sexta-feira, 21 de agosto de 2020

O Bêbedo e o Poeta

És tu o bêbedo e pedinte dos sonhos penhorados,
De corpo deambulado, serves para varrer as vielas,
Passas por mim e nem me vês, sou rostos inacabados,
E tu esgueirando à esquina, nasceste para morrer nelas,

És tu o pobre sem-abrigo das longas vidas procrastinadas,
De face gasta e rugas densas, atendes o meu falecimento,
Sem rendimento, sem vontade de viver as horas inacabadas
Onde foste perdição do ego, vício e falta de discernimento,

Todo o dia é outro dia regido por Baco e a sua sofreguidão,
Bebendo a garrafa até o meu reflexo por fim desaparecer,
Afastado o retiro, próximo do seguinte copo mera distracção

Para a ausência de ser gente, a negligente troca por morte,
Felizmente são apenas mais uns meses até enfim morrer,
Por fim bastam migalhas no chão à inexistência de sorte.


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