Pintava-se uma sombra no regaço
Ia-se esperando pela hora de viver,
Sorrindo escondendo o cansaço
Do ignorar o pelo quê morrer,
Pálpebras pesadas feitas de chumbo
E a noite que teimava em não poisar,
Por ela me findo e nela sucumbo
Neste insano e louco inferno de amar,
Era ela então tão escura e tão triste,
Passava-lhe as mãos pelos cabelos
E era como se nada mais existisse,
Recriava enfim no ar enormes castelos,
E gritava sem que ninguém ouvisse
Ao som inarmónico de violoncelos.