quinta-feira, 11 de abril de 2019

A Cidade a Matar o Sonhador

Pizarro matou Inti e com ele todos os filhos do Sol,
O mundo escalavrou-se e em chamas se envolveu,
Oferecendo uma serenata em segunda mão tal anzol
Para quem anseia amor mais do que a si e alfim morreu,

Escravos para o relógio, fantasmas cinco dias por semana,
O Sonho adormeceu e à realidade cedeu para por aqui ficar,
É este cinzento citadino a envolver os ósculos de porcelana,
Quebrando-se, um a um, esquecemo-nos o quê é que é amar,

Civilização é aberração, os pais são meninos ainda por nascer,
Procurando luz onde feneceu o grão estelar que um dia brilhou,
A vida deveria ser tanto, tanto mais do que o simplesmente viver,

Por onde passo suspiram os outros que por aqui jamais passaram,
Estas ruas são mesmo ladrilhadas por quem por aqui jamais ecoou
E eu, somente um estranho familiar cujos dias nunca começaram.

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