Os escritos interiores das pálpebras são o Sonho, o Pensar,
É insone aquele que não despertado para o sonho
Passa toda uma vida alheado por seu próprio passar,
Pensando no pensar e pensando sonhar ser risonho
Pois quem não imagina estar acordado no nevoeiro
Semicerrado e por ele cercado? Quem não imagina
Imaginar ter luz no olhar que nem um altivo candeeiro
Quando por ela é cegado e encoberto por neblina?
Que por vezes ensina que a cinza é o breve meio-termo
E de quem é o não ser, apresento-vos: o louco insano
Sonhando e sonhando, louco e por sua ausência enfermo,
E ambos ausentes do tido como real, nenhum é humano
Pois nenhum recuperou do éter e plantou aqui seu termo
No jardim terrestre num derradeiro brinde ao desengano!