Um poema incompleto para quem incompleto está,
Passam as estações e o vento leva-nos por onde vai,
Tenho indo e tenho ficado andando imóvel cá e lá,
Só tenho sofrido e tido prazer que só vós sonhais,
Tenho mil e uma cicatrizes que se tornam feridas,
Não tenho percurso volante por onde possa andar,
E de todas estas mil chegadas, destas mil partidas
Não faço ideia de onde posso realmente estar,
E tenho saudades de coisas não humanas, algo maior,
Da sua mão na minha, música, palavras de veludo,
Era quando sorria face à lamparina de candor
Que sabia não ter nada contudo sentia ter tudo,
Quando morrer, enterrem-me em pó - meu amor,
Pelo menos dessa forma mais ninguém desiludo.