sexta-feira, 17 de julho de 2020

Eu - A Cura e a Doença

Sim, sim sou eu, sou o Doutor e o paciente, 
Eu sou a parte da cura e o bocado da doença, 
Outorgante do comité do Sr. ministro e o utente, 
Preciso de algo para me deixar ir, a droga, a crença,

A paranóia é a vidraça quebrada de quem não sabe olhar, 
Quando não basta bastar, quando falta poesia no tocar, 
Fica a máquina parecendo humana, a ausência de poesia, 
Não confere porto de abrigo, lugar de passagem, magia, 

É a carência por algo impossível de algum dia alcançar, 
É a querença por um pouco mais, envolvido na pulsação, 
Pois esta vontade é de facto o querer ir mais longe, o ir buscar

O espaço perdido entre o caminho, a parte que me deixa sozinho, 
A fagulha esquecida pelo Homem que sustentava o seu coração, 
Por isso a procuro, sustenho e a partilho com quem é aqui vizinho.

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