O espelho tem duas faces, só um rosto,
Cicatrizes e a sua beleza, olhos de poeta
Que desvanecem no horizonte tal encosto
Para o ainda não visto ou tirado da gaveta,
Nunca verão pelo olhar de um poeta enfim,
Desejamos contra desejos esperançados,
Brilhamos apagados e extintos em mim
Enquanto por nós algures somos esperados,
Sonhamos com o não sonhado a traço impreciso
E quando acordámos somos rosto sem face,
Não acordados sempre procurando o paraíso
Na moldura que não dorme, deixem-me ir
Pretendo ser uno nesse derradeiro enlace
Sentirei enfim neste não saber o que sentir.