Veio a saudade de quem não vem,
A ânsia de quem nunca bem esteve,
É a vida a não perguntar a quem
É o homem que nada tem e tudo deve,
Veio o querer tão, tão não querido,
Que é meia vida logo é inteira morte,
A eterna dúvida de se se há vivido,
Só aos mortos está reservada tal sorte,
Veio a dor de barriga, a ânsia aguerrida,
O caroço na garganta, o suor na testa,
De qual simpatia a vida se tem sofrida
Abafada pelo clamor da aparente festa
É o medo a matar, o início da despedida
O fragmento que só a confusão empresta.