse sorriso, tão leve é a flor ao céu remetida,
Isto é o que os sonhos dizem quando ninguém escuta a borboleta
Esvoejar, é preciso, há eternidade encerrada na infinidade de uma pausa,
E há presenças dos ausentes nos lugares vazios que deixaram para trás,
Um brinde ao que sobra quando ninguém está a ver, um brinde à causa,
Somos estranhos no próprio corpo, esta inquietação é estado natural,
A linguagem dos gestos interrompidos na espera por novas manhãs,
Enquanto o ontem ainda respira numa espera nesta paisagem pictural.